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REPORTAGEM

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Como tentarei atravessar a Europa de bike em 28 dias, de Milão a Estocolmo

Eu ao lado da minha bicicleta antes de travessia Milão-Estocolmo, que começa nesta quarta-feira (1°) - Arquivo pessoal
Eu ao lado da minha bicicleta antes de travessia Milão-Estocolmo, que começa nesta quarta-feira (1°) Imagem: Arquivo pessoal

31/05/2022 21h07

Pedalar de Milão a Estocolmo, sem carona, com passagem por sete países em aproximadamente 2.300 km, entre montanhas, estradas de terra, rodovias, metrópoles, cidades médias, pequenas e vilarejos. Esse é o meu novo desafio, que começa nesta quarta-feira (1°).

Depois de uma espera de quase três anos, causada pela pandemia, voltarei a tirar uma cicloviagem do papel, tal como fiz em 2018 e 2019, na América do Sul e na Europa — a terceira seria em 2020, na Nova Zelândia, mas a jornada acabou adiada por tempo indeterminado. Neste tempo, pedalei 16.525 km em um ano e meio em entregas de comida pela cidade de São Paulo, onde sou ciclista há 21 anos.

Na travessia inaugural, há quatro anos, eu nunca tinha tido uma experiência na estrada. Saí de Rio Grande, no litoral gaúcho, e pedalei 1.939 km até Valparaíso, na costa chilena, conectando os oceanos Atlântico e Pacífico em 27 dias. Um ano depois, atravessei a Europa, de Barcelona até Amsterdã, em 2028 km em 29 dias.

Os trajetos têm similaridades e servirão de base para a nova tentativa. Eles são feitos em menos de um mês. A travessia Milão-Estocolmo acontecerá em 28 dias, com média diária de 82 km. Se tudo der certo, chegarei à capital sueca no dia 28 de junho, após ter passado por Itália, Suíça, Liechtenstein, Áustria, Alemanha, Dinamarca e Suécia.

Um dos grandes desafios é a altimetria. O ganho de elevação total será de 9.000 metros, com ápice na Suíça, durante a passagem pelos Alpes. O frio, embora o verão europeu esteja próximo, também pode se tornar um empecilho, sobretudo nas montanhas.

Eu criei minhas próprias regras para as travessias. Eu sempre durmo em barraca e encaro qualquer lugar: já dormi em postos de gasolina, pedágios, casas abandonadas, no meio do mato, à beira de rio e em quintais. Na Europa, a maior parte dos acampamentos acontece em campings.

Para isso, eu saio de casa com um planejamento bem detalhado, com 28 paradas, além de um plano b para cada uma delas. Todos os detalhes são definidos após o estudo do mapa na Internet. Eu também faço minha própria comida, com um fogareiro. Normalmente, como macarrão, carne (comprada horas antes do consumo), atum em lata, banana, ovos e pão. Qualquer lugar se torna viável para o almoço.

Eu uso a minha própria bicicleta. Para trazê-la a bike até a Europa, despacho por meio de uma caixa, com pagamento de 150 euros, como bagagem especial. Na bike, levo somente o fundamental: 15 peças de roupa, incluindo três pares de meia e três cuecas. É preciso, assim lavar a roupa a cada três dias —a barraca e bike servem de varal. O peso total é de aproximadamente 33 kg: 13 kg da bicicleta e 20 kg de bagagem.

A partir de hoje, farei uma espécie de diário aqui na coluna, com dois posts por semana, toda quarta e domingo. Estou também nas redes sociais: @diegosalgado7 no Twitter e @diegosalgadobike no Instagram.

Em tempo: terei o apoio da Porto durante a travessia. Isso ajudará a ter mais tranquilidade durante os próximos 28 dias. A cobertura será fundamental para uma viagem tranquila.