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Daniel Dias faz apelo ao ter de cumprir isolamento: 'Prejuízos enormes'

Daniel Dias, nadador brasileiro, está em isolamento no Japão - Reprodução/Instagram
Daniel Dias, nadador brasileiro, está em isolamento no Japão Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

10/08/2021 14h17

O nadador Daniel Dias fez um apelo às autoridades japonesas em um vídeo publicado em sua conta no Instagram. Ele é um dos brasileiros que estão isolados e sem treinar em Hamamatsu, antes das Paraolimpíadas de Tóquio, depois que dois integrantes da equipe brasileira testaram positivo para a covid-19. Segundo o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), 52 pessoas da delegação tiveram que se isolar em três hotéis da cidade japonesa — destas, 27 são atletas.

O isolamento foi obrigatório porque, após ser identificado o contato com os integrantes da delegação que testaram positivo, o protocolo precisou ser seguido. As pessoas que testaram positivo na chegada ao aeroporto de Narita, no Japão, não são atletas.

Aqueles que sentaram-se num raio de duas fileiras de assentos ao redor do indivíduo que testou positivo precisam ficar isolados mesmo após testarem negativo.

"Eles mapearam todas as pessoas que estiveram próximas e as separaram do restante do grupo. Eu e outras 51 pessoas com testes negativos viemos para Hamamatsu, em ônibus separados, e estamos isolados desde então. A gente não pode sair do quarto. Não podemos treinar e faltam apenas 14 dias para o início dos Jogos Paraolímpicos. Os prejuízos físicos e psicológicos são enormes", disse Daniel Dias.

"Nós entendemos que medidas sanitárias são necessárias, mas nós estamos negativos. Esse isolamento pode nos fazer perder medalhas, desperdiçar todo o investimento dos últimos cinco anos. O CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro) está incansável na luta para a nossa liberação, mas as autoridades locais seguem informando que nós teremos que ficar 14 dias isolados. Não faz sentido. Nós estamos negativos. Desta forma, não poderemos treinar. Isso vai de encontro ao nosso grande objetivo aqui na cidade", afirmou o nadador.

Nós viemos para Hamamatsu para aclimatação e para treinar. Eu e todos os atletas nesta condição. Pedimos a compreensão e a empatia das autoridades locais. O intuito deste vídeo é que chegue às autoridades japonesas. Por favor, nós precisamos treinar. Daniel Dias, nadador

CPB tenta liberação dos atletas

O Comitê Paraolímpico Brasileiro informou que já está em contato com Comitê Organizador de Jogos de Tóquio, com a prefeitura de Hamamatsu e com a Embaixada do Brasil no Japão para buscar a liberação dos atletas que estão em isolamento, para que ninguém seja prejudicado na reta final da preparação. Mas, segundo a entidade, ainda não houve o retorno esperado.

"Seguimos nas tentativas de obter a autorização de treinamento para os referidos atletas e possibilitar a melhor participação brasileira no maior evento do ciclo paraolímpico", informou em nota.

Confira a nota da CPB na íntegra

Um grupo de 52 pessoas da delegação paralímpica brasileira está em isolamento total em três hotéis na cidade de Hamamatsu desde que foi identificado contato com um indivíduo que testou positivo para novo coronavírus na chegada ao Aeroporto Internacional de Narita, no Japão, no início da noite de sexta-feira, 6.

Pelo protocolo do Comitê Organizador Local dos Jogos de Tóquio, todas as pessoas que sentaram-se num raio de duas fileiras de assentos ao redor deste indivíduo infectado devem ser isoladas pela possibilidade de exposição ao vírus durante o voo.
Desde então, as 52 pessoas foram isoladas, das quais 27 são atletas. Cinco dias após o desembarque e com todos os exames PCR negativados, elas permanecem isoladas e sem autorização para sair do quarto, nem mesmo para treinamentos em isolamento.

Esta conduta é colidente com o que preconiza o playbook dos Jogos de Tóquio, em sua última atualização enviada ao CPB em 15 julho de 2021, segundo o qual é permitido aos atletas que mantiveram "contato próximo" treinar, igualmente em isolamento, e até mesmo competir nos Jogos de Tóquio. Assim foi feito, por exemplo, com atletas olímpicos da África do Sul, da Rússia e da Itália durante os Jogos Olímpicos de Tóquio.

Como Hamamatsu tem o status de "Cidade Sede" (Host Town, em inglês) dos Jogos 2020, a localidade se comprometeu a aplicar as diretrizes do referido playbook.

A manutenção do isolamento total dos atletas paralímpicos brasileiros é uma medida tomada pela prefeitura de Hamamatsu, que não permite qualquer alteração neste procedimento antes de 14 dias, mesmo que o atleta tenha testado negativo de forma reiterada, prejudicando assim toda a preparação e aclimatação dos atletas para a participação no Jogos.

O CPB já fez contato com o Comitê Organizador de Tóquio, com a prefeitura de Hamamatsu e com a embaixada brasileira no Japão, com o intuito de obter a liberação imediata dos atletas isolados para treinamento. Apesar dos esforços do governo brasileiro, não encontramos respaldo por parte das autoridades locais. Seguimos nas tentativas de obter a autorização de treinamento para os referidos atletas e possibilitar a melhor participação brasileira no maior evento do ciclo paralímpico.