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Ex-presidente do handebol é suspenso por dois anos em caso de assédio

Ricardo Souza, o Ricardinho, presidente da Confederação Brasileira de Handebol - Agência Câmara
Ricardo Souza, o Ricardinho, presidente da Confederação Brasileira de Handebol Imagem: Agência Câmara

28/08/2020 12h14

O Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB) aplicou uma suspensão de dois anos ao vice-presidente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), Ricardo Souza, em uma denúncia de assédio sexual e moral nos Jogos Pan-Americanos do ano passado, quando ele era presidente em exercício. A suspensão impede que ele reassuma a confederação caso o presidente Manoel Oliveira seja afastado pela Justiça em julgamento no próximo dia 10. A tendência é de uma intervenção judicial na entidade.

Órgão independente do COB, o conselho publicou uma ementa confirmando a procedência da denúncia contra Ricardinho, como ele é conhecido, mas sem detalhar nem a acusação nem a punição aplicada. Essa é uma nova norma interna. As punições não serão públicas logo após o julgamento porque o estatuto do COB prevê a possibilidade de recurso a uma câmara arbitral no Brasil.

O Olhar Olímpico apurou, porém, que a suspensão é de dois anos e tem início imediato - logo, a partir de ontem (27). Durante dois anos, Ricardinho não poderá exercer qualquer função no COB e nas confederações olímpicas. Ele também terá que se afastar da CBHb e de eventuais postos em federações estaduais - Ricardinho é de Alagoas. A punição não o afasta da vice-presidência da Coscabal, a recém-criada confederação de handebol das Américas do Sul e Central.

Além da suspensão, Ricardinho também foi multado em R$ 10 mil, que ele deverá pagar ao COB dentro de 30 dias. O valor será revertido para custear despesas de um programa de prevenção de assédio moral e sexual. Por fim, ele precisará participar desse mesmo programa como aluno.

O Olhar Olímpico revelou ontem que o cartola estava sendo investigado por assédio sexual. Pouco depois, o Conselho de Ética divulgou a procedência da denúncia citando o nome da vítima, mas não o teor da denúncia. Por se tratar de um caso de assédio, a reportagem seguirá preservando a vítima.

Credenciada nos Jogos Pan-Americanos, ela descobriu em Lima que sua hospedagem seria como "acompanhante" (no sentido de pessoa que acompanha, que pode ser filho, esposa, marido, mãe, etc) de Ricardinho, dividindo quarto com ele no hotel reservado pelo COB às autoridades do esporte olímpico brasileiro. A vítima se recusou e acabou alojada em outro hotel. Depois, ela gravou uma discussão em uma van da delegação, onde Ricardinho confirma, no entender do Conselho de Ética, acreditar que teria um relacionamento pessoal com a funcionária no Pan.

Ricardinho foi procurado pela reportagem para comentar a acusação e a suspensão, mas não respondeu às mensagens.