Brasil perde espaço e tem a menor presença na elite europeia em 21 anos

Em um passado não tão distante assim, era quase impossível encontrar uma partida do primeiro escalão do futebol europeu para assistir que não tivesse a presença em campo de pelo menos um jogador brasileiro.

Quase todo clube minimamente importante do Velho Continente fazia questão de ter um, dois ou três representantes do país pentacampeão mundial no seu elenco. Eles eram uma espécie de "reserva de talento" para quem desejava ser competitivo.

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Só que esses tempos de fartura de pé de obra tupiniquim ficaram no passado. A recém-iniciada temporada 2021/22 da elite europeia é a que menos reúne atletas com passaporte brasileiro em mais de duas décadas.

Os 98 clubes que disputam a primeira divisão dos cinco principais campeonatos nacionais filiados à Uefa (Inglês, Espanhol, Italiano, Alemão e Francês) contam atualmente com 93 jogadores brasileiros nos seus elencos principais.

Essa é a menor marca desde 2000/01, quando 81 atletas do outrora chamado "país do futebol" participaram das mesmas competições. Desde então, esse número sempre variou entre 157 (recorde estabelecido em 2007/08) e 98 (2001/02).

Na comparação com a temporada passada, houve uma perda de mais de 23% dos representantes nacionais. Em 2020/21, eram 121 brasileiros espalhados pelas maiores ligas europeias, ou seja, 28 a mais que neste ano.

A queda no aproveitamento dos jogadores aptos a vestir a camisa canarinho aconteceu em todos os países da prateleira de cima do futebol europeu. Mas a Alemanha, justamente a nação cuja seleção meteu 7 a 1 nos pentacampeões mundiais na Copa do Mundo-2014, foi quem promoveu a maior debandada.

A Bundesliga, que chegou a ter 36 brasileiros na temporada 2008/09 e transformou em astros respeitados por lá nomes como Lúcio, Zé Roberto, Élber, Amoroso e Aílton, conta atualmente com somente sete representantes do país.

Para piorar, eles estão longe de serem os protagonistas de outrora. O campeão e o vice do ano passado (Bayern de Munique e RB Leipzig) simplesmente não têm atletas tupiniquins no elenco, enquanto o Borussia Dortmund, terceiro, tem no meia-atacante Reinier apenas uma opção pouco aproveitada de banco.

Na Itália, a queda também foi das mais expressivas. Sete anos atrás, o Calcio bateu o recorde de 50 brasileiros inscritos no seu campeonato nacional. Nesta temporada, esse número caiu pela metade.

A liga espanhola, que já teve 40 brasileiros em 2006/07, hoje se contenta com 16. E mesmo a Inglaterra, onde o Brasil chegou por último e por isso ainda tinha margem para crescimento nos últimos anos, perdeu representantes da última temporada (27) para a atual (21).

A queda da importância do jogador brasileiro na elite internacional afeta até mesmo as finanças dos clubes que disputam a Série A nacional. A recém-encerrada janela de transferências foi a de menor faturamento para os times nacionais nos últimos cinco anos.

E das 20 maiores transações fechadas no planeta nesta temporada, somente uma (a de Matheus Cunha para o Atlético de Madri, 16ª colocada no ranking) envolveu um atleta apto a fazer parte das convocações de Tite.

Brasileiros nas 5 maiores ligas da Europa:

2021/22 - 93 jogadores
2020/21 - 121 jogadores
2019/20 - 128 jogadores
2018/19 - 123 jogadores
2017/18 - 122 jogadores
2016/17 - 125 jogadores
2015/16 - 128 jogadores
2014/15 - 113 jogadores
2013/14 - 122 jogadores
2012/13 - 134 jogadores
2011/12 - 117 jogadores
2010/11 - 124 jogadores
2009/10 - 131 jogadores
2008/09 - 153 jogadores
2007/08 - 157 jogadores
2006/07 - 133 jogadores
2005/06 - 133 jogadores
2004/05 - 111 jogadores
2003/04 - 112 jogadores
2002/03 - 102 jogadores
2001/02 - 98 jogadores
2000/01 - 81 jogadores