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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Treinadores, busquem o equilíbrio emocional na hora das entrevistas

Vitor Pereira, técnico do Corinthians, se retratou após resposta atravessada a repórter - Ricardo Moreira/Getty Images
Vitor Pereira, técnico do Corinthians, se retratou após resposta atravessada a repórter Imagem: Ricardo Moreira/Getty Images

Colunista do UOL

16/08/2022 04h00

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As respostas de alguns treinadores nas entrevistas estão sendo agressivas, grosseiras e, o pior, tentam diminuir os jornalistas. Algumas vezes, eles estão tentando se colocar como alguém superior numa questão financeira, como fez o Vítor Pereira, ou colocar os comentários dos jornalistas como sendo condicionados aos resultados, como fez o Cuca.

Primeiro, vou na questão do treinador do Atlético-MG, que provavelmente se identificou com o que ele mesmo falou. E aí pergunto: por que o Cuca não fez o seu comentário na coletiva após o jogo contra o Palmeiras? Será que ele falaria o que falou se o seu time tivesse empatado ou perdido do Coritiba? Mas o Cuca é aquele que espera vencer para mandar o seu recado.

Os comentários e as reportagens sobre futebol são feitos em cima do que acontece, e não sobre o que talvez pudesse ter acontecido. E o Cuca, com toda a experiência que tem como ex-jogador e como treinador, deveria saber que no futebol não existe o "se".

E aí ele vem na entrevista dizer aos jornalistas que "se" o Palmeiras tivesse sido eliminado, os comentários seriam cobrando o lado emocional do time do Abel por ter tido dois jogadores expulsos. Mas a realidade é que o time do Cuca fracassou com dois jogadores a mais. E aí eu digo que a pergunta para o Cuca poderia ser dessa maneira: e "se" o seu time tivesse sido competente?

Da próxima vez, Cuca, não espere vencer uma partida para dizer o que pensa, porque aí sua opinião vai ter mais credibilidade. Se os jornalistas analisam de acordo com o resultado, você só manda recado quando o seu time vence.

O outro caso que chamou a atenção foi a resposta do treinador Vítor Pereira para o repórter Ricardo Martins, da rádio Transamérica. A pergunta foi mais ou menos assim: "Vítor Pereira, você sabe como é o futebol aqui no Brasil, você está com medo de ser demitido?". A pergunta foi nesse sentido, sem nenhuma agressividade, porque o Ricardo perguntou com base na nossa realidade. Afinal, aqui se demite treinadores a toda hora, e seja quem for.

Mas a resposta veio agressiva, arrogante e com a intenção de diminuir quem perguntou: "Você está brincando comigo, você sabe quanto dinheiro eu tenho no banco?"

Beleza, o Vítor Pereira reconheceu que se expressou mal e que estava de cabeça quente. Mas isso não muda o que ele falou. Quer dizer que, de cabeça quente, a gente pode falar o que for para uma outra pessoa, depois reconhecer que se expressou mal, e tudo bem?

Não foi a primeira vez que, de "cabeça quente", ele desmerece alguém ou o Corinthians. Ou esquecemos quando ele falou que se lhe perguntassem, ele queria treinar o Liverpool, e depois também veio se desculpar publicamente.

Bom, estou só dando a minha opinião — afinal, quem nunca falou algo acima do ponto quando está nervoso? Mas a diferença entre o Vítor Pereira e o Cuca é exatamente essa. O treinador do Corinthians falou de cabeça quente, se expressou mal e reconheceu; já o Cuca não falou de cabeça quente, porque "desabafou" sobre o jogo anterior e só falou porque venceu o Coritiba — porque se tivesse empatado ou perdido ficaria calado, como sempre ficou.

O lance é que, hoje em dia, se presta atenção em tudo, se analisa tudo, porque é assim que funciona no mundo das redes sociais. Nada escapa! Uma bola fora já vira polêmica. E, mais do que nunca, é preciso ter um mínimo de equilíbrio emocional na hora de falar. Não estou dizendo que é fácil, mas que é necessário fazer um esforço para isso.

Eu disse, há uma semana...

Imagem do VAR em gol do Inter contra o Fluminense - Reprodução TV - Reprodução TV
Imagem do VAR em gol do Inter contra o Fluminense
Imagem: Reprodução TV

Na segunda-feira passada, escrevi que aqui no Brasil o VAR trabalha para dar o impedimento, e fiz uma comparação com a Premier League — lá, o VAR funciona principalmente a favor do gol.

Ontem, conversei com o Arnaldo Cezar Coelho (fomos companheiros em seis Copas do Mundo!) sobre a anulação do gol do Inter contra o Fluminense, no Beira-Rio. Ele falou que o Alemão voltava da posição de impedimento, mas que o VAR traçou a linha na hora errada. Pela imagem, não há posição irregular.

E aí, na minha opinião, o VAR errou duas vezes: na hora de traçar a linha e por anular o gol com base na imagem errada. Ou seja, causou polêmica gratuitamente. A minha conclusão é que o nosso VAR erra até quando acerta.