Fábio Seixas

Fábio Seixas

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
OpiniãoEsporte

No 1º dia com a sombra de Ricciardo, Pérez derrete mais um pouco

Foram duas horas de sessões livres em Budapeste, novidades em alguns carros, chuva, pista seca, mas nada superou o que aconteceu com apenas 4 minutos de treino.

Saindo dos boxes pela primeira vez e calçando pneus médios, Pérez cometeu um erro banal na curva 4. Freou com a roda dianteira esquerda na grama, perdeu o controle do carro na curva 5, atravessou toda a área de escape, bateu forte na barreira de pneus.

Bandeira vermelha acionada, bico e suspensão dianteira destruídos, carro suspenso pelo guindaste, fim de treino para o mexicano.

Enquanto tudo isso acontecia, as câmeras focalizavam seus chefes, Horner e Marko, visivelmente contrariados, incrédulos com o que testemunhavam.

Pérez estava do mesmo jeito.

"Não, não consigo acreditar nisso", lamentou pelo rádio, antes de deixar o RB19 cabisbaixo, postura que manteve pelos 56 minutos seguintes, sempre que surgia na tela.

Assim começou seu primeiro fim de semana de GP desde a chegada de Ricciardo à AlphaTauri.

Assim Budapeste nos ofereceu uma demonstração prática, escancarada e sem filtros do que é um piloto de F1 derretendo diante da pressão de uma equipe.

Carro de Sergio Pérez na barreira de pneus no início do primeiro treino do GP da Hungria
Carro de Sergio Pérez na barreira de pneus no início do primeiro treino do GP da Hungria Imagem: F1TV/Reprodução
Continua após a publicidade

Não, não foi por acaso que a transmissão buscou Horner e Marko. Depois de vencer dois GPs no início da temporada, Pérez entrou numa espiral negativa a partir de Miami, em maio.

Curiosamente ele poderia ter saído de lá na liderança do campeonato. As chances eram reais: largava na pole position, com Verstappen em nono. Não foi o que aconteceu. O holandês brilhou na corrida e venceu. Ao que tudo indica, foi o gatilho para Pérez sucumbir.

Já são cinco corridas sem conseguir avançar para o Q3 _neste mesmo período, com o mesmo carro, Verstappen acumulou cinco poles. E o que já seria uma pressão forte aumentou ainda mais na última semana, com Ricciardo ganhando uma chance na AlphaTauri.

O australiano não esconde de ninguém que seu sonho é voltar à Red Bull o quanto antes. O contrato de Pérez termina no fim de 2024. Mas sabemos como a equipe trata seus pilotos...

Se o mexicano teve alguma sorte nesta sexta foi o fato de ter chovido a partir dos 15 minutos do primeiro treino, o que minimizou seu prejuízo com a pouca quilometragem.

Apenas 13 pilotos marcaram tempos. O mais rápido foi Russell, da Mercedes, com 1min38s795, 0s359 de vantagem para Piastri, da McLaren. Stroll, Norris e Alonso vieram na sequência. Verstappen e Hamilton estiveram entre aqueles sem volta cronometrada.

Continua após a publicidade

A segunda sessão aconteceu com pista seca e teve Leclerc com o melhor tempo: 1min17s686. Norris ficou muito próximo, a 0s015. Gasly, Tsunoda e Ocon fecharam o top 5.

A Red Bull claramente trabalhou pensando em acerto para a corrida, sem se preocupar com tempo: Verstappen ficou em 11º, com Pérez em 18º. Mas deve ter incomodado o mexicano ver Ricciardo, com a AlphaTauri, quatro posições à sua frente.

Neste sábado, a partir das 11h (de Brasília) tem classificação. Pérez pode começar a se redimir.

Ou pode dar mais um passo em direção à porta de saída da melhor equipe da F1 atual.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes