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Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Líder do mundial, Red Bull já levou três ataques contra sua performance

Verstappen cruza a linha de chegada de Spilberg com quase 18 segundos sobre Bottas, da Mercedes  - Red Bull
Verstappen cruza a linha de chegada de Spilberg com quase 18 segundos sobre Bottas, da Mercedes Imagem: Red Bull

Colunista do UOL

11/07/2021 04h00

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Primeiro foram as asas flexíveis, depois as pressões dos pneus e os pit stops, e agora o motor. Quando uma equipe se torna o time a ser batido na Fórmula 1, não demora para os rivais começarem a pressionar para a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) ficar de olho em possíveis quebras de regulamento. Depois de ficar por tanto tempo na mira dos rivais, agora a Mercedes está bem atenta ao que a Red Bull, nova líder do mundial, está fazendo.

Tanto é que todas as novas determinações da FIA, que vêm sendo feitas por meio de diretivas técnicas - que funcionam como uma espécie de medida provisória -, de certa forma atingem a Red Bull. O resultado de todas elas combinadas para a vantagem que a equipe tem no momento só poderá ser realmente visto no segundo semestre.

Asas flexíveis

asa - Bryn Lennon/Getty Images - Bryn Lennon/Getty Images
Parte de trás da Red Bull de Sergio Perez
Imagem: Bryn Lennon/Getty Images

A primeira diretiva técnica que obrigou a Red Bull (entre outras equipes, como Ferrari e Alpine) a rever seu projeto foi a que estabelecia novos testes, mais rígidos, para se certificar de que as asas traseiras não se flexionem tanto nas retas, o que gera um ganho aerodinâmico e fere um artigo do regulamento técnico que proíbe que peças aerodinâmicas se movimentem.

Esse novo teste, que é feito com o carro parado, passou a valer no GP da França e vem junto de um sistema inteligente e simples da FIA, que passou a colocar pequenos adesivos nas asas para comparar, por meio de câmeras, a flexibilidade das asas em movimento.

A Mercedes dizia que a asa que a Red Bull vinha usando dava uma vantagem "de até meio segundo". Porém, uma prova antes de os testes ficarem mais rígidos, no Azerbaijão, eles introduziram uma nova asa traseira, em formato de colher, que gerava o mesmo efeito da peça anterior, mas sem tanta flexão. Essa asa passou nos testes e virou uma grande arma da Red Bull contra a Mercedes, pois provoca menos resistência ao ar e torna o carro mais rápido nas retas, o que foi importante para as vitórias na França e na Áustria.

Mudanças nos pneus

Outra desconfiança era de que a Red Bull era uma das equipes que estavam jogando com a preparação dos pneus para que ficassem abaixo da pressão mínima estipulada pela Pirelli quando o carro está na pista. Isso aumenta a superfície de contato do pneu com o asfalto e aumenta a aderência. Essa suspeita só cresceu quando o pneu de Max Verstappen estourou no fim do GP do Azerbaijão, uma vez que a prescrição da pressão mínima visa proteger o pneu desse tipo de falha.

Na corrida seguinte, na França, entrou em vigor um novo procedimento para evitar que as equipes consigam usar pressões abaixo do prescrito. No GP da Grã-Bretanha, a próxima etapa, que será disputada dia 18 de julho, deve ser usado um novo composto, mais rígido.

Novamente, como a Red Bull venceu todas as corridas após a introdução destes novos procedimentos, não parece que o time tenha saído prejudicado.

Pit stops menos automatizados

pit stop - Mark Thompson/Getty Images - Mark Thompson/Getty Images
Max Verstappen faz ensaio de pit stop durante treinos livres na Estíria
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

As equipes estão sempre de olho nos pit stops da Red Bull, que há anos são os mais rápidos do grid. E notaram que os mecânicos não estavam acionando nenhum botão depois que efetuavam a troca de pneus, indicando que havia um sistema automático entre as pistolas e o semáforo que indica ao piloto que ele pode sair. Isso não seria permitido pelo regulamento. Então, a partir do GP da Hungria, a etapa que vem logo depois da corrida em Silverstone, essa automação não será mais tolerada.

E a melhora do motor Honda?

O próximo alvo parece ser o motor, a julgar pelas declarações de Lewis Hamilton ainda na sexta-feira do GP da Áustria. "Eles basicamente têm o modo de classificação que nós tínhamos no passado", disse o inglês, referindo-se a algo que foi banido durante a temporada de 2020.

"Perguntei para o meu pessoal. Não entendo de onde vem isso. É impressionante, e temos de trabalhar duro para saber se podemos nos igualar a eles de alguma forma", completou o inglês.

Seu chefe, Toto Wolff, lembrou que os motores estão homologados para a temporada e só é possível fazer atualizações por questões de confiabilidade. Então, "não deveria haver ganho de potência", embora ele acredite que o segundo motor introduzido pela Honda na temporada, que estreou na França, seja melhor que o primeiro. De qualquer forma, pelo menos publicamente, ele deixou claro que não estava insinuando que os rivais estão burlando as regras.

O que se sabe sobre a melhora do rendimento da unidade de potência da Honda é que a fornecedora de combustíveis, a Exxon Mobil, desenvolveu um novo lubrificante com elementos que são usados na indústria de cosméticos que protege melhor as partes metálicas do motor, ajudando na performance e na manutenção de temperaturas mais baixas. Esse lubrificante estreou no GP do Azerbaijão, e, de lá para cá, a Red Bull venceu todas as provas.