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Casas de apostas combinam de não usar menores de 25 anos em propagandas

Esquema de apostas; futebol; dinheiro no futebol - Getty Images
Esquema de apostas; futebol; dinheiro no futebol Imagem: Getty Images

11/05/2023 17h15

Uma associação que reúne diversas das grandes casas de apostas em operação no país decidiu se antecipar ao governo federal e criou o Código Brasileiro de Autorregulação Publicitária para o setor de apostas esportivas. O documento é um acordo no qual todas concordam em seguir determinadas regras de publicidade, mas não prevê punições a quem não cumprir.

Assim a autorregulamentação: Sportsbet.io, Rei do Pitaco, Netbet, Sportingbet, Betfair, Betway, Betsson, Bet365 e KTO.

Algumas das regras se assemelham às do setor de bebidas por parte do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), entre elas a proibição de uso de garotos e garotas propaganda de menos de 25 anos e uma limitação de publicidade na TV das 21h às 6h, com exceção para patrocínio de eventos esportivos, com propagandas permitidas desde uma hora até uma hora depois do jogo.

O código do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) tem dois pilares principais: proteção de menores de idade, com regras que proíbem que a publicidade seja voltada a esse público, e mensagens de jogo responsável. Ao menos uma das signatárias tem um jogador menor de idade como "embaixador", o que a autorregulamentação proíbe expressamente.

O documento sugere "um certo grau de padronização" dessas mensagens de jogo responsável e sugere, entre outras "jogue por diversão, não para ganhar" e "conheça o seu limite e jogue dentro dele".

O setor tem sido alvo de críticas depois que uma operação do Ministério Público de Goiás descobriu que diversas partidas do Campeonato Brasileiro das séries A e B foram manipuladas por atletas que aceitaram suborno de apostadores. Quando uma fraude do tipo acontece, as casas de aposta são vítimas, mas acabam responsabilizadas perante a opinião pública, porque as plataformas são vistas como espaço para enriquecimento rápido.

Como resposta a isso, elas defendem, na autorregulamentação, que suas comunicações de marketing não devem "despertar a esperança nas mentes dos consumidores de que a participação levará ao enriquecimento".

Entre as proibições está "sugerir a atividade de apostas esportivas como uma alternativa ao emprego, investimento financeiro ou como uma forma de obter segurança financeira". Atualmente, no Brasil, há cada vez mais influenciadores vendendo a ideia oposta, que é possível se sustentar a partir de apostas.