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OPINIÃO

"Flamengo queria um cover do Jesus". Blogueiros analisam demissão de Dome

Do UOL, em Santos (SP)

09/11/2020 16h19

O Flamengo anunciou na tarde de hoje (9) a demissão do técnico Domènec Torrent. No cargo há pouco mais de três meses, o catalão não resistiu à goleada por 4 a 0 sofrida para o Atlético-MG, no último domingo (8), no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro.

A demissão de Dome foi justa? A pergunta foi respondida pelos colunistas do UOL Esporte. Confira:

ANDRÉ ROCHA

Eu, de fora, penso que Domenec merecia a chance de contar com o elenco mais completo e em forma, coisa que ele não teve.

Mas pelo que li e ouvi, a situação ficou insustentável porque o treinador perdeu a confiança de vez no vestiário. Aí não tem jeito.

A missão de suceder Jorge Jesus já era complicadíssima, até traumática. O Dome não se ajudou com escolhas e insistências inexplicáveis e, no final, com declarações estapafúrdias, até arrogantes. Mas principalmente desconectadas da realidade que o cercava.

Uma pena.

Leia o blog do André Rocha.

ANDREI KAMPFF

Não foi. Jamais pode se concordar com uma demissão de um técnico com três meses de trabalho (a não ser que tenha uma explosão no vestiário). Ainda mais com vários atenuantes, técnico estrangeiro, que chegou no meio da temporada e não montou elenco. Nosso déficit de convicção no futebol é gigante. O que fica é que o Flamengo não contratou Domènec, mas queria contratar um cover do Jesus. O espanhol nunca seria esse técnico.

Leia o blog Lei em Campo.

DANILO LAVIERI

Uma das perguntas mais difíceis do futebol é: quando é a hora de demitir um técnico? Aparentemente, o Flamengo não demitiu Dome apenas pelos resultados ruins, mas por problemas durante o treinamento, por explicações em coletivas e pelo relacionamento. Neste caso, me parece normal a decisão. Agora fica uma questão: será que a escolha de Jesus foi um acerto isolado?

Leia o blog do Danilo Lavieri.

JUCA KFOURI

Pode até ter sido justa pela impressão de que o vestiário não o comprou, mas revela a inépcia da "nova" cartolagem rubro-negra que começou com Abel Braga, o vinho que durou cinco meses, continuou com Jorge Jesus, a água que resolveu voltar para sua fonte, e terminou em vinagre catalão, porque, está claro, Domènec Torrent era apenas uma aposta, nada mais que isso.

Certamente o episódio não melhora a imagem do futebol brasileiro lá fora, porque um bando de amadores não cabe num negócio que deveria ser para profissionais.

Leia o blog do Juca Kfouri.

JULIO GOMES

A contratação do Dome foi justa? Não. Nem com o Flamengo, que havia subido de patamar, nem com ele, pelo que havia mostrado na carreira. Era um risco. Dito isso, como a probabilidade maior se confirmou (dar errado) e como as informações dão conta de um grupo de jogadores que não confia mais no técnico, a demissão era inevitável. Justiça? Isso não existe no futebol brasileiro. O que existe é a realidade.

Leia o blog do Julio Gomes.

MARCEL RIZZO

O erro do Flamengo foi na origem, ao contratar Dome. Ele nunca foi a primeira opção quando a diretoria viajou à Europa para encontrar o substituto de Jorge Jesus e a percepção na época, confirmada hoje, é que os dirigentes nunca tiveram certeza na contratação. O currículo de auxiliar de Guardiola era tentador, mas muitas vezes auxiliares não se tornam grandes treinadores. Dome também pegou uma situação difícil porque dificilmente um técnico alcançaria a excelência que Jesus alcançou. Qualquer um sofreria nesse pós-Jesus.

Leia o blog do Marcel Rizzo.

MAURO CEZAR

O que fazer quando um técnico não consegue arrumar defensivamente um time que possui o mais caro elenco do futebol no continente onde está trabalhando? O que fazer quando os jogadores, que integravam um time vencedor há poucos meses, não têm qualquer sintonia com o que o treinador tenta colocar em prática de maneira acelerada, mesmo sem tempo para treinar? Segue perdendo ou muda como fizeram Real Madrid antes do título da Champions em 2016, Bayern antes da tríplice coroa da atual temporada, Palmeiras antes de ser campeão brasileiro de 2018 e o próprio Flamengo antes de se transformar em campeão nacional e continental em 2019?

Leia o blog do Mauro Cezar.

MENON

Se eu fosse dirigente de um clube e tivesse que decidir pela manutenção de um treinador, não olharia para seu currículo e nem para o trabalho atual. Pensaria se o trabalho atual pode ser revertido. Se há mudanças a serem feitas em curto prazo. O time está melhorando e pode crescer de rendimento? Há soluções em futuro próximo para os problemas?

Não vejo nada disso no trabalho de Domènec.

O currículo é inexistente.

O trabalho é ruim.

Não vejo melhora em curto prazo.

Acho que foi a decisão correta.

Leia o blog do Menon.

MILTON NEVES

Domènec não deveria nem ter vindo. O Flamengo entregou um maravilhoso Boeing nas mãos de um piloto sem brevê e se deu muito mal. Sério risco de ter jogado a temporada no lixo por essa contratação estapafúrdia.

Leia o blog do Milton Neves.

PERRONE

Só se justifica a demissão se a diretoria detectou um rompimento irreversível entre treinador e elenco. Caso contrário, ele merecia mais tempo. Sua passagem pelo clube foi muito curta para uma análise profunda do trabalho. O fantasma de Jesus pesou muito, acredito.

Leia o blog do Perrone.

RENATO MAURÍCIO PRADO

Justíssima. Recebeu um supertime que jogava por música, com um elenco ainda mais forte do que já era, em 2019, e o desmontou por completo, sem conseguir armar um outro minimamente confiável - basta ver as goleadas em série, fruto de um sistema defensivo desastroso.

O Flamengo de Jesus era um time compacto, agressivo e de alta rotatividade. O de Domènec é um bando estático, que joga espaçado e depende da genialidade de seus melhores jogadores para fazer gols. Um desastre. Se ainda está entre os primeiros do Brasileiro e tem chances na Libertadores e na Copa do Brasil é devido à altíssima qualidade do elenco. Mérito zero para o catalão.

Leia o blog do Renato Maurício Prado.

RODOLFO RODRIGUES

Justa. Sua contratação já foi equivocada. Flamengo foi atrás de um estrangeiro e se apegou na grife de um profissional que trabalhou com Guardiola, como se ele trouxesse todas as ideias do técnico do Manchester City para cá. Não foi analisado profundamente o seu trabalho (comum lá nos Estados Unidos). Assim, na prática, ele se mostrou um técnico incapaz de dar continuidade ao ótimo trabalho de Jorge Jesus. Pegou um time bem armado e organizado e deixou o clube após três meses sem dar um padrão à equipe e com derrotas pra lá de decepcionantes, com três pesadas goleadas. Sai com 65,1% de aproveitamento e em boa hora, já que o Flamengo ainda segue vivo em três competições.

Leia o blog do Rodolfo Rodrigues.

RODRIGO COUTINHO

Por mais que o time tivesse muitos problemas defensivos, ainda não era o momento de interromper um trabalho no meio da temporada. Pelo ''campo e bola'' creio que é uma demissão precipitada e tomada por quem não domina o entendimento dos processos de organização de um time. Se for por uma questão de gestão de grupo e relacionamento com os jogadores, fica impossível opinar. Só quem está lá dentro pode dizer até que ponto isso existe e é prejudicial.

Leia o blog do Rodrigo Coutinho.

RODRIGO MATTOS

Há duas semanas o Flamengo empatava com o Internacional no jogo que foi considerado o melhor do Brasileiro. O time estava próximo da ponta e a torcida estava razoavelmente satisfeita. Depois disso, o time tomou 10 gols em quatro jogos, sendo duas goleadas contra adversários diretos da Série A. O técnico Domènec Torrent não compreendeu o peso que teria em seu futuro no clube sair tomando sacodes rodada a rodada, e por isso acabou demitido. A demissão é certamente bem mais cedo do que esperado com apenas três meses de trabalho, e nenhum período longo de treinamento. Do que se viu, uma defesa muito falha (a segunda pior do Brasileiro) e uma evolução ofensiva. A questão é que ele não teve habilidade para perceber que placares elásticos iriam inviabilizar sua continuidade. Em mares turbulentos, não soube navegar.

Leia o blog do Rodrigo Mattos.