As contradições da licitação do Maracanã
O Consórcio RNGD promete recorrer à Justiça para voltar ao processo de licitação do Maracanã.
Seu inconformismo se dá por duas razões. A mais grave é o vazamento da informação de sua desclassificação, antes da publicação no Diário Oficial.
A segunda, a eliminação pelo critério técnico, por não atender ao número mínimo de 25 jogos para alcançar pontuação.
À parte o consórcio que gerencia o Mané Garrincha não ter acordo com clubes, há clara vantagem no aspecto técnico para quem tem dois clubes, pela garantia de 25 partidas, como prevê o edital.
A eliminação do RNGD e a diminuição dos pontos do Vasco, com base também no argumento de que Brusque e Santos só poderiam jogar no Maracanã mediante autorização expressa de suas federações. A RNGD garantia a divisão de pelo menos 70 datas.
O Flamengo e o Fluminense têm a certeza dos 25 jogos, pelo cenário atual.
É possível que não tenham durante os vinte anos, levando em conta que os estaduais diminuirão de tamanho, que Libertadores e Copa do Brasil são torneios eliminatórios.
Neste ano, a soma de Fla (39) e Flu (38) pode superar os 70 sugeridos na proposta. Com a diminuição gradativa dos estaduais e com possibilidade de eliminações precoces em Libertadores e Copa do Brasil, poderá ser diferente daqui a dez anos.
Mais ainda se o Flamengo construir seu estádio no Gasômetro.
Nenhum clube pode garantir mais do que as 19 rodadas do Brasileirão, em uma década. Basta ver que o Corinthians não tem vaga na Copa do Brasil do ano que vem.
É inegável que, agora, finalmente, o governo do Estado do Rio faz sua parte com o edital. Mas não parece haver concorrência absolutamente igual se a proposta técnica tem peso de 60% na nota global, a proposta financeira vale 40%.
Mas a técnica desclassifica.
Flamengo e Fluminense podem garantir 70 partidas hoje. O Vasco, só 19. O consórcio RNGD, menos ainda, mas apresentava garantias com Brusque e Santos. O ganhador da licitação administrará o estádio por 20 anos e, daqui a 10, ninguém tem nenhuma certeza.
O Flamengo pode jogar 70% de suas partidas no Gasômetro e o Vasco, em São Januário.
Melhor do que nada. Mesmo assim, não dá para confiar na palavra isenção no atual estágio de credibilidade do Palácio Guanabara.
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