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Rafael Reis

Leonardo agrediu e quebrou nariz de rival na Copa-1994: verdade ou lenda?

Hoje dirigente do PSG, Leonardo protagonizou uma história pesada na Copa de 1994 - Divulgação
Hoje dirigente do PSG, Leonardo protagonizou uma história pesada na Copa de 1994 Imagem: Divulgação

11/11/2020 13h14

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Diretor esportivo do Paris Saint-Germain, o brasileiro Leonardo tem no seu currículo o título que todos os jogadores sonham: o da Copa do Mundo. Quando ainda era lateral esquerdo, ele ajudou o Brasil a acabar com um jejum de 24 anos e conquistar o tetra.

Mas o lance mais famoso do ex-jogador de São Paulo, Flamengo e Milan na campanha de 1994 não foi nenhum gol, drible ou cruzamento perfeito para Romário balançar as redes, mas sim uma agressão.

Durante a partida contra os Estados Unidos, válida pelas oitavas de final do torneio, o hoje dirigente acertou uma cotovelada no rosto do meio-campista Tab Ramos. A porrada levou o norte-americano a nocaute e provocou a fratura do seu nariz.

Bem, pelo menos é essa a história que circula nas redes sociais e de vez em quando aparece em algum perfil dedicado a curiosidades do futebol. Mas será que isso realmente aconteceu? Ou essa é apenas mais uma das várias lendas urbanas que tanto fazem sucesso no dia a dia do futebol, como o autismo de Lionel Messi e a transexualidade de Marco Verratti?

Desta vez, não tem nada de invencionice, não. Leonardo realmente acertou em cheio a face do adversário e não quebrou apenas o seu nariz, mas também levou a lesões no maxilar e em outros ossos no crânio.

O lance aconteceu aos 43 minutos do primeiro tempo da partida, que ainda estava empatada por 0 a 0. Durante uma disputa de bola na intermediária, com os dois jogadores praticamente em cima da linha lateral, Leonardo conseguiu evitar um drible de Ramos e, na sequência, jogou seu cotovelo de forma agressiva para trás, em direção ao rosto do norte-americano.

A cena foi a última aparição do brasileiro no Mundial dos EUA. O camisa 16 recebeu o cartão vermelho e uma suspensão que o tirou do restante da competição. O Brasil venceu os anfitriões por 1 a 0, gol de Bebeto, e seguiu com Branco na lateral esquerda até a decisão contra a Itália.

Ramos, que pouco depois do acontecimento já deu entrevistas perdoando Leonardo pela agressão, ficou cinco meses afastado do futebol para tratar as múltiplas lesões que sofreu no crânio.

O período de inatividade lhe custou a oportunidade de atuar na primeira divisão do Campeonato Espanhol. Na época da Copa, o norte-americano defendia o Betis, que havia acabado de subir para a elite. Por causa do tempo em que não pôde atuar, o meia perdeu espaço no clube e acabou liberado para se transferir para o Tigres, do México.

Em 2014, duas décadas depois da agressão, Ramos revelou em entrevista ao UOL que ainda sentia dores no local atingido pelo cotovelo de Leonardo. "Não posso reclamar, porque funciono normalmente. Não tenho nenhum problema mais sério. Mas, às vezes, em certos dias, sinto dores de cabeça bem naquela região na qual tomei a pancada e me sinto enjoado às vezes em função disso."

O norte-americano jogou profissionalmente até 2002 e ainda disputou a Copa-1998. Depois trabalhou nas seleções de base dos EUA e foi auxiliar de Jürgen Klinsmann na equipe adulta. Desde o ano passado, comanda o Houston Dynamo na MLS (Major League Soccer).

Leonardo também esteve no Mundial da França, mas nunca mais reencontrou Ramos em campo. Assim como o antigo adversário, encerrou a carreira há 18 anos. Ele até tentou uma carreira de treinador e chegou a dirigir Milan, Inter de Milão e Antalyaspor.

Mas foi como dirigente que mais se destacou. Essa é a segunda passagem do brasileiro pelo comando do PSG. Ele já esteve no clube francês entre 2011 e 2013, logo no início do projeto financiado pelo Qatar de transformar a equipe em uma potência global.