"Não largo São Paulo de jeito nenhum", diz Daniela Mercury
Daniela Mercury é um deslumbre só: “Eu estou com o coração em flor, de felicidade. Como uma criança que vai para o primeiro baile de Carnaval”, diz a cantora baiana. É que no próximo domingo (5), ela volta a São Paulo com seu bloco Pipoca da Rainha, para puxar uma multidão de fãs e foliões inconformados com o fim do Carnaval.
O desfile acontece na rua da Consolação, região central da cidade. A concentração começa às 16h, em frente à estação Paulista do metrô. Este é o segundo ano consecutivo que Daniela Mercury traz seu bloco às ruas de São Paulo -- no ano passado, no aniversário da capital, a baiana animou milhares de pessoas em trajeto pela avenida Rebouças e rua da Consolação. No domingo, a expectativa da produção do evento é que o público chegue a 50 mil pessoas.
“Eu sonhava muito em fazer um Carnaval em São Paulo. Morei na cidade, tenho casa nela, sou cidadã paulistana (título dado pela câmara de vereadores, em 2009), e aí eu sonhava em fazer isso”, confessa Daniela Mercury ao UOL. “Quando as pessoas começaram o movimento de ocupação do centro, cheguei a ter uma reunião com a secretaria de turismo, há três anos, para discutir um circuito na região. (O ex-prefeito) Fernando Haddad me liberou para fazer o aniversário da cidade, e neste ano eu queria continuar. Pedi ao (prefeito) João Doria ‘me dê o circuito; quero continuar a fazer’, e ele deixou. Não largo São Paulo de jeito nenhum."
A relação de amor entre Daniela e São Paulo, lembra a cantora, é histórica. “Com cada lugar do Brasil, tenho uma história; mas realmente por São Paulo eu tenho um afeto indescritível. A memória que tenho do show que fiz no vão do MASP é muito determinante; sempre quero rememorar”, conta a baiana, se referindo à apresentação que fez em 1992, na área externa no Museu de Arte de São Paulo, reunindo 20 mil pessoas.
Desta vez, a possibilidade de desfilar em trio-elétrico pela região central da cidade tem um valor ainda mais simbólico, segundo a cantora. “Pra mim, sair na Consolação tem uma papel significativo. O Carnaval tem que ter relação com os centros históricos da cidade. Carnaval é um evento associado ao espírito do cidadão”, diz ela, que se autointitula “uma novíssima baiana”, em referência à música “Sampa”, de Caetano Veloso.
A diversidade cultural de São Paulo também vai ser celebrada no Pipoca da Rainha. “Uma das músicas que vou cantar é ‘América do Amor’, que é uma referência à São Paulo como o centro do que chamamos de América Latina, e fala sobre acolhimento. É uma música muito política e vou cantá-la neste momento que Donald Trump está mandando todo mundo embora dos Estados Unidos.”
Acordo
O desfile do Pipoca da Rainha deste ano foi acordado entre a produtora Canto da Cidade e a gestão Doria. Eles decidiram o trajeto do trio (a princípio, a ideia era que o bloco saísse na avenida Rebouças, mas a via foi vetada para o Carnaval) e negociaram o pagamento da taxa de R$ 240 mil imposta pela prefeitura a blocos vindos de fora do estado. O valor do pagamento, no entanto, não foi divulgado pela produção do evento.
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