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Opinião

O São Paulo e a vanguarda do atraso

POR LUÍS ROBERTO DEMARCO*

Neste sábado, 27/7, os sócios do São Paulo decidirão sobre uma alteração do Estatuto Social proposta pela Diretoria em exercício e aprovada pelo Conselho Deliberativo.

Operacionalmente, o São Paulo tem aumentado as dívidas do clube, perdendo mais de 20 milhões de reais a cada mês com uma série de erros de gestão, como contratações malfeitas de Daniel Alves e James Rodrigues, vendas precipitadas de joias da base, inépcia do programa de Sócio Torcedor, comissões exageradas sendo pagas a empresários na compra de jogadores a preços exorbitantes, entre outros. Mas, ao invés de uma forte atuação administrativa, a preocupação dos dirigentes se volta a modificar o Estatuto do Clube com objetivos muito mais individuais e políticos, do que para benefício da Instituição.

A proposta de revisão do Estatuto Social do SPFC tem algumas alterações extremamente prejudiciais aos Associados e consequentemente à Instituição em si.

Entre as quais o intervalo de seis anos entre eleições, quando hoje o mandato é de três anos, a possibilidade de suspensão preventiva de sócios baseada em critérios subjetivos de "manutenção da harmonia social", a aprovação de contratos sem debate prévio no Conselho Deliberativo, e a Institucionalização do amadorismo na gestão.

O tema da eleição direta do presidente foi ignorado neste processo de revisão, e o São Paulo seguirá como o último grande clube que ainda elege seu presidente de forma indireta.

Também foram ignoradas praticamente todas as sugestões dos próprios sócios.

A Comissão Extraordinária de Revisão do Estatuto convocou e incentivou os sócios a darem suas contribuições. Os sócios responderam com mais de 300 ideias preenchidas em formulário próprio, endereçando cláusulas do Estatuto existente e justificativas técnicas.

Pouquíssimas foram acatadas, e o que chama a atenção foi que nenhum sócio recebeu qualquer retorno ou feedback com um arrazoado para a aceitação ou não aceitação da contribuição dada, o que passa a impressão de que tudo não passava de um jogo de cena para privilegiar interesses determinados.

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Para piorar, a Assembleia de Sócios foi marcada precipitadamente em 15 dias, dentro do mês de Julho, de férias escolares, no qual boa parte dos sócios estará viajando e portanto perderão a possibilidade de exercer o sagrado direito de voto.

A revisão proposta, caso aprovada, resultará em um Estatuto ainda menos democrático, e mais afastado dos atuais conceitos de conformidade e profissionalismo.

O São Paulo, outrora pioneiro e moderno na gestão, invejado por todos os clubes brasileiros e protagonista no futebol, parece fazer um esforço enorme para andar para trás e para baixo na tabela.

Paralisado na sua arrogância "soberana", o São Paulo se movimenta para liderar a vanguarda do atraso.


*Luís Roberto Demarco é empresário e sócio do São Paulo FC.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

2 comentários

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Jose Carlos Martins

Na época da arrogância e soberania, existia o dinheiro da honestíssima IBF.

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Alvaro Cini

O time precisará cair pra série do brasileirão pra acordar? Temo que sim. Ops sou Palmeirense, espero que seja assim. Mas, clubismos a parte, é muito ruim para nosso querido futebol. 

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