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À sombra do 'Fonsequismo', Wild segue vencendo e encontra Alcaraz em Madri

O grande nome do tênis brasileiro no momento é João Fonseca. O carioca de 17 anos vem somando vitórias importantes, subindo no ranking e, acima de tudo, encantando públicos ao redor do planeta com seu jogo agressivo, delicioso de ver, e um carisma que coloca torcidas ao seu lado onde quer que seja. Foi assim no Rio Open, em sua cidade natal, mas também no ATP 250 de Estoril, em Portugal, e novamente nesta semana, no Masters 1000 de Madri, com uma arquibancada lotada para apoiá-lo diante do americano Alex Michelsen.

A ATP, sempre ansiosa para embarcar na onde de qualquer jovem em ascensão e querendo capitalizar, já adotou o brasileiro como queridinho. Todos seus jogos têm tweets com jogadas espetaculares. O TennisTV, serviço de streaming oficial da entidade, até citou o Fonsequismo - escrevendo assim mesmo, em português - em um de seus tweets (veja abaixo).

Nada de errado nisso. Fonseca é, sim, apaixonante e, agora que vem conseguindo resultados expressivos entre os profissionais, já chama a atenção de todo planeta. E isso é ótimo, inclusive para Thiago Wild, o atual número 1 do Brasil, que atualmente ocupa o 63º posto no ranking mundial - a melhor posição de sua carreira. Enquanto os holofotes seguem virados para a sensação carioca, o paranaense continua evoluindo e registrando resultados consistentes.

Nesta sexta-feira, Wild bateu o italiano Lorenzo Musetti, número 29 do mundo, por 6/4 e 6/4 e avançou à terceira rodada do Masters 1000 de Madri. Mais do que isto: é o terceiro Masters 1000 segundo em que Thiago alcança a terceira rodada (em Indian Wells e Miami, precisou também furar o qualifying). Nesta sequência, derrotou três top 30: Karen Khachanov (#15 em IW), Taylor Fritz (#13 em Miami) e, agora, Musetti (#29).

Livre de problemas físicos e trabalhando em um ambiente que colocou sua carreira de volta aos trilhos (embora ainda haja questões pessoais pendentes na Justiça - leia mais aqui), Wild consegue executar o tênis que gosta de jogar - agressivo, controlando os pontos - com uma frequência maior e administra melhor os momentos ruins. Logo, os bons momentos aparecem com mais frequência, e os trechos ruins são minimizados. Os resultados vêm aparecendo.

Seu próximo passo em Madri é o maior teste possível na capital espanhola. O adversário na terceira rodada será Carlos Alcaraz, campeão de Wimbledon, ex-número 1 do mundo (atual #3) e com fome de vitória, jogando diante de seus compatriotas. Tipo de ambiente que Wild gosta e que vai tirá-lo, ainda que talvez só momentaneamente, da sombra de Fonseca.

" O Alcaraz dispensa comentários, um dos melhores que nós temos hoje em dia, mas como eu sempre digo, é jogo a jogo, a gente tem que entrar na quadra e competir. Quem estiver melhor no dia, ganha", disse o brasileiro ainda antes de ter a certeza de que o espanhol seria seu oponente.

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Coisas que eu acho que acho:

- Como Duda Matos, técnico de Wild, disse na entrevista linkada acima, todo mundo ganha quando um brasileiro merece o destaque que Fonseca vem recebendo da imprensa mundial. Isso vale, inclusive, para Thiago Monteiro, que vinha de campanhas decepcionantes em Challengers e, nesta semana, furou o quali em Madri e já venceu na primeira rodada da chave principal.

- Sobre os muitos Challengers no Brasil e na América do Sul como um todo no calendário deste ano: é assunto para discussão mais ampla, mas é bom registrar aqui que o nível dos jogos não vem sendo tão alto assim. Não, não se trata de defender a diminuição dos eventos. Quanto mais, melhor. Mais pontos, menos dinheiro gasto, etc. Porém, é preciso levar em conta o contexto quando avaliamos os resultados positivos deste ou daquele tenista.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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