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Olhar Olímpico

REPORTAGEM

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Ana Moser toma posse no Esporte e pede escolas com nome 'Rei Pelé'

04/01/2023 10h28

A medalhista olímpica Ana Moser, de 54 anos, foi empossada nova ministra do Esporte nesta quarta-feira (4), em Brasília. O antecessor direto dela, Marcelo Magalhães, que foi secretário do Esporte no governo Bolsonaro (PL), não participou da transmissão do cargo.

  • Ana Moser é só a segunda ex-atleta a ocupar o posto de ministra do Esporte. O primeiro foi Pelé, entre 1994 e 1998, no primeiro governo FHC (PSDB). Desde então o cargo era ocupado por indicados de partidos políticos.
  • A agora ministra fez um apelo: que muitas escolas sejam denominadas 'Rei Pelé', em homenagem ao Rei do Futebol, que morreu no fim do ano passado e foi enterrado ontem.
  • "Os alunos dessas escolas vão aprender a história do Pelé, que é a história do esporte brasileiro, a história do Brasil", disse.
  • Ela também homenageou Sócrates e Isabel Salgado, ambos expoentes do perfil 'atleta que se posiciona politicamente'. O ex-jogador de futebol teve papel importante no projeto Caravanas do Esporte, ligado à ONG de Ana Moser, e a ex-jogadora de vôlei e vôlei de praia chegou a ser anunciada no grupo de transição, mas faleceu subitamente no dia seguinte. As duas jogaram juntas.
  • Marta Sobral, campeã mundial de basquete, foi anunciada como nova secretária de alto desempenho -- a pasta antes se chamava secretaria de alto rendimento.
  • Diogo Silva, ex-atleta de taekwondo, também foi anunciado no ministério, ainda sem cargo definido, e José Luís Ferrarezi (PT), ex-vereador de São Bernardo do Campo (SP), será o secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor.
Durante a cerimônia, Ana Moser falou bastante sobre seu grande foco no ministério: o esporte para todos (leia mais na entrevista dela ao Olhar Olímpico). "Aceitei a missão em nome da causa, que é garantir o direito de todos ao esporte. Foi um pedido do presidente Lula: fazer uma revolução no esporte, oferecer acesso ao esporte na vida de todos e todas os brasileiros."

"Queremos sensibilizar lideranças para entender o papel do esporte. Ter a cultura da prática motora, a cultura da prática esportiva, inseridas nas famílias, nos bairros, nas cidades. Hoje a gente não se conhece quantas pessoas são atendidas. A gente sabe quantos atletas de judô tem no país, de natação, mas não tem a mínima noção da parcela da população atendida em atividades físicas e esportivas. Para conseguir será preciso envolver diversos atores."

Tanto a ministra da Saúde, Nísia Trindade, quanto o ministro da Educação, Camilo Santana, estiveram presentes à cerimônia. Ana Moser já havia dito, e repetiu hoje, que pretende ter suas duas primeiras agendas com eles, já que tanto a Saúde quanto a Educação são fundamentais no esporte para todos: "O público é o mesmo", repetiu.
  • Ana Moser citou que já foi conhecida por enfrentamentos que teve no passado, e avisou que talvez eles se repitam. "Continuaremos a ter esses episódios, se for o caso. Mas eu creio que não será."
  • Em uma mudança de perspectiva histórica, ela elogiou as torcidas organizadas de futebol e disse querer se aproximar do grupo pelo trabalho social que vai na linha do esporte como direito de todos.
  • "Avaliamos muito positiva a humanização e ampliação dessas relações", disse.
  • Ainda que nem o COB nem a CBV tenham feito qualquer comentário sobre a nomeação de uma medalhista olímpica como ministra do Esporte, tanto o presidente do COB, Paulo Wanderley, quanto o vice da CBV, Radamés Lattari, estiveram presentes ao evento.
  • Ao fim do discurso, Ana Moser fez algo incomum em sua trajetória, e falou da família. Agradeceu a esposa, a jornalista Adriana Saldanha, e os filhos, Estefani e Pedro, relatando que ele não estava presente por ser do espectro autista.