Como app inimigo da Uber ajuda motoristas a escolherem só as corridas caras

Cada vez mais popular entre os motoristas de aplicativo, uma ferramenta tem ajudado os profissionais a identificarem quais são as corridas que valem a pena para eles. Como se não bastasse, o recurso é capaz de recusar, de maneira automática, aquelas que não atingem valores pré-determinados.

A tecnologia é da startup StopClub e tem compatibilidade com todas as plataformas de corridas por aplicativo, desde que o usuário tenha Android. A 99 já começou, por conta própria, a abrir esse tipo de informação para os motoristas - independentemente de utilizarem programas paralelos.

Entretanto, a Uber não só se mostrou contrária a isso, como também já ajuizou uma ação contra a empresa da ferramenta, que entre outras funções, dispõe também de:

Gravação de viagens

Rede de apoio formada por outros motoristas, com compartilhamento em tempo real

Contato por voz com motoristas próximos

Troca de experiências entre motoristas

Indicações de serviços

Como app ajuda o motorista a fugir das corridas "micadas"

Dentro da plataforma, há uma função chamada de 'Calculadora de Ganhos com o MacroDroid'. Trata-se de um programa de código aberto capaz de comandar funções automáticas no sistema Android

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Com ela, o profissional pode descobrir quanto dinheiro a corrida renderá, sempre em função do tempo ou da distância percorrida. Assim, é capaz de identificar quando valerá a pena realizar, ou não (pois não necessariamente a corrida mais cara é sempre a melhor)

Como se não bastasse, o usuário da StopClub pode ter suas corridas "ruins" recusadas automaticamente, por meio de outro recurso chamado de 'Recusa Automática'. Esse modo é habilitado após o motorista estabelecer um valor de referência mínimo. Dessa forma, somente quando a oferta superar o piso será aceita pelo programa

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Uber entra com ação contra StopClub

Antes de ajuizar a ação, conforme consta nos autos, a Uber enviou notificação extrajudicial para a StopClub buscando a interrupção do funcionamento do programa, dando prazo de até 5 dias para a reação. Entretanto, por não obter qualquer resposta, virou caso de justiça no dia 17 de julho.

O objetivo permanece o de impedir que a StopClub continue servindo aos motoristas de aplicativo que, por meio da ferramenta, identificam corridas que não valem a pena. A empresa de transportes por aplicativo quer indenização por danos morais, em valor não inferior a R$ 100 mil, em vista do "abalo à honra da Uber causado pelos atos ilícitos", conforme descreve nos autos.

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Em resposta à reportagem, o co-fundador da StopClub, Luiz Gustavo Neves, mostrou prints que apontam que, na verdade, a empresa tinha, sim, enviado resposta à Uber sobre a notificação extrajudicial - tanto pelo correios, quanto por meios digitais.

"A Uber traz, nesse processo, diversos outros argumentos sem sentido algum, muitos em evidente má-fé", afirma o executivo, que reitera o compromisso da empresa para com os motoristas de sinalizar quais são as corridas mais rentáveis (que não necessariamente são aquelas mais caras para o passageiro).

Antes de julgar o pedido de liminar que derrubaria a funcionalidade da "inimiga" da Uber, o juiz responsável pelo caso, Eduardo Palma Pellegrinelli (TJSP), determinou que a empresa acusada fosse ouvida. Entretanto, a StopClub ainda será citada no processo e, por isso, ainda não se manifestou em juízo.

Motoristas defendem ferramenta, mas Uber faz alertas

É importantíssimo fazer esse tipo de cálculo, pois, hoje em dia, tem corrida cujo custo por quilômetro se aproxima muito do preço dos combustíveis. Isso quando empatam, pois há situações em que o motorista chega a ficar no prejuízo. Eduardo Lima, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo de São Paulo (Amasp).

"Ocorre que, desde 2018, as tarifas das corridas estão congeladas, ou seja, não acompanharam os aumentos dos combustíveis e a inflação. Por isso, o motorista de aplicativo precisa trabalhar muito mais horas do que antes de 2018 para lucrar a mesma quantia de dinheiro", explica o presidente da entidade.

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"Além da defasagem, há o fato de que, em uma corrida de R$ 5, muitas vezes há duas, três ou quatro pessoas para serem transportadas. Se elas tivessem que ir de ônibus, cada uma delas pagaria R$ 4,40, e sem ter a mesma comodidade do automóvel", finaliza.

O assunto é bem complexo e polêmico. A própria Uber diz, por sua vez, que:

"Usa todos os recursos possíveis, seja tecnológicos ou jurídicos, para proteger a integridade da plataforma e manter a experiência dos usuários que buscam viagens em níveis satisfatórios. Nesse sentido, não é permitido o uso de sistemas ou ferramentas de automação durante o uso do aplicativo, como robôs que fazem intervenções no lugar de ações humanas. Por exemplo, decidir seguidamente, em centésimos de segundos, a recusa automática de solicitações de viagens. O funcionamento de robôs como esses viola os Termos Gerais de Uso da plataforma e prejudica usuários e motoristas parceiros, afetando a confiabilidade da plataforma como um todo".

À medida que a redação do UOL Carros for recebendo novidades sobre o caso, a página será atualizada com mais fatos relevantes.

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