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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Na 3ª final, Chelsea só decide Champions quando demite técnico pelo caminho

Thomas Tuchel ainda não completou nem 4 meses de Chelsea - SERGIO PEREZ/REUTERS
Thomas Tuchel ainda não completou nem 4 meses de Chelsea Imagem: SERGIO PEREZ/REUTERS

06/05/2021 04h20

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Diz a cartilha do futebol que o melhor caminho para um clube alcançar o sucesso dentro de campo é elaborar um planejamento muito bem feito e segui-lo durante anos a fio. A ideia é que esse trabalho seja executado sem mudanças drásticas no perfil do elenco e no comando técnico.

Só que o Chelsea não parece acreditar muito que essa seja a receita mais apropriada para alcançar o topo do mundo.

O adversário do Manchester City na decisão da Liga dos Campeões da Europa está pela terceira vez na final do torneio interclubes mais importante do planeta. E, assim como nas duas campanhas anteriores, trocou de treinador com a temporada em andamento.

Vice-campeão europeu à frente do Paris Saint-Germain no ano passado, o alemão Thomas Tuchel acabou de completar três meses no comando da equipe londrina. A vitória por 2 a 0 sobre o Real Madrid, ontem (5), foi apenas seu 24º jogo como técnico dos "Blues".

Até o finalzinho de janeiro, o Chelsea era comandado por Frank Lampard. O ex-meia, um dos maiores ídolos da história do clube, passou pela fase de grupos da Champions, mas não sobreviveu aos resultados negativos no Campeonato Inglês.

Em 2008 e 2012, quando também atingiu a final europeia, a diretoria inglesa fez importantes correções de rota no rumo da equipe e modificou a comissão técnica durante a temporada.

Na primeira vez que decidiu a Champions, o Chelsea era dirigido por um interino, o israelense Avram Grant, seu ex-diretor esportivo, que havia assumido a bronca em setembro do ano anterior, depois da queda de José Mourinho.

Mesmo tendo levado o time ao vice-campeonato continental, Grant não foi mantido no cargo para a temporada seguinte. A derrota nos pênaltis contra o Manchester United foi o último compromisso do treinador, que acabou substituído pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari.

A história ganhou um semelhante capítulo quatro anos mais tarde, mas dessa vez com final feliz para o Chelsea. O português André Villas-Boas foi demitido em março, quando os mata-matas da Champions já até haviam começado.

O italiano Roberto di Matteo, que era seu assistente, foi promovido e acabou conquistando o título europeu. Mas, já no começo da temporada seguinte, o trabalho desandou e ele perdeu o cargo antes mesmo do Mundial de Clubes.

O troca-troca frenético de técnicos, desrespeitando a ideia dos planejamentos de longo prazo que tanto sucesso fazem no futebol europeu, é uma das principais características da administração do bilionário russo Roman Abramovich.

Desde que comprou o clube, em 2003, e o transformou no primeiro "novo rico" do futebol europeu neste século, o magnata já trocou 14 vezes o comando do time. Como comparação, o City teve apenas seis treinadores no mesmo período.

Curiosamente, o modelo de gestão do Chelsea deu certo com o Bayern de Munique na temporada passada. Os alemães venceram a Liga dos Campeões com um técnico, Hansi Flick, que também havia assumido a função com a competição já em andamento.

Será que desta vez a história vai se repetir?

A decisão da edição 2020/21 da Champions será disputada no próximo dia 29 (sábado) e terá como palco o Olímpico Atatürk, em Istambul (Turquia). Originalmente, o estádio estava reservado para receber o jogo do título no ano passado, mas a programação teve de ser alterada por causa da pandemia de covid-19.

Essa será a terceira final 100% inglesa na história da competição. Em 2008, o Chelsea foi derrotado nos pênaltis pelo Manchester United após empate por 1 a 1 com a bola rolando. Duas temporadas atrás, o Liverpool se sagrou campeão europeu com uma vitória por 2 a 0 sobre o Tottenham.

O torneio teve outras cinco decisões entre clubes do mesmo país: três espanholas (todas vencidas pelo Real Madrid, em 2000, 2014 e 2016), uma italiana (Milan 0 x 0 Juventus, em 2003, com triunfo rossonero nos pênaltis) e uma alemã (Bayern de Munique 2 x 1 Borussia Dortmund, em 2013).