Fábio Seixas

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OpiniãoEsporte

Nem Leclerc, queridinho de Maranello, aguenta mais os erros da Ferrari

Uma declaração de Leclerc, ao fim do GP da Hungria, ilustra bem a draga vivida pela Ferrari.

O monegasco foi questionado sobre a rispidez das mensagens trocadas com a equipe, via rádio, durante a corrida. Acredite se quiser, saiu-se com essa...

"Estávamos com muitos problemas no rádio. A cada quatro palavras, uma não era entendida pelos engenheiros. Por isso meu tom de voz era tão alto. Eu precisava fazer com que eles me ouvissem. Eu queria ser mais agressivo no começo, não no final. Estamos sofrendo com esse problema há três ou quatro corridas. Precisamos resolver isso."

Sim, ele disse que o rádio da Ferrari não funciona desde Canadá ou Áustria.

De duas, uma. Ou ele inventou uma desculpa ali na hora para encobrir seu mal estar com a equipe ou o buraco em que a Ferrari se enfiou é mais profundo do que imaginávamos.

O primeiro cenário dá para entender.

Acontece o tempo todo: o piloto ainda está de cabeça quente, não falou direito com os assessores da equipe, não sabe exatamente quais conversas foram divulgadas na transmissão, é pego no contrapé pela pergunta de um repórter e inventa qualquer coisa para se safar.

Foi por isso, lembro, que a Ferrari proibiu Barrichello de dar entrevistas logo após as corridas ainda no início de 2000, seu primeiro ano por lá.

O segundo cenário é mais provável, até por não ter sido desmentido pela equipe. O que é chocante. Indica incompetência, despreparo e displicência, atributos que deveriam passar longe de uma equipe com a história e a imagem de excelência da Ferrari.

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Como assim, defeito no rádio "há três ou quatro corridas"? Liga pra assistência técnica, chama o garoto da TI, convoca o papa!

Como assim?

E não foi só. Leclerc, que perdeu 9 segundos na primeira troca de pneus e que depois foi punido em 5 segundos por exceder a velocidade no pit lane, viveu outro problema bizarro.

Charles Leclerc entra no carro da Ferrari para correr o GP da Hungria, em Budapeste
Charles Leclerc entra no carro da Ferrari para correr o GP da Hungria, em Budapeste Imagem: Ferrari

Mais uma vez, acredite se quiser: o canudo da garrafa d'água foi cortado curto demais. Não chegava ao capacete. Ele e a equipe só perceberam instantes antes da volta de apresentação, quando não havia tempo para mais nada. Ele passou o GP inteiro sem se hidratar.

É alto verão na Europa, a região do Hungaroring é particularmente quente e a temperatura no asfalto superou os 50°C durante a corrida.

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Vale repetir a pergunta. Como assim?

Há algo profundamente errado na Ferrari. Ou a escuderia passa por um choque de gestão, do alto escalão ao apertador de parafusos, ou esse tipo de situação seguirá acontecendo.

De qualquer forma, os dois cenários chegam a uma mesma conclusão: a paciência de Leclerc acabou. Nem mesmo um piloto criado e alimentado em Maranello aguenta tantos erros.

Cada vez é mais plausível imaginá-lo com macacão de outras cores.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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