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Olhar Olímpico

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Bradesco encerra patrocínios a confederações e atinge judô, vela e rúgbi

Judô tinha patrocínio do Bradesco - Divulgação
Judô tinha patrocínio do Bradesco Imagem: Divulgação

17/01/2022 10h36

Uma das poucas empresas privadas que continuava a fazer investimentos expressivos no esporte olímpico brasileiro, o Bradesco não renovou os contratos como patrocinador master das confederações de vela, judô e rúgbi. Isso significa um desfalque de cerca de R$ 10 milhões ao ano na soma dessas três modalidades.

A informação de que o Bradesco encerrou os contratos depois de 11 anos foi publicada pelo site Máquina do Esporte, mais cedo. "Ao longo desse período, que compreendeu três ciclos olímpicos, as modalidades acumularam centenas de conquistas e, mais importante, contribuíram para a inclusão social e desenvolvimento de milhares de brasileiros e brasileiras. O Bradesco agradece às instituições, dirigentes e aos atletas pela dedicação ao esporte nacional, que transforma a vida de pessoas ligadas a essas três categorias", comentou o banco.

Os valores envolvidos nos contratos já não eram os mesmos do ciclo olímpico da Rio-2016, quando o esporte olímpico brasileiro recebeu apoio recorde, mas eram fundamentais para a sobrevivência das três confederações. O judô, por exemplo, recebeu R$ 7,5 milhões do Bradesco em 2019, entre repasses diretos (R$ 5 milhões) e via Lei de Incentivo ao Esporte (R$ 2,5 milhões). Isso equivale ao que a CBJ recebeu da Lei Agnelo/Piva (da Loterias) no mesmo ano: também R$ 7,5 milhões.

Antes campeão de patrocínios, o judô enterra de vez uma fase de bonança. Em 2013, a confederação arrecadou R$ 28 milhões com patrocínio, em valores da época, ou R$ 45 milhões corrigidos. Sem o banco, a CBJ fica apenas com o patrocínio da Cielo, que paga por meio de doações na Lei de Incentivo ao Esporte. A Mizuno é fornecedora de material esportivo e não repassa dinheiro à confederação.

Procurada pela coluna, a CBJ disse que "o judô brasileiro será sempre grato ao Bradesco pelo apoio fundamental ao longo dos 11 anos de parceria que rendeu grandes conquistas à nossa modalidade, além de contribuir para o desenvolvimento esportivo e social da comunidade do judô em todo o Brasil." A entidade afirmou que mantém contratos com a Cielo e a Mizuno.

A Confederação Brasileira de Vela já nasceu com patrocínio do Bradesco que, nas palavras do presidente da entidade, permitiu à CBVela "surgir, existir e gerar tantos resultados positivos". A modalidade recebeu quase R$ 1,2 milhões de patrocínio do Bradesco em 2019 e R$ 2 milhões em 2020, o que foi quase a totalidade das receitas da CBVela, que estava proibida de receber recursos públicos — em 2020. Essa proibição caiu no ano passado, quando o COB assumiu perante à Receita Federal uma dívida da antiga confederação de vela e motor.

No rúgbi, o Bradesco também era patrocinador máster e com imagem bastante atrelada à confederação. Mas a CBRu não detalha, em seu balanço financeiro, quanto recebe de cada patrocinador. Em 2020 inteiro, a confederação recebeu R$ 1,6 milhão em patrocínios, ante R$ 3 milhões em 2019. A entidade tem outras empresas, como TIM, Livelo e Heineken, em cotas menores.

À coluna, depois de publicação deste post, a CBRu disse que o contrato de patrocínio firmado entre as partes contemplava cerca de R$ 1 milhão ao ano pela Lei Federal de Incentivo ao Esporte. "Ademais, o contrato incluía um valor de patrocínio e ativações, variável ano a ano, de acordo com o calendário esportivo e com entregas de marketing e comunicação, realizado por meio de investimento direto", explicou a confederação, que agradeceu o Bradesco pelos 11 anos de história. "Uma relação marcada pelo profissionalismo e reconhecida por todos os envolvidos quanto aos resultados de exposição de marca."

Em nota, o Bradesco disse que vai continuar apoiando o esporte, mas por meio da ADC Bradesco Esportes e Educação, projeto social baseado em Osasco (SP), onde o banco tem sua sede, e que é um dos principais celeiros de atletas tanto no vôlei feminino quanto no basquete feminino.