O que regra do jogo e protocolo do VAR dizem sobre gol anulado do Palmeiras

O Palmeiras teve um gol de Bruno Henrique anulado aos 39 minutos do segundo tempo no empate por 1 a 1 com o Internacional, ontem, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro, em lance que causou muitas reclamações dos alviverdes. O técnico Mano Menezes e o presidente Maurício Galiotte acusaram o VAR de ser parcial com alguns times, citando especificamente o Flamengo, e o clube prometeu ir à CBF fazer uma reclamação formal. Mas o que dizem as regras do jogo e o protocolo do VAR sobre o lance?

Confira a seguir algumas das perguntas feitas por torcedores e o que os documentos oficiais e os envolvidos no caso falam sobre elas:

1 - O VAR poderia revisar a jogada?

De acordo com o protocolo do VAR, o recurso deve ser usado no caso de o árbitro de vídeo identificar um "erro claro e óbvio" do árbitro de campo em uma jogada de gol. O protocolo cita especificamente uma "infração do time que está atacando na construção ou no ato do gol (mão na bola, falta, impedimento etc.)". No caso, o árbitro de vídeo, Wilton Pereira Sampaio, identificou um toque de mão de Willian na construção da jogada e chamou o árbitro de campo, Braulio da Silva Machado, para a revisão no monitor.

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2 - A bola tocou no braço de Willian?

Tanto o árbitro de vídeo como o árbitro de campo viram toque de braço de Willian na bola após reverem a jogada no monitor. Já o próprio jogador, na saída de campo, disse que não sentiu em nenhum momento a bola tocar em seu braço. O técnico Mano Menezes, por sua vez, disse em entrevista coletiva que "a bola bate na mão do zagueiro do Internacional e raspa na mão do Willian. Isso não tem dúvida, está claro na imagem para nós".

3 - O toque de braço é faltoso?

Segundo a nova regra do jogo que passou a vigorar no meio do ano, "é falta se o jogador ganhar posse ou controle da bola depois que ela tocar sua mão ou seu braço e então ele fizer um gol ou criar uma chance de gol". O texto não fala sobre a intenção ou não de tocar com o braço. A interpretação dos árbitros na jogada foi que Willian criou uma chance de gol após a bola bater em seu braço - na jogada, a bola sobra para Lucas Lima, que dá o passe para Bruno Henrique fazer o gol.

Em sua coletiva, Mano Menezes questionou essa interpretação. "É muito complexo o lance, muito difícil. De maneira nenhuma foi voluntário o lance, e não é o lance de acabamento da jogada. Me parece que a regra nova fala que você não pode fazer um gol com a mão. Mas ao sofrer a falta e levar vantagem nisso, não está escrito em lugar nenhum", disse o técnico.

4 - Houve falta do zagueiro em Willian?

Na jogada, o zagueiro Klaus vem por trás e disputa a bola com Willian antes que ela toque no braço do atacante palmeirense. O árbitro viu falta no lance e, inclusive, fez o sinal da vantagem para que a jogada continuasse até o gol de Bruno Henrique. A regra do jogo classifica como falta direta "carga, empurrão, trombada (...) que o árbitro considere descuidado, imprudente ou com uso de força excessiva".

Além disso, a bola toca na mão de Klaus antes de ir para o braço de Willian. A regra diz que "normalmente é falta se um jogador toca a bola com sua mão ou seu braço quando a mão ou o braço tornou seu corpo anormalmente maior".

5 - A falta do zagueiro invalida a mão de Willian?

O texto da regra não tem nenhum atenuante a respeito do toque de braço do atacante em uma jogada de construção de gol, como visto no item 3. A interpretação dos árbitros na jogada foi de que Willian criou uma oportunidade de gol após a bola bater em seu braço, mesmo sem intenção, e, por isso, o gol foi anulado.

6 - O árbitro poderia ter revisado a jogada para falta a favor do Palmeiras?

Ao rever o lance no monitor, Braulio da Silva Machado mudou a marcação da jogada para falta contra o Palmeiras, assinalando o toque de braço de Willian e desconsiderando a falta de Klaus que ele inicialmente havia visto no campo, dando a vantagem. Segundo o texto do protocolo do VAR, se ele continuasse interpretando após a revisão no monitor que houve a falta de Klaus antes do toque de Willian, ele poderia ter mudado a marcação para falta a favor do Palmeiras, já que o alviverde não teria então a vantagem na sequência do lance:

"Quando o processo de revisão estiver completo, o árbitro precisa fazer o 'gesto de TV' e comunicar a decisão final. O árbitro irá então tomar, mudar ou rescindir qualquer ação disciplinar (quando apropriado) e reiniciar a jogada de acordo com as regras do jogo".

O Posse de Bola é o novo podcast do UOL sobre futebol, com Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira.