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Pinheiros busca equilíbrio para seguir maior clube olímpico, diz presidente

Recorrentemente o clube com mais atletas nas delegações olímpicas e pan-americanas do Brasil, o Pinheiros voltou a investir para seguir nesta posição. Anunciou recentemente a contratação de uma dupla de vôlei de praia, de um time inteiro de saltos ornamentais, e se reforçou até no badminton com jogadores da seleção brasileira.

Carlinhos Brazolin, presidente em primeiro mandato, lidera este novo momento do clube. Ex-jogador de basquete, com passagem por seleções de base, ele se equilibra para atender os interesses de 39 mil sócios, fazer funcionar um clube que tem mais de 80 mil acessos por semana e manter vitoriosa uma agremiação que teve 64 atletas no último Pan.

"O Pinheiros, o DNA dele é esporte. Estamos equilibrando os dois lados. Hoje temos o [Gilberto] Ratto no marketing esportivo, que está nos possibilitando alguns mimos a mais, como nossa equipe de saltos ornamentais. Tudo que você conseguir de novo, o sócio vai ficar feliz. Acabamos de entregar mais um campo de futebol. Se tiver um ponto de equilíbrio, todo mundo fica feliz", diz.

O clube paulistano, assim como co-irmãos da cidade, e gigantes como Minas Tênis Clube (BH), Praia Clube (Uberlândia), Flamengo (Rio), Sogipa (Porto Alegre) e Curitibano (Curitiba), há anos convive com interesses internos distintos. A maior parte das receitas deles vêm dos sócios, que nem sempre ficam felizes de ver o dinheiro pagando salário de atleta profissional.

Ao mesmo tempo, parte da estrutura esportiva desses clubes, utilizada também pelos sócios, foi financiada com recursos públicos, seja por fomento, Lei de Incentivo ou Loterias. E a contrapartida aguardada é que isso volte ao esporte de formação e de alto rendimento de alguma forma.

No Pinheiros, só o investimento direto do clube no esporte vai chegar perto de R$ 60 milhões este ano. "O Pinheiros tem investido dinheiro do sócio no esporte, mas o sócio adora. Ele tem o prazer de estar junto, mas claro que você não pode fazer estripulias. Por isso que queremos cada vez mais modificar esse trabalho. Tenho mais um ano e meio de gestão e espero que antes de pensar em reeleição eu tenha, não alterado totalmente esses números, mas os melhorado, para ter mais investimento de fora e menos do sócio", afirma Brazolin.

Se nos primeiros anos da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) o Pinheiros nadou de braçada e liderou a lista de quem mais arrecadou, atualmente o clube dos Jardins ficou bem para trás de rivais como o Flamengo. Os cariocas arrecadaram R$ 9,6 milhões só no ano passado, sendo mais de R$ 6 milhões somente com doações de pessoas físicas.

Clube da elite paulistana, o Pinheiros tem potencial para arrecadar milhões de reais só de seus sócios, mas Brazolin sabe que o trabalho não é fácil. "Estamos fazendo projetos para que a gente converse com o sócio. Mesmo com parte do PIB aqui dentro, explicar como doar não é tão simples. O Flamengo pegou R$ 6 milhões, mas é o Flamengo. Eu já trabalhei muito com as lojas do Corinthians e sei o que é a paixão do futebol. Estamos aprendendo e perguntando para quem sabe usar, como eles."

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Imagem: Wagner Carmo/CBAt
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Proprietário de uma rede de lojas em shoppings, especialmente de roupas de grife, Brazolin diz que não visita algumas delas há tempos, porque o Pinheiros ocupa toda sua agenda. Alto, não passa nunca desapercebido pelas alamedas pinheiristas. Como bom político, presidente de um clube com mais de uma dúzia de partidos políticos internos, cumprimenta um por um dos associados.

Quando jovem, foi jogador de basquete. Teve bolsa para cursar universidade nos EUA, de onde voltou com diploma de engenheiro. Como gestor, ajudou a argentina Karina a montar uma equipe feminina de basquete em Campinas.

Hoje a modalidade é uma das poucas que inexistem no Pinheiros. O clube é um dos mais tradicionais do basquete masculino, mas não tem o feminino nem na base. E isso não deve mudar tão cedo. "O basquete feminino exige que você viaje pelo interior, que é onde estão os times. Eu não tenho como, no clube, que já tem pouco espaço, começar um projeto onde eu tenha que passar um dia viajando para jogar em Araçatuba. Fica muito longo montar um time aqui. Quando tivermos o novo poliesportivo, podemos abrir para outras modalidades coletivas que hoje não temos, como o basquete feminino", afirma.

O projeto de um novo prédio poliesportivo, com quadras espalhadas em quatro ou cinco pavimentos, como é no Palmeiras, depende de alterações na Lei de Zoneamento da região. No Plano Diretor do próprio clube, documento que indica os próximos passos do Pinheiros, o prédio já está previsto.

Quando ele for erguido, o clube deve ampliar a oferta de vagas nas escolinhas. No vôlei feminino, por exemplo, há fila: mais meninas querendo jogar do que a estrutura física do clube, um dos mais bem estruturados do país, comporta. Isso apesar da má fase do time profissional, que flertou com o rebaixamento na Superliga.

No basquete masculino, outro time importante para o Pinheiros, a equipe também está na metade de baixo da tabela do NBB e há anos não briga por grandes títulos. Brazolin reconhece que o momento não é de conquistas, mas avalia que esta é só uma fase.

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"O Pinheiros tem 124 anos. Tem uma história. Tem ciclos que você vence, tem ciclos que você não vence. O Pinheiros sempre vai estar entre os melhores, é nossa filosofia. Ano passado no CBC [Comitê Brasileiro de Clubes] não ganhamos o prêmio de clube formador? O relógio tem os ponteiros do segundos, que sem eles não tem os minutos, que sem eles não tem hora, nem os dias. Tem momentos que a gente vai ser os minutos, tem horas que vai ser os dias, vamos ser os protagonistas. Não me preocupa as épocas que não vamos ser protagonistas. Me preocuparia se não tivéssemos nosso corpo técnico pensando como vamos voltar a ser."

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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