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PVC de domingo - Brasileiro começa melhor do que foi e pior do que pode ser

As coisas melhoraram no Brasileirão nos últimos vinte anos. Em 2005, de 21 jogos como mandante, o Corinthians não teve nenhum com 33 mil pagantes. Nem sequer a decisão contra o Internacional.

Semana passada, surpreendeu por um ridículo índice de 32 mil espectadores contra o Nacional do Paraguai, em Itaquera. A média corintiana no título de 2005, com Tévez e Nilmar, foi de 26 mil pessoas por jogo. Ano passado, em 13º lugar, 39 mil!

O Palmeiras se apresentou para uma arquibancada de apenas 28 mil torcedores na Libertadores, quinta-feira.

Abel Ferreira reclamou, com razão.

Entre 2010 e 2011, sem brigar contra o descenso, não levou nenhuma vez um público deste tamanho. Sempre menos.

A maior presença nos estádios é só um sinal da evolução. Há mais diversidade, mais variação tática pelos técnicos de diferentes nacionalidades, partidas especiais no ano passado.

Não, não somos Premier League. Seguem os comentários de que, em dia de Champions League, deveria ser proibido jogo no Brasil. Então, também se deveria proibir na Argentina, Colômbia, Chile, Portugal, Grécia, Turquia...

O Brasileirão requer tratamento, para ser uma marca intercontinental. Hoje, é visto com atenção por um público cativo em Portugal. Meu primo, Jorge, nascido em Lisboa, residente em Sintra, deu o seguinte depoimento, em agosto do ano passado: "Há três anos, não sabia os nomes dos times. Hoje, sei a escalação completa do Botafogo."

Os jogos atraem, empolgam mais do que os campeonatos de Portugal, Itália, França, jogos médios da Espanha, Alemanha. Campeonato Inglês, não. É outro patamar.

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Há vinte anos, não era.

A Itália era a meca.

A Lazio, medíocre equipe do meio da tabela, batia à porta do Tottenham, campeão da Copa da Inglaterra, e perguntava quanto Paul Gascoigne custava.

Bingo! Estava contratado.

O Campeonato Francês tinha Chris Waddle, no Olympique de Marselha, Mark Hateley e Glenn Hoddle, no Monaco.

Ninguém imaginava a virada. A Inglaterra era pior do que a França, seu campeonato não passava em nenhum país da América e, em vinte anos, virou o melhor do planeta.

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Foi a liga?

A liga italiana, Lega Calcio, transformou ouro em lixo, enquanto a inglesa tornava lixo em ouro.

Em 1996, apenas quatro anos após a criação da Premier League, o Chelsea ocupava posições intermediárias, bateu à porta do Parma, da poderosa multinacional Parmalat, e comprou Gianfranco Zola. Foi só o primeiro sinal de que o jogo iria se inverter.

Se fosse só dinheiro, a Alemanha teria o maior campeonato. É a maior economia da Europa.

Não é só isso.

Trata-se de visão empresarial e fuga das disputas políticas. O produto é o campeonato, que pode dar dinheiro a quem trabalha e alegria a quem acompanha.

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No Brasil, a briga Libra x Liga Forte União afastou clubes em projetos diferentes, pela dificuldade de se pensar na divisão razoável da receita.

O Brasileirão tem de ser visto como uma semente que, em breve, será uma árvore bela e frondosa.

Foi assim na Premier League.

Irriga-se todos os dias e se observa onde está seco ou molhado demais. Importante é a raiz ser forte, o tronco sólido. Aí, vai crescer linda, com folhas e frutos saudáveis. Os galhos de tamanhos diversos. Nenhum pode adoecer.

O campeonato que começa neste final de semana é melhor do que foi há dez anos. Precisa ser muito melhor. Com um pouco de trabalho, será uma imensa árvore da felicidade.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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