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Paulo Anshowinhas

REPORTAGEM

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Brasileiros saem na frente e criam primeira entidade de paraskate do mundo

O paraskatista Tony Alves em pleno vôo - Martin Justo
O paraskatista Tony Alves em pleno vôo Imagem: Martin Justo

Colunista do UOL

20/05/2022 20h37

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Antes mesmo de ser dada a largada para os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles, na Califórnia, os brasileiros saíram na frente e fundaram no início de maio deste ano a primeira entidade de skate para pessoas com deficiência (PCD), a Associação Brasileira de Paraskateboard (ABPSK), pensando nas Paralimpíadas americanas.

A nova entidade pioneira na modalidade é presidida pelo paulistano Vinicios Sardi, que nasceu com má formação congênita nas pernas, e anda de skate há 20 anos, ao lado do vice-presidente Nando Araújo, o "skatista cego", como é conhecido o carioca que tem apenas 20% da visão em um dos olhos e zero visibilidade no outro, e o santista Tony Alves, que teve mal formação congênita dos membros inferiores.

Skatista Cego - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
O paraskatista carioca Nando Araújo, o "skatista cego"
Imagem: Arquivo Pessoal

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil ao menos 45 milhões de brasileiros que tem algum tipo de deficiência, ou cerca de 24% da população do país, mesmo assim o skate adaptado ainda não é reconhecido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro.

Assim como o skate debutou recentemente nos Jogos Olímpicos de Tóquio no ano passado, o paraskate já é uma realidade em um grande número de países, sendo que os paraskatistas brasileiros também estão a frente nesta categoria, tanto no pódio, quanto na organização desportiva.

Prova disso foi a competição no ano passado do Dew Tour, no Iowa, quando Felipe Nunes levou o ouro no park e no street, e Vinicios Sardi, ficou com o bronze, enquanto os americanos Justin Bishop (park) e Brandon White (street) ficaram com a prata.

Felipe Nunes, que tem como padrinho um dos maiores skatistas de todos os tempos - Tony Hawk, também participou recentemente do Tampa Pro, junto com Italo Romano e ficou entre os 30 melhores da competição.

Carismático, primeiro presidente da ABPSK tem agenda movimentada

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O paraskatista Vini Sardi, presidente da ABPSK em treino no Park
Imagem: enoiscachorro

O primeiro presidente da recém-fundada ABPSK é o paulistano Vinicios Sardi, o Vini, de 26 anos, que por sua incrível habilidade e grande carisma mantém uma agenda extremamente movimentada para atender compromissos de seus patrocinadores, participar de competições e dar atenção aos seus 56 mil seguidores do Instagram.

E a lista é grande: TNT Energy Drink, Esporte Clube Corinthians, Narina, Pangay CBD, Dreaming Skates, Skate dos Sonhos e Mobyou, além de trabalhos de publicidade como um comercial recente para o Facebook e para a HP, e os preparativos para o campeonato brasileiro em Porto Alegre na próxima semana.

Aproveitamos uma breve pausa em suas atividades e nossa coluna de skate no UOL Esporte para falar um pouco sobre a modalidade e a entidade.

UOL Esporte - Quais os primeiros passos da ABPSK?

Vini Sardi - Primeiro é conseguir organizar as categorias entre deficientes visuais e deficientes físicos, que é um dos requisitos das Paralimpíadas, e um dos nossos objetivos é organizar esta questão, atrair mais atletas e trabalhar junto com a Confederação Brasileira de Skate (CBSK), e ter uma entidade que represente o paraskate com uma voz mais ativa, que seja integrada e liderada por paraskatistas e a inclusão do paraskate nas Paralimpíadas.

UOL Esporte - Existem alguma diferença de regras de julgamento entre skate e paraskate, ou mesmo entre paraskatistas?

Vini Sardi - Este é um dos pontos que a ABPSK vai trabalhar de ter o campeonato para ter duas categorias, sendo uma para deficiente físico e deficiente visual, pois para os juízes é muito difícil ter esse julgamento pois são muito diferentes, é até injusto colocar os deficientes físico correr contra quem é cego, e tanto que a pontuação para quem tem deficiência visual é maior do que para os deficientes físicos pela sua dificuldade. E queremos que no próximo Paraskate Tour já tenha essa diferenciação.

UOL Esporte - Em termos de premiação existe uma equiparação entre skate e paraskate?

Vini Sardi - Aqui no Brasil esta evoluindo, e no Paraskate Tour, conseguimos muita premiação, mas existe sim diferenciação no paraskate e é muito grande, como no X-Games e no Dew Tour quando a premiação do paraskate é US$ 4 mil (cerca de R$ 20 mil reais), enquanto as outras categorias são mais de US$ 20 mil (cerca de R$ 100 mil).

UOL Esporte - E os planos para o futuro?

Vini Sardi - O primeiro passo é conquistar mais atletas no sentido de divulgar o paraskate, juntar uma galera para dar demonstrações e mostrar para o público que deficiente físico também pode praticar esporte radical, vamos continuar a luta para ter paraskate em grandes campeonatos, e ir avançando para trazer bons frutos para a modalidade.