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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Qual remédio tomar para dor de cabeça e outras formas de aliviar o problema

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Cristina Almeida

Colaboração para VivaBem

09/08/2021 04h00

Dor de cabeça é todo incômodo localizado na região craniana, ou seja, na testa, têmporas, e até na parte de trás do crânio. Qualquer sensação dolorosa nessa parte do seu corpo é definida pelos médicos como cefaleia.

Na maioria das vezes, a sensação dolorosa tem intensidade leve a moderada, abrange toda a cabeça, conferindo-lhe uma sensação de peso ou pressão.

Importante destacar que a dor de cabeça não é uma doença, mas um sintoma que pode estar associado a várias causas, e até a alguma enfermidade mais grave. Caso ela se repita com frequência, recomenda-se uma avaliação médica.

Outro tipo comum de dor de cabeça é a enxaqueca. Com sintomas diferentes, na maioria das vezes, ela necessita de avaliação médica mais cuidadosa e tratamento específico.

Quais remédios tomar para dor de cabeça?

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O conselho dos especialistas é evitar consumir remédios sem orientação de um profissional da saúde. Essa medida reduz o risco de usar medicamentos de forma incorreta, utilizar doses maiores do que as indicadas na bula ou provocar reações adversas. Portanto, antes de comprar um remédio para a dor de cabeça, converse com seu médico ou com o farmacêutico.

Para aliviar a maioria das cefaleias que aparecem vez por outra, geralmente são utilizados os AINEs (Anti-inflamatórios Não Esteroidais), classe que inclui os seguintes medicamentos:

  • Ácido acetilsalicílico - há contraindicação na gravidez, gastrite ou úlcera do estômago e suspeita de dengue ou catapora;
  • Paracetamol - ele não deve ser usado junto a outros medicamentos que contenham paracetamol, com álcool, ou em caso de doença grave do fígado;
  • Ibuprofeno - evite esse medicamento nos casos de úlcera, gastrite, doença dos rins ou se você já teve reação alérgica a anti-inflamatórios;
  • Dipirona - ela é contraindicada durante a gravidez e em crianças com idade inferior a três meses de idade.

    O farmacêutico Marcelo Polacow, vice-presidente do CRF-SP, adverte que, embora todos esses medicamentos sejam bem conhecidos e de uso comum, eles podem promover eventos adversos importantes, como alergias.

    "Além disso, o uso de dosagens acima das recomendadas pode causar problemas de saúde muito sérios, e o farmacêutico deve realizar a orientação quanto à posologia, ou seja, a quantidade indicada do medicamento, bem como o tempo entre as doses", conclui.

    Contraindicações absolutas

    O uso de medicamentos não deve ser feito caso estejam presentes as seguintes condições:

    • Idade menor que 7 anos
    • Gravidez
    • Amamentação
    • Dor mais forte do que o normal
    • Dor desencadeada por esforço ou exercício físico
    • Estado de consciência alterado
    • Rigidez na nuca
    • Sensibilidade à luz
    • Vômitos
    • Presença ou piora da dor há vários dias ou semanas.

    A dor não passa: posso tomar o remédio por quanto tempo?

    "Se os problemas persistirem, procure um médico". Você já leu, viu ou ouviu essa orientação inúmeras vezes nas embalagens ou comerciais de remédios. Os especialistas sugerem que esses medicamentos para dor de cabeça não sejam usados por mais de 3 dias, a não ser que haja específica orientação médica para isso.

    Evite ignorar todo sintoma que persiste no tempo. Se a dor de cabeça não passa, mesmo após seguir as orientações do profissional da saúde e tomar o medicamento, é preciso investigar a origem do problema, para receber tratamento adequado.

    No caso da dor de cabeça, sugere-se que você procure o médico se, após 3 dias não houver melhora, ainda que eles não sejam seguidos mas ocorram ao longo de 1 mês. A orientação é da SBCefaleia (Sociedade Brasileira de Cefaleia).

    Saiba que esses remédios para dor de cabeça são eficazes e seguros no controle do incômodo apenas por curto período de tempo. O uso contínuo da medicação, sem esses cuidados, pode ter como consequência o aumento da frequência do sintoma.

    O que fazer em casa para aliviar a dor de cabeça?

    Antes de partir para a automedicação, pergunte-se o que poderia estar relacionado ao sintoma. Muitas vezes a origem da dor de cabeça é o estresse, a privação do sono, a falta de hidratação e mesmo o consumo de algum tipo de alimento.

    Nesses casos, você pode adotar as seguintes medidas:

    • Coloque em prática técnicas de relaxamento, como meditação;
    • Invista em atividade física;
    • Hidrate-se adequadamente;
    • Informe-se sobre medidas de higiene do sono para dormir melhor;
    • Evite os fatores desencadeantes identificados (claridade, consumir alimentos com cafeína, gordura, açúcar etc.) ;
    • Considere submeter-se a sessões de acupuntura.

    Cuidados com a automedicação

    Pessoa tomando remédio, pílula - iStock - iStock
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    Embora a própria OMS (Organização Mundial da Saúde) admita a automedicação, ela adverte que tal prática deve ser responsável. Isso significa "tratar seus próprios sintomas e males menores com medicamentos aprovados, disponíveis sem a prescrição médica e que são seguros quando usados segundo as instruções".

