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Ex-procurador diz acreditar nas acusações de abuso contra Woody Allen

Woody Allen durante o 69° Festival de Cannes, em 2016 - Valery Hache/AFP
Woody Allen durante o 69° Festival de Cannes, em 2016 Imagem: Valery Hache/AFP

Colaboração para o Splash, em São Paulo

18/03/2021 07h18

Frank Marco, ex-promotor de justiça do estado de Connecticut, explicou os motivos pelos quais acredita nas acusações que Dylan Farrow, filha de Woody Allen e Mia Farrow, nas quais ela diz ter sido abusada sexualmente pelo pai.

Marco foi o responsável pela investigação no caso, que aconteceu no começo dos anos 90. "Eu acredito nela", disse o ex-promotor em entrevista para a "People". "Desafio qualquer um a provar que a Mia Farrow controlava aquela criança a esse ponto. Se você assistir às gravações com ela e observar como ela fala, aquelas não são palavras de uma criança que está sendo manipulada ou controlada pela mãe", complementou, citando a teoria da defesa de Allen de que Mia Farrow convenceu a filha de que o abuso aconteceu.

Quando era o responsável pelas investigações, Marco não colheu depoimento de Dylan por acreditar que ela ficaria intimidada com a situação, e acabasse tirando as acusações contra Woody. Sem provas de que o crime aconteceu, o caso foi encerrado pela justiça local. Marco, no entanto, tem convicção de que o cineasta é culpado.

"Sempre vi a Mia como uma mãe preocupada. Cabe ao público chegar a conclusões. Por que acreditar na Dylan? Assistam às gravações. Aí me digam. Em quem você acredita?", questionou ele, citando o documentário em quatro partes "Allen vs Farrow", exibido pela HBO americana em quatro partes.

Em seguida, relembrou seu primeiro contato com Dylan e a reação da menina, hoje com 35 anos, quando precisou depor. "Ela estava completamente ausente, com a face congelada e sem nenhuma disposição de falar comigo. Ela poderia viver o resto da vida sabendo que teve a chance dela, mas congelou na corte e por isso foi descreditada".

Marco também falou sobre como foi o encontro com Dylan, no ano passado, para as gravações do documentário. "Ela me disse: 'Eu me culpo, não fui forte o suficiente'. E falei com ela: 'Dylan, não quero nunca mais ouvir isso de você. Você era uma criança. Culpe a mim. Fui eu que tomei a decisão. Eu optei por isso. Você pode sempre apontar para mim e dizer que sou o procurador que não fez o trabalho que tinha que ter feito'. E ela me respondeu: 'Eu precisava ouvir isso'".

O vídeo do depoimento de Dylan aos 7 anos, falando sobre o suposto abuso, faz parte do documentário. No Twitter, ela defendeu a exibição: "Decidi que autorizaria a exibição na esperança que a voz da pequena Dylan possa ajudar outros sofrendo em silêncio, que eles se sintam compreendidos e não se sintam sozinhos".

"Espero que esse vídeo ajude a todos nós a permitir que segredos dolorosos saiam com segurança de seus esconderijos, para que possamos seguir com força e paz. Sem qualquer vergonha, sem medo, sem tristeza e sem silêncio", afirmou na época.

Quando o primeiro episódio do documentário foi ao ar, Woody Allen e a esposa, Soon-Yi Previn (filha de Mia Farrow com o compositor André Previn), soltaram uma nota repudiando a obra. "Esses documentaristas não tinham interesse na verdade. Em vez disso, eles passaram anos colaborando com os Farrows e seus facilitadores para montar um trabalho sujo a partir de mentiras. Woody e Soon-Yi foram abordados há menos de dois meses e tiveram apenas alguns dias para 'responder'. Claro, eles se recusaram a fazer isso", disse um trecho do texto.