Linn da Quebrada pausa carreira por depressão; entenda como é tratamento

A equipe de Linn da Quebrada, 33, informou na terça-feira (23) que a cantora vai pausar sua carreira para tratar depressão. O anúncio foi feito em uma publicação no Instagram.

A nota diz que a cantora deve focar em restabelecer a saúde física e mental. O comunicado também ressalta que nem mesmo os shows marcados contarão com a presença de Linn.

Tem horas que é preciso parar e reconhecer que o caminho mais seguro é entender a dimensão do problema e compreender que uma doença como essa não pode ser negligenciada. Comunicado de Linn da Quebrada

A depressão é um transtorno mental multifatorial, ou seja, é causado por uma combinação de fatores, no caso genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. A doença apresenta gravidade, frequência, duração e sintomas distintos entre as pessoas.

O sintoma clássico da depressão é a tristeza prolongada, por isso é comum as pessoas dizerem que estão deprimidas quando, na verdade, estão tristes porque algo ruim aconteceu.

Como tratar?

Os sintomas da depressão variam e os tipos de tratamento também. Um médico pode determinar se a melhor resposta é uso de remédio, terapia ou ambos.

Após avaliação do paciente pelo psiquiatra, o tratamento é indicado de acordo com a gravidade dos sintomas e da presença, ou não, de outros transtornos mentais.

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Medicamentos: os mais indicados são os antidepressivos, que agem sobre alguns tipos de neurotransmissores (substâncias químicas que levam informação de um neurônio a outro). Existem diversas classes, com diferentes mecanismos de ação. Os tricíclicos (ou ADT, como amitriptilina, imipramina e clomipramina) e os inibidores da monoaminoxidase (ou IMAO, como tranilcipromina) são os mais antigos.

Em seguida, vieram os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ou ISRS, como fluoxetina, sertralina, paroxetina e escitalopram), os inibidores duais, que envolvem também a noradrenalina (como venlafaxina e duloxetina), a dopamina (bupropiona) ou a melatonina (agomelatina). Ainda há outras drogas, que envolvem mecanismos diferentes (como a mirtazapina) ou agem em vários receptores (como a vortioxetina e a vilazodona, mais novos e ainda pouco usados no Brasil).

Cada pessoa reage de uma forma, por isso não dá para dizer que um medicamento é melhor que o outro. Em geral, os antidepressivos levam de uma a quatro semanas para funcionar, e cerca de um terço dos pacientes não responde ao tratamento inicial. Por isso é importante que a pessoa seja acompanhada de perto nessa fase inicial.

Os efeitos colaterais dos antidepressivos podem incluir constipação, boca seca, problemas sexuais, ganho de peso, sonolência ou insônia, entre outros, que podem ser administrados com ajustes na dose, trocas ou associações. Dependendo dos sintomas ou do tipo de depressão, o psiquiatra ainda pode receitar outros medicamentos, como ansiolíticos (contra ansiedade), indutores do sono, antipsicóticos ou estabilizadores de humor.

Psicoterapia: pode ser realizada por psicólogo ou psiquiatra. Existem diversas modalidades disponíveis, como individuais, em grupo, familiar ou de casal, breves ou mais longas, dependendo das necessidades do paciente. Existem linhas diferentes de trabalho.

As terapias interpessoais ou psicodinâmicas tiveram origem na psicanálise e têm como objetivo estimular o indivíduo a tomar consciência e aprender a lidar com seus conflitos de forma mais adaptativa (ou saudável, digamos assim). A terapia cognitivo-comportamental é outra vertente e tem um aspecto mais prático, com exercícios que ajudam a reconhecer e mudar crenças distorcidas e comportamentos que alimentam o sofrimento.

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A combinação da psicoterapia e de medicamentos é a que traz melhores resultados na depressão. Assim como os medicamentos podem ajudar a pessoa a obter avanços importantes na psicoterapia, esta também pode resultar em uma melhora no caráter químico da depressão, já que pensamentos e emoções são mediados por neurotransmissores, em última instância.

Em casos mais leves de depressão, só a psicoterapia pode ser suficiente, especialmente se associada a mudanças na rotina, como um estilo de vida mais saudável.

Alternativas intervencionistas: quando usar?

Quando a depressão não responde aos medicamentos, apresentando-se resistente a três ou quatro deles, existem outras opções de tratamentos.

Eletroconvulsoterapia (ECT): apesar da reação que desperta nas pessoas que não têm familiaridade com o tema, é um procedimento seguro e eficaz. É realizado com sedação e presença de anestesiologista, além de enfermeiros e do próprio médico psiquiatra, com autorização do paciente. Os efeitos colaterais mais comuns são problemas de memória transitórios.

Neuromodulação: técnicas não invasivas, como a estimulação magnética transcraniana (EMT), podem auxiliar alguns indivíduos que não respondem ou não toleram os medicamentos. Outros métodos, como a estimulação por corrente contínua (ETCC) e a estimulação profunda (invasiva, que funciona como um "marcapasso" no cérebro), têm sido empregados em caráter experimental.

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Esses tratamentos não estão disponíveis pelo SUS (Sistema Único de Saúde), com exceção da ECT, que é feita em poucos centros no Brasil.

Além disso, essas tecnologias, apesar de comprovada eficácia de algumas, ainda têm dificuldade de serem incluídas no rol da ANS (Agência Nacional de Saúde).

Tratamentos complementares

Práticas como meditação, técnicas de relaxamento e respiração, mudanças nos hábitos alimentares, administração da rotina etc. podem trazer benefícios para o sono e outros sintomas da depressão, quando associadas à psicoterapia e aos remédios.

Fitoterápicos têm sido usados por muitos pacientes, mas é importante informar o médico ou psiquiatra, pois o princípio ativo pode causar interações medicamentosas. Muitos especialistas também indicam o uso de suplementos como vitamina D e ômega 3, que estão sendo estudadas por seu possível papel protetor.

Vale destacar a atividade física: vários estudos já demonstraram que os exercícios ajudam o corpo a liberar substâncias que promovem bem-estar. Uma revisão feita por pesquisadores da Universidade de Toronto, e publicada no periódico American Journal of Preventive Medicine, mostrou que eles ainda ajudam a evitar a depressão a longo prazo.

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Onde buscar ajuda?

Não tenha vergonha de pedir auxílio. O diagnóstico da depressão deve ser feito pelo psiquiatra, sempre que possível. Busque indicação de conhecidos, vá aos postos de saúde ou serviços de psiquiatria/psicologia das universidades de sua cidade.

Você pode verificar o registro do médico nos sites do CFM (Conselho Federal de Medicina) ou da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), que possuem listas com profissionais por cidade e estado.

O CVV (Centro de Valorização da Vida) dá apoio emocional gratuitamente e com total sigilo, por telefone, e-mail, chat, em todos os dias da semana, para quem está em desespero ou pensa em suicídio.

Se você identifica os sintomas da depressão em alguém, procure incentivar a pessoa a buscar auxílio psiquiátrico, ou até a marcar uma consulta para ela. Psicólogos, médicos de família e clínicos gerais também podem fazer avaliações e encaminhar pacientes para o tratamento psicológico ou psiquiátrico.

Procure ouvir, sem julgamentos, mostrar que está por perto, oferecer ajuda prática e buscar conselhos ou indicações de profissionais de saúde de quem já enfrentou a depressão.

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* Com informações de reportagens publicadas em 27/04/2023 e 04/11/2022

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