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Como o esporte ajuda médica carioca a lutar contra a esclerose múltipla

Chris Prado encontrou o esporte um meio de minimizar os efeitos da esclerose múltipla - Acervo Pessoal
Chris Prado encontrou o esporte um meio de minimizar os efeitos da esclerose múltipla Imagem: Acervo Pessoal

30/08/2021 20h00

Um diagnóstico recebido há 15 anos mudou a vida da médica Christiane Prado. Desde então, a carioca de 42 anos passou a travar uma batalha contra a esclerose múltipla, doença autoimune que acomete o sistema nervoso. E foi no esporte que ela encontrou uma maneira de minimizar os efeitos. Nos anos seguintes, tornou-se triatleta. Hoje, dedica parte do seu tempo ao paraciclismo.

Neste dia 30 de agosto, é celebrado o Dia Nacional da Conscientização sobre a Esclerose Múltipla. A história de Chris Prado é um exemplo de como o conhecimento, além do próprio esporte, é fundamental para diminuir os efeitos da doença.

Ela mesmo, inclusive, faz isso, por meio da medicina do esporte e do grupo Esclerose Múltipla EM Movimento. Ela também é representante da ONG Amigos Múltiplos pela Esclerose no Rio de Janeiro.

A prática de exercícios passou a ajudar Chris dois anos depois do diagnóstico. Ela deixou para trás o sedentarismo, como ela mesmo salienta, e se alistou no serviço militar.

"Eu não fazia nada até os 26 anos. Tinha alguns surtos, mas a maioria não atrapalhava, não tinha tanta preocupação. Eu era anestesista antes de medicina do esporte. [A doença] começou a atrapalhar. Perdi a visão de um olho, depois do outro, depois o tato, a destreza. Aí, sim, caiu a ficha", contou Chris em entrevista ao Pedala.

No serviço militar, Chris teve a sua prova de fogo. De acordo com ela, no início, ela precisava de ajuda até mesmo para vestir a farda. "Fui melhorando aos poucos de tudo o que eu tinha", disse.

Chris Prado - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Médica Chris Prado convive com a esclerose múltipla desde 2006
Imagem: Acervo pessoal

O treinamento foi no Rio de Janeiro, sob um sol escaldante, por 45 dias. Chris, que corria 200 metros com dificuldades, passou a correr quase 2 quilômetros. "Eu sabia dos riscos, mas já estava ruim. Eu passei a ter uma sensação de estar mais viva, alegre, pró-ativa e optei por continuar", frisou.

A médica passou a participar de corridas de 5 quilômetros, até que iniciou um treinamento em grupo. Contagiada, migrou para os 30 quilômetros. O pulo para o triatlo aconteceu depois de uma lesão no quadril. Para não perder condicionamento físico, Chris passou a pedalar também. Em seguida, aprendeu a nadar para completar as provas.

Chris deixou de fazer triatlo em 2017, em meio à piora dos sintomas. Mesmo diante de uma situação em que não consegue correr, a médica partiu para o paraciclismo, inclusive na disputa de campeonatos. "O esporte me salvou. O surto que me fez parar de fazer triatlo foi retardado por causa do esporte. Começou com exercícios, deu suporte, ajudou a buscar orientação", ressaltou.

Além do paraciclismo e da medicina do exercício, Chris ainda faz lives [aqui o perfil dela no Instagram] ajudando pessoas que buscam refúgio no esporte. "A medicida do exercício trata do paciente por meio do esporte. É preventivo, recreativo. A gente que tem o conhecimento pode mostrar o caminho", disse.