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O Brasil é solidário! O Maracanã poderia receber mais gente

A iniciativa da CBF, a ideia de Luciano Huck e a cobertura da Rede Globo foram dignas de aplausos do domingo de solidariedade às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Daí ao discurso de que o brasileiro é solidário, com basr na bilheteria do Maracanã é impossível dizer.

A comparação com as enchentes em Minas Gerais e os 139 mil espectadores no Maracanã há 45 anos escancara que algo mudou. Ou o tamanho da solidariedade ou a capacidade de promover o evento.

Entre janeiro e fevereiro de 1979, 246 pessoas morreram vítimas das enchentes no Vale do São Francisco. A média de público do Brasileirão de 1978 foi de 10 mil pessoas e seria de 9.100 em 1979. O Maracanã tinha 200 mil lugares e recebeu 139 mil.

A diferença era Flamengo x Atlético, com Zico pelo Fla, Dario pelo Galo e Pelé vestindo a camisa rubro-negra, no Maracanã onde não jogava desde o fim de sua carreira, cinco anos antes.

Times União x Esperança receberam 32 mil espectadores, o Maracanã tem 70 mil lugares, portanto menos de metade de suas cadeiras foram ocupadas. Ronaldinho Gaúcho não atuava no maior do mundo havia nove anos.

No domingo, houve 35 mil espectadores em Sport 1x4 Fortaleza, 43 mil em Bahia 0x0 CRB. Se for porque é competição, poderia se doar a renda total de uma rodada do Brasileirão.

A impressão não é de falta de solidariedade do povo brasileiro, mas de que faltaram camisas de clubes populares, como Flamengo e Atlético. A comparação salta mais aos olhos com o jogo das estrelas. Zico levou 50 mil ao Maracanã na sua última festa, em dezembro do ano passado.

Na época, a renda de Cr$ 1,8 milhão equivalia a 5.500 salários mínimos. A projeção de arrecadação do Futebol Solidário de domingo é de R$ 2,5 milhões, com 42 mil ingressos vendidos a R$ 60 cada. A meia entrada estava R$ 30 e a CBF comprou 10 mil bilhetes, o que explica os 32 mil espectadores.

Os prováveis R$ 2,5 milhões equivalem a 1710 salários mínimos em 2024.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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