Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
OpiniãoEsporte

Luta contra violência no futebol lembra o filme Feitiço do Tempo

Bill Murray fazia o papel de um repórter enviado para a cobertura do Dia da Marmota e fica preso num looping sem fim, em que sempre acordava na mesma data vivenciava as mesmas situações.

É o que parece a luta contra a violência no futebol.

Seis dias depois do atentado ao ônibus do Fortaleza, o presidente do Sport solicitou a expulsão de 34 sócios do clube, integrantes da Torcida Jovem. O presidente da FPF, Evandro Carvalho, pediu torcida única em todo o Brasil.

O presidente do Sport também solicitou agora (agora!) as fichas criminais dos membros da facção e a exclusão dos adereços que identifiquem a Jovem.

Enquanto isso, na TV, jovens jornalistas pedem "legislação específica."

Tudo o que se falou e se fez em 1995, quase trinta anos trás, depois da morte do são-paulino Márcio Gasparin pelo palmeirense Adalberto dos Santos, O promotor Fernando Capez se fez deputado discursando justamente sobre a necessidade de legislação específica. O Estatuto do Torcedor foi criado em 2002, parte dessa tentativa, e a nova Lei Geral do Esporte enterrou alguns dos avanços.

Capez propôs o fim das torcidas uniformizadas e os adereços foram proibidos nos estádios, mas as facções seguiram arregimentando novos sócios e arrecadando com vendas de carteirinhas e uniformes que, se não eram usados nas arquibancadas, passeavam pelas ruas.

Não existe extinção de torcida uniformizada sem asfixia financeira.

E óbvio.

Sem uniformes, os mesmos torcedores frequentam os mesmos estádios, sentam-se nos mesmos lugares, reúnem-se da mesma maneira. É o que acontecerá com os facínoras que tentaram assassinar jogadores do Fortaleza, semana passada.

Continua após a publicidade

Só mudam as vítimas. Antes, torcedores assassinados, agora também jogadores sob risco.

Adalberto dos Santos foi preso, acusado de ser co autor do homicídio de Márcio Gasparin. Passou apenas três anos na prisão.

A punição não acabou com a sensação de impunidade, eterna aliada dos criminosos ligados ao futebol.

A

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Ao contrário do publicado, quem pediu torcida única no Brasil foi Evandro Carvalho, presidente da FPF, e não Yuri Romão, presidente do Sport. A informação foi corrigida.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

Só para assinantes