    Para afastar o perigo de fazer autodiagnósticos errados, ou usar fármacos inadequados —o que adiaria uma consulta médica para avaliação de quadros mais graves—, essa prática deve ser dar sob a orientação e supervisão de um farmacêutico de sua confiança, por exemplo.

    Este profissional da saúde está autorizado —por lei— a ajudá-lo em todos esses cuidados, cabendo a ele todas as ações capazes de promover, proteger ou recuperar o seu bem-estar, atuando também na prevenção de doenças e de outras situações, o que inclui a prescrição e orientação do uso de medicamentos isentos de prescrição, conhecidos como MIPs.

    Esses medicamentos são aprovados pelas autoridades sanitárias para prevenir, aliviar ou tratar sinais e sintomas de condições de saúde não graves. Considerados seguros e eficazes —quando utilizados de forma adequada—, são isentos de prescrição médica.

    Embora essas medicações sejam de venda livre, elas requerem atenção. Afinal, como todos os outros tipos de fármacos, podem causar danos à saúde. Essa é a razão pela qual devem ser utilizadas com os mesmos cuidados conferidos aos remédios que exijam receita médica.

    Posso usar fitoterápicos?

    Muitos produtos derivados de plantas são também isentos de prescrição. No entanto, o fato de serem naturais não significa que não apresentem riscos.

    A ordem é estar atento às formas de uso, à quantidade a ser ingerida, além de possíveis interações com medicamentos que você já toma.

    Além disso, é preciso lembrar que quando os fitoterápicos são usados inadequadamente podem ter efeitos tóxicos. A explicação é da farmacêutica Luciene Alves Moreira Marques, professora do curso de farmácia da Unifal-MG.

    Dadas as suas ações anti-inflamatórias e analgésicas, as plantas tradicionalmente usadas para as dores de cabeça são o alecrim, o gengibre e o salgueiro.

    "Se a cefaleia é do tipo tensional, cuja origem é estresse ou a ansiedade, a camomila, o mulungu, a laranja amarga, a passiflora e a melissa podem ser úteis. A maioria delas já é industrializada na forma de fitoterápico, mas também podem ser usadas in natura", acrescenta a especialista.

    Cuidados com idosos, crianças e gestantes

    Nesses grupos há maior risco de eventos adversos. Entre os idosos, a preocupação se dá pelo fato de o processo natural do envelhecimento modificar a forma como os fármacos são metabolizados no organismo.

    Além disso, é preciso ter cuidado com o uso de vários remédios ao mesmo tempo (polifarmácia), o que poderia ser prejudicial, seja pelas possíveis interações entre eles, seja pelas contraindicações.

    Quanto às grávidas e crianças, a maior cuidado decorre do fato de não existirem estudos de segurança para essas populações, o que aumenta as chances de ocorrerem eventos adversos.

    Como o farmacêutico pode ajudar

    O farmacêutico Divaldo Lyra Júnior, coordenador do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social da UFS, relata que a maioria das pessoas já chega nas farmácias sabendo o que vai usar e nem sabe que poderia obter informações importantes sobre sua saúde e a segurança do uso de determinado medicamento.

    Ele afirma que uma breve conversa com o farmacêutico pode esclarecer dúvidas, o que também é uma oportunidade para o profissional levantar informações importantes sobre a dor de cabeça naquele indivíduo, como a presença ou não de antecedentes familiares, gravidez, idade, intensidade e tempo da dor, presença de rigidez ou sensibilidade na nuca, náuseas e vômitos, comorbidades ou uso de determinados medicamentos.

    "A depender desses dados, o farmacêutico poderá concluir que o uso de um MIP é contraindicado, ou em nada resolveria a queixa, e até mesmo poderia agravá-la. Nessas situações, o dever dele é encaminhar a pessoa para um médico", completa Lyra Júnior.

    Cuidados que você deve ter ao usar um medicamento

    Quanto mais você se educa sobre a sua saúde, menos riscos você corre. Antes de usar MIPs ou qualquer outro tipo de medicação, esteja atento às medidas que se seguem:

    • Verifique se o medicamento pode alterar a ação dos medicamentos que você usa diariamente;
    • Observe a validade do medicamento indicado no cartucho. Lembre-se: após a abertura, alguns fármacos têm tempo de validade menor, o que também é influenciado pela forma como você o armazena;
    • Leia atentamente a bula ou as instruções de consumo do medicamento;
    • Ingira o comprimido inteiro. Evite esmagá-los ou cortá-los ao meio --eles podem ferir sua boca ou garganta;
    • Respeite o limite da dosagem indicada;
    • Escolha um local protegido da luz e da umidade para armazenamento. Cozinhas e banheiros não são a melhor opção. A temperatura ambiente deve estar entre 15°C e 30°C;
    • Guarde seus remédios em compartimentos altos e, de preferência trancados com chave. A ideia é dificultar o acesso às crianças;
    • Procure saber quais locais próximos da sua casