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Corinthians dá calote na Penapolense e faz Marlone custar R$1 milhão a mais

Marlone marca de pênalti e abre o placar para o Corinthians contra o Internacional - MARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Marlone marca de pênalti e abre o placar para o Corinthians contra o Internacional Imagem: MARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Thiago Braga e Yago Rudá

Do UOL, em São Paulo

26/08/2021 04h00

Na semana passada, o juiz Fábio Rogério Bojo Pellegrino, da 1ª Vara Cível do Foro Regional do Tatuapé, determinou que o Corinthians arque com uma dívida de R$ 638,9 mil pela compra do meia Marlone junto à Penapolense, realizada em 2015. Como o Alvinegro está endividado e não tem cumprido com os pagamentos, o magistrado decidiu que os parceiros comerciais do clube — TV Globo, Hypera S.A, Banco BMG, Federação Paulista de Futebol e Confederação Brasileira de Futebol — depositem a quantia em juízo e descontem dos acordos assinados com o Timão.

Com a decisão e o bloqueio das verbas, o clube do Parque São Jorge pagará 25% a mais do que havia combinado com a Penapolense pela aquisição de 50% dos direitos de Marlone — outra metade estava sob posse do empresário Fernando Garcia, ex-conselheiro do Corinthians. Na época, a contratação foi assinada pelo presidente Roberto de Andrade, hoje diretor de futebol no CT Joaquim Grava. A princípio, o Alvinegro desembolsaria R$ 4 milhões pela transação, mas ficou inadimplente, renegociou a dívida com a equipe do interior, voltou a dar o calote e, meia década depois, viu o custo do atleta ficar ligeiramente superior a R$ 5 milhões.

Entenda o caso

Em dezembro de 2015, o Corinthians fechou a contratação do meia-atacante Marlone e combinou o pagamento da seguinte forma: duas parcelas iniciais de R$ 500 mil e outras 20 parcelas mensais (de março de 2016 a outubro de 2017) no valor de R$ 150 mil, cada. Das 22 prestações acordadas, o clube do Parque São Jorge pagou as oito primeiras e depois interrompeu os depósitos, ficando inadimplente.

A diretoria da Penapolense foi à Justiça cobrar a execução do contrato somada ao pagamento de multa e juros pelo atraso. Em novembro de 2017, o Alvinegro teve 11 contas bancárias consultadas e sofreu um bloqueio judicial no valor de R$ 138.526,35.

A dívida permaneceu aberta, mas em abril de 2019 —já com o clube do Parque São Jorge presidido por Andrés Sanchez— a Penapolense pediu a homologação de um acordo costurado com o Corinthians. Na renegociação, o Alvinegro reconheceu um débito de R$ 2,1 milhões e se comprometeu em pagá-lo em 15 prestações mensais de R$ 140 mil, mas não pagou nem uma dessas parcelas.

Poucos meses depois, em junho do mesmo ano, o goleiro Samuel — jogador da Penapolense nas temporadas 2013, 2014, 2015 e 2016 — entrou no processo como parte interessada. Isto porque, o clube do interior lhe devia R$ 350 mil por questões trabalhistas e alegava não ter dinheiro em caixa. Os representantes do atleta reivindicaram o pagamento por meio da dívida do Corinthians com a equipe de Penápolis.

A pedida foi de que as verbas a serem pagas ao Alvinegro por seus parceiros comerciais fossem destinadas à execução da dívida. No processo, a TV Globo, o Banco BMG, a Hypera S.A, a FPF e a CBF foram citados.

Recentemente, após decisão da Justiça, a Globo depositou R$ 2,1 milhões e o BMG realizou um outro pagamento no valor de R$ 88.354,74. O Corinthians também teve bloqueado R$156.484,11 de suas contas. Ainda serão somados os R$ 638,9 mil determinados na semana passada.

O dinheiro está sob os cuidados da Vara do Trabalho de Penápolis que, além do processo do goleiro Samuel, também trabalha para executar mais de 70 dívidas trabalhistas da Penapolense. Os valores somam mais de R$ 3,8 milhões.

O UOL Esporte procurou o Corinthians para comentar o caso e o clube informou que 'o Departamento Jurídico está tomando as medidas cabíveis em relação ao caso'. A Penapolense também foi procurada, mas a atual diretoria não atendeu aos telefonemas e nem sequer respondeu às mensagens enviadas pela reportagem.

O custo Marlone

O meia assinou por quatro temporadas e atuou no Corinthians em 2016 e no primeiro trimestre de 2017, tendo participado 50 partidas e anotado nove gols. Em seu segundo ano, foi emprestado ao Atlético-MG em troca do atacante Clayton. De Belo Horizonte, Marlone foi emprestado ao Sport, depois ao Goiás e, por fim, ao Suwon, da Coréia do Sul.

Ao todo, o jogador custou pouco mais de R$ 5 milhões ao clube do Parque São Jorge e, no início de 2020, ficou livre no mercado após o fim de seu contrato. Atualmente, defende o Brusque-SC, na Série B nacional.

A divisão do pagamento:

R$ 500.000,00 - pagos em dezembro de 2015

R$ 500.000,00 - pagos em janeiro de 2016

R$ 900.000,00 - pagos de março a agosto de 2016

R$ 138.526,35 - bloqueados das contas do Corinthians em novembro de 2017

R$ 88.354,75 - pagos pelo Banco BMG em maio de 2021

R$ 156.484,11 - bloqueados das contas do Corinthians em maio de 2021

R$ 2.100.000,00 - pagos pela TV Globo em junho de 2021

R$ 638.968,64 - ainda a serem executados

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