'Longe do Ninho', o livro indispensável para não esquecer a tragédia
Daniela Arbex lançou nesta semana o livro "Longe do Ninho", pela editora Intrínseca.
Conta a trajetória detalhada de cada menino, da saída da casa dos pais à decisão de morar no centro de treinamento do Flamengo.
As razões e situações das famílias, da esperança até a tragédia.
Na última parte, a obra explica também o processo, que hoje tem oito réus e um certo desprezo por informações fundamentais.
Por exemplo, o curto-circuito no ar condicionado, nos dias anteriores à morte das dez crianças.
Fruto de um episódio climático registrado na cidade do Rio de Janeiro na noite de 6 de fevereiro de 2019, antevéspera da tragédia. Na tempestade, mais tarde descrita como "tornado", seis pessoas morreram no município, a prefeitura decretou estado de crise e luto de três dias.
Na manhã seguinte, um poste estava caído a uma distância de cem metros do Ninho do Urubu, havia pane elétrica na região de Vargem Grande, e o ar condicionado apresentou falha grave.
A administração do centro de treinamento pediu o conserto. O risco de novo curto-circuito exigira uma medida: retirar imediatamente as crianças dos contêineres em que viviam.
Uma coisa é pensar que podia já não haver segurança antes. Outra é a certeza de que o curto-circuito exigia cautela e retirada de quem vivia lá dentro. Fosse para um hotel, fosse para o novo alojamento, com inauguração prevista para o mês seguinte.
Não levar em conta esta informação, não questionar quem administrava o Ninho do Urubu em fevereiro de 2019, revela a mesma vontade de solucionar o caso que se demonstrou no assassinato de Marielle Franco.
De tão incongruente, o inquérito chegou a ser devolvido pelo Ministério Público e promotores se afastaram do caso nestes cinco anos.
A impunidade não é exclusividade do Ninho do Urubu. A boate Kiss é um exemplo disso. Recolher todas as informações e punir culpados é fundamental, para evitar que tristeza semelhante se repita.
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