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Campeão em 95, Ronald trabalha no Fluminense e pensa em ser técnico

Ronald, ex-jogador, atualmente trabalha na base do Fluminense - MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC
Ronald, ex-jogador, atualmente trabalha na base do Fluminense Imagem: MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

17/05/2020 04h00

Um dos heróis da conquista do Fluminense no Campeonato Carioca de 1995, Ronald, que participa do lance que gera o gol de barriga de Renato Gaúcho, verá o passado pensando no futuro. Aquele Fla x Flu, que marcou a disputa pelo título Estadual, será reprisado pela Band, hoje (17), às 14h, e o ex-lateral vai reviver a emoção do título enquanto começa uma nova caminhada.

Ronald, atualmente, trabalha no Tricolor como supervisor técnico, sendo o elo entre o projeto "Guerreirinhos", as escolinhas oficiais do clube, e as categorias de base do Tricolor, que fazem atividades no centro de treinamento em Xerém, na Baixada Fluminense.

"Tenho a função de observar os alunos do "Guerreirinhos" e levar para Xerém para avaliação. Acompanho todas as unidades, assisto aos jogos... Ano passado teve uma competição nacional em Xerém, com as unidades do "Guerreirinhos", são mais de seis mil alunos. Observamos de perto, para, depois, comunicar ao professor e trazer o jovem para adaptação e começar todo o processo até o jogo-teste. Estou muito feliz", disse Ronald.

Ronald em evento do Fluminense que celebrou os 20 anos do título do Carioca de 95 - BRUNO HADDAD/FLUMINENSE F.C. - BRUNO HADDAD/FLUMINENSE F.C.
Ronald em evento do Fluminense que celebrou os 20 anos do título do Carioca de 95
Imagem: BRUNO HADDAD/FLUMINENSE F.C.

Apesar de estar feliz na função, o campeão de 95 admite que se prepara também para, um dia, poder assumir a função de técnico. Ele já esteve à beira do gramado em clubes tradicionais como Olaria, Bonsucesso e São Cristóvão, mas ressalta que, ao chegar ao Tricolor, viu que não estava capacitado.

"Estou aprendendo muito. Tenho a liberdade de acompanhar os treinamentos da base toda e ir aos jogos. As comissões-técnicas me abraçaram. Está sendo muito bom".

"Depois que parei de jogar, tive essa experiência de ser treinador. Fui técnico na Terceira Divisão do Rio, na Segunda Divisão, na base, mas entrando no Fluminense, vi que não estava preparado, que não era só ter a prática de jogador. É diferente, eu não tinha essa visão. Minha ideia é aprender, para, quem sabe um dia, poder voltar a pensar nisso. Fiz curso de treinador no Sindicato dos Atletas Profissionais e na Associação Brasileira de Treinador de Futebol. Quero fazer o da CBF. Minha ideia é me preparar melhor para, se um dia tiver chance, estar apto", completou ele, indicando que faria o curso da CBF em junho, mas que, diante da pandemia de coronavírus, ainda não há previsão.

Ronald, do Fluminense, marca Robert, do Santos, na semifinal do Brasileirão 1995 - Agência Estado - Agência Estado
Ronald, do Fluminense, marca Robert, do Santos, na semifinal do Brasileirão 1995
Imagem: Agência Estado

Ronald, que começou no Botafogo, passou por alguns clubes de menor investimento até chegar ao Fluminense e marcar história nas Laranjeiras.

"Eu passo a eles que tem de ser determinado, focado. São meninos novos, tem aquele momento da bagunça, mas tem de ser focado. A gente passa a experiência que teve, de jogar em clube pequeno, passar dificuldade e, depois, chegar ao Fluminense e ser campeão. Pensamos em formar atletas, mas tem de gostar de ser campeão. Eu falo para eles: 'Estou aqui hoje porque fui campeão'.", salienta.

Passagem rápida como taxista

Ronald, ex-lateral do Fluminense, hoje trabalha como taxista no Rio de Janeiro - Reprodução/ArquivoPessoal - Reprodução/ArquivoPessoal
Imagem: Reprodução/ArquivoPessoal

Em 2016, Ronald se afastou momentaneamente do futebol e tentou a vida como taxista. A experiência atrás do volante, porém, não durou muito.

"Tinha o dono do carro e eu pagava diária. Foi uma experiência pela qual quis passar para, de repente, lá na frente, investir, algo assim. Mas foi uma época em que o Uber estava entrando no Rio e os taxistas ficaram arrasados. Depois de três meses, acabei saindo", lembra.

Mesmo durante este período, o ex-lateral nunca abandonou o desejo de voltar a trabalhar com o esporte.

"Meu pensamento sempre foi o futebol mesmo, estar em uma comissão-técnica. E sempre tive a esperança de trabalhar no Fluminense. Sempre pedi aos presidentes e, agora, tive a chance (risos). Estou muito feliz, trabalhando onde eu gosto, com o que sei fazer", afirma.

"Estou até nervoso"

O riso fácil de Ronald ficou ainda mais largo ao falar sobre o título do Carioca de 95. Questionado sobre a reprise deste domingo, ele brincou:

"Eu estou nervoso, rapaz! Será que os caras [Flamengo] vão virar? Estou até ansioso para o jogo", disse, em tom para lá de bem humorado.

Para muitos tricolores mais jovens, será a oportunidade de rever uma final que entrou para a história não apenas do próprio Flu, como do clássico com o Flamengo e do Estadual do Rio.

Renato Gaúcho celebra gol que deu título do Carioca de 95 ao Fluminense, em final contra o Flamengo - Anibal Philot / Agência O Globo - Anibal Philot / Agência O Globo
Imagem: Anibal Philot / Agência O Globo

"É uma emoção grande. Gosto de falar que aquele jogo lá foi um momento mágico, a realização de um sonho de garoto. Jogar em um clube grande, no Maracanã lotado, e sendo campeão em cima do maior rival! Estou na maior ansiedade para esse jogo porque a garotada vai assistir. Principalmente a garotada do "Guerreirinhos". Dizem: 'Ele jogou no Fluminense'. Eles ficam te olhando e tudo mais, mas ninguém te viu jogar, né?".

'Aquecimento' e zoação do filho

Em meio à pandemia de coronavírus e à crise econômica por ela provocada, o Fluminense viu na reprise da final do Carioca de 95 uma oportunidade de arrecadar fundos para ajudar funcionários. Para isso, o clube comercializou réplicas do ingresso daquela partida a preços simbólicos.

"O pessoal está aderindo, comprando o ingresso. Bem legal a ideia. Quando me falaram que teria ingresso, eu falei: 'Como assim, gente? Vai ter outro jogo? Será que vou ter de jogar de novo? Não aguento mais, não' (risos)".

O ex-jogador é pai de Ronald, que nasceu em 1994, e Rafael, que é de 2002.

"Meu filho de 17 anos não viu esse jogo e está me colocando maior pilha, dizendo: 'Quero ver domingo!'. Eu respondo: 'Você vai ver! Era um lateral bem defensivo, quem apoiava mais era o Lira, na esquerda, mas fiz bem o meu papel e deu tudo certo'. "

O clube ainda promoverá uma transmissão ao vivo em uma rede social com as presenças de Ronald, Ailton e Cadu, três nomes que estiveram naquela vitoriosa trajetória.

"Vai ser engraçada porque o Ailton é um cara muito espontâneo, engraçado. Naturalmente, vamos começar a lembrar histórias daquele ano, daquela campanha", finaliza.

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