Cai a máscara de um prêmio vergonhoso que nunca fez sentido no futebol
O badalado Bola de Ouro, prêmio entregue pela revista France Football ao suposto melhor jogador da temporada, revelará suas reais cores na cerimônia dessa segunda-feira, 28 de outubro de 2024, ao não premiar Vini Jr.
Jornalistas europeus mas também dos demais continentes votam todos os anos naquele que julgaram ser o melhor. "O melhor", claro, varia de pessoa para pessoa porque os elementos da escolha são puramente subjetivos.
Vota-se movido por sentimentos. Como debater com quem acredita que Bellingham, Rodri, Pedro, Messi, Luiz Henrique ou Ganso foram melhor do que Vini? Estamos dentro do universo das emoções e, nele, nos movemos por estimas. Então, jamais haverá consenso. E tudo bem não existir unanimidade. Não é isso que importa.
O que importa é compreender que a eleição vai ser sempre injusta com centenas de outros atletas. Nomear um homem ou uma mulher dentro de esportes coletivos é um monumento a injustiças. Eleger os campos europeus como únicos palcos possíveis para jogar nosso olhar faz parte do estado colonizado de nossos afetos.
E se são sentimentos que mobilizam o voto é apenas razoável imaginarmos que o racismo tenha exercido papel decisivo para que Vini não seja eleito.
O racismo dos eleitores somado à luta antirracista liderada pelo brasileiro, que enfurece os colonizadores de modos ainda mais profundos. Não pode se manifestar, não pode vestir as armaduras da batalha. Só pode mesmo existir enquanto classe trabalhadora: jogando bola. No mais, não te aceitamos.
Uma sociedade minimamente decente elegeria Vini não apenas porque ele de fato teve uma temporada espetacular, mas também por causa da sua luta.
Vini está tomando consciência das coisas que o mundo faz com aqueles que se propõem a batalhar contra sistemas hegemônicos. Não elegê-lo é mandar um recado bastante claro: se seguir lutando contra o racismo, seguirá perdendo aqui com a gente.
Que Vini tenha forças para se manter imenso dentro de campo. Que não perca a alegria jamais porque é no sequestro de nosso sorriso que esse sistema opressor nos mantém em cativeiro.
Agora é seguir bailando, sorrindo e calando racistas. O grande prêmio será seu lugar dentro da história. Um lugar no qual Rodri - um jogador também brilhante e provável vencedor da noite de hoje - estará curvado ao brasileiro.
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