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Olhar Olímpico

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Natação confirma índices para Paris e brasileiros terão caminho duro

Guilherme Costa, o Cachorrão, conquistou o bronze nos 400 m livre do Mundial de natação em Budapeste - Tom Pennington/Getty Images
Guilherme Costa, o Cachorrão, conquistou o bronze nos 400 m livre do Mundial de natação em Budapeste Imagem: Tom Pennington/Getty Images

18/07/2022 12h17

A Federação Internacional de Natação (Fina) anunciou nesta segunda-feira (18) os critérios de classificação da natação para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. E uma das novidades é que os índices, muito fortes, são os mesmos que já haviam sido divulgados em abril. Na ocasião, eles foram criticados e a Fina retirou o documento do ar, dizendo que era apenas um rascunho. A outra é que a maioria das vagas dos revezamentos sairá pelo criticado Mundial de 2024, em Doha (Qatar), em fevereiro de 2024, a cinco meses da Olimpíada.

São dois índices para cada prova. O "A", que permite dois atletas de um mesmo país, e o "B", um pouco mais fraco, que só leva um nadador, mas caso haja vaga na prova e caso não haja ninguém daquela nação com o "A". Como referência, foram adotados os tempos dos 14º colocados da fase eliminatória da Olimpíada — acrescido 0,5% para aferir o índice B.

A janela de obtenção de índices começa a valer em março do ano que vem, mas o Mundial de Budapeste, no mês passado, serve para comparar o nível dos atletas brasileiros hoje com o que vai ser exigido deles para ir a Paris. Na Hungria, só cinco brasileiros nadaram abaixo do índice A: Bruno Fratus (50m livre), Fernando Scheffer (200m livre), Guilherme Costa (400m, 800m e 1.500m livre), Giovanna Diamante (100m borboleta) e Bia Dizotti (1.500m livre).

Mesmo se a CBDA passar a adotar também o índice B, o que historicamente ela não faz, o número de brasileiros nadando dentro do necessário para a Olimpíada não cresce muito. No Mundial, se apresentaram abaixo do índice B apenas também Leo de Deus (200m borboleta), Stephanie Balduccini (100m livre) e Viviane Jungblut (1.500m livre).

Mas, como também é critério para o índice B que ninguém do país tenha índice A, Vivi, por exemplo, não iria à Olimpíada com o que fez em Budapeste. Ou seja: se o Mundial fosse a seletiva olímpica, o Brasil teria no máximo sete classificados em provas individuais, e dois deles com vagas condicionais, que só seriam confirmadas, ou não, a menos de um mês da Olimpíada.

A partir dos critérios anunciados hoje pela Fina, a CBDA vai estabelecer os dela, e uma opção é relaxar a limitação a que os índices sejam feitos em um único evento (normalmente o Troféu Brasil de dois ou três meses antes), autorizando, por exemplo, a inscrição de atletas que fizeram as marcas no Pan, em outubro de 2023, que costuma ser elegível pela Fina para a obtenção de índices.

O problema é que a distribuição de vagas de revezamento vai bagunçar todo o calendário. O Japão sediaria um Mundial em Fukuoka este ano, que acabou adiado para o ano que vem. Aí, o de Doha passou para 2024, em fevereiro, a cinco meses da Olimpíada. No que depois a Fina disse que era um "rascunho", estava previsto que, em cada revezamento, 12 vagas seriam distribuídas em Fukuoka e as demais pelo ranking.

Agora, este Mundial vai classificar só os três primeiros times de cada revezamento e as outras 13 vagas serão colocadas em jogo no Mundial de Doha, o que vai exigir que os países levem equipes em forma para o Qatar, em fevereiro de 2024. E isso atrapalha muito o calendário tradicional, de seletivas nacionais em abril/maio do ano olímpico. A exceção é os EUA, que podem conseguir classificar todos os revezamentos ainda em 2023.

Assim, os principais nadadores do país teriam que polir para o Mundial de 2023 (14 a 30 de julho), o Pan (21 a 25 de outubro), o Mundial de 2024 (2 a 18 de fevereiro), a Olimpíada (27 de julho a 3 de agosto) e ao menos uma, mas até duas seletivas nacionais neste período.

Por conta do provável baixo número de atletas classificados individualmente, o Brasil terá se virar para formar equipe nos revezamentos, caso consiga vaga. A Fina manteve o critério de dois atletas extras, para nadar só revezamento, para cada um classificado. Assim, se o Brasil classificar seis revezamentos, por exemplo, teria direito a 12 nadadores indo à Olimpíada só para nadar revezamentos.