Rafael Reis

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Destaque da Copa-2010 explica por que nunca aceitou jogar no Brasil

Na virada de 2011 para 2012, um ano e meio depois de se destacar com a seleção japonesa na Copa do Mundo da África do Sul, o zagueiro Túlio Tanaka recebeu uma proposta para atravessar o planeta e jogar no Botafogo.

A transferência chegou a ser dada como certa por veículos da imprensa nacional. No entanto, jamais se concretizou. E o motivo é simples: o defensor nunca teve a mínima vontade de jogar futebol profissionalmente em seu país-natal.

"Nunca quis isso para minha carreira. Liguei para o Oswaldo de Oliveira [então treinador do Botafogo e que já o conhecia do Japão) e falei que não daria certo para mim. A diferença cultural era muito grande para a minha cabeça: briga de torcida, jogadores quase sendo assassinados por conta do fanatismo. Não dava", afirmou Tanaka, em entrevista por telefone ao "Blog do Rafael Reis".

"E tem um outro detalhe. No Nagoya Grampus, eu ganhava três vezes mais que a proposta que fizeram para mim."

100% Japão

Natural de Palmeira d'Oeste, no interior paulista, Tanaka chegou a passar pelas categorias de base do Cruzeiro antes de receber uma bolsa de estudos para fazer o Ensino Médio na terra de origem da sua família paterna.

Durante três anos, dividiu-se entre os estudos e os compromissos do time de futebol da Shibuya Makuhari High School. Em 2001, quando se formou na escola, foi contratado pelo Sanfrecce Hiroshima, um dos clubes mais tradicionais do Japão.

A partir daí, foram 19 temporadas consecutivas atuando no futebol nipônico até a aposentadoria, em 2019. Tanaka foi campeão nacional em duas oportunidades (2006, pelo Urawa Reds, e 2010, com o Nagoya Grampus) e também venceu uma edição da Liga dos Campeões da Ásia.

Por conta da sua ascendência, o zagueiro não teve dificuldades para obter a cidadania japonesa. Ele estreou pela seleção sub-23 em 2004 e disputou os Jogos Olímpicos de Atenas. Dois anos mais tarde, chegou ao time principal do Japão, pelo qual fez 43 partidas e participou de um Mundial.

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"Ser descendente acabou sendo um detalhe para mim. O fato é que me adaptei muito bem à cultura local e realmente virei um japonês. Por isso, consegui jogar uma Olimpíada e uma Copa."

J-League e Premier League

Depois que abandonou os gramados, Tanaka retornou ao Brasil para cuidar do patrimônio que construiu ao longo da carreira (gado, hotel, posto de gasolina). Mas o futebol praticado por aqui continua não sendo do seu gosto.

"Só vejo jogos da Premier League e da J-League", deixou bem claro.

No caso das partidas da primeira divisão japonesa, esse não é apenas um lazer. É que o ex-zagueiro ainda é bastante popular no Japão e tem um canal no YouTube sobre o tema para o público nipônico.

"Ainda viajo todo ano para o Japão. Vou para lá, participo de uns programinhas de televisão e de eventos da federação. Tenho um representante que organiza tudo para mim por lá", completou.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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