Milly Lacombe

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Corinthians masculino precisa de renovação geral começando pelo gol

Cassio Ramos é o maior goleiro da história de um clube que já teve monumentos debaixo da trave. Merece estátua, documentário, biografia, sala exclusiva no museu do Corinthians. Uma década de Cassio no gol. Uma década de glórias. Isso dito, com tristeza mas também com firmeza, seria preciso compreender que Cassio deve sair. Ao lado de outros ídolos a quem a torcida só tem a agradecer.

É estranho falar que Cassio precisa sair se ele ainda tem sido o destaque do time. De fato, porque é um fora de série, ele segue fazendo defesas difíceis. Mas acho que duas coisas precisam ser consideradas aqui, ou talvez três.

A primeira é que Cassio já não tem a impulsão de antes. Em bolas a meia altura e rasteiras ele faz mágica, mas o número de golaços que ele tem levado em bolas altas deveria chamar a atenção para a atual dificuldade em saltar.

A segunda é que ele tem como reserva um monstro de atleta.

Carlos Miguel vai além de sua estatura bizarra (2,03m). Ele é refinadamente técnico, tem atitude de líder, tem reposição de bola, tem um imenso futuro de glórias pela frente. Essa diretoria que ama liquidar o Terrão por quase nada já está doida para negociar Carlos Miguel antes de apagar as luzes. Seria, entre todas as vendas equivocadas de futuros craques por uma miséria de dinheiro, a pior delas. Pior do que negociar Robert Renan.

A terceira é a de preservar o ídolo. Cassio assina a conquista de uma Libertadores e de um mundial. Sem suas mãos, não haveria um e, não havendo um, muito menos o outro. Sair agora é interromper a queda. De eficiência, de idolatria e de paciência.

Particularmente, Cassio se apagou para mim quando foi um dos líderes da proteção a Cuca. Foi ele que primeiro correu para abraçar o treinador depois da vaga conquistada nos pênaltis contra o Remo (ignorou a torcida que empurrou o time e correu para o treinador) e saíram de sua boca algumas das maiores bizarrices contra a legítima manifestação das mulheres corintianas. Virou as costas para o time feminino que tem (tinha) ele como exemplo. Não parabenizou Lelê pelas defesas que garantiram a conquista da Libertadores esse ano.

É difícil perder um ídolo, ou vê-lo muito de perto, mas é parte do amadurecimento também. Cassio sempre será craque e protagonista de conquistas inéditas. Ídolo, a menos que venha a público se desculpar por tanta babaquice machista, nunca mais.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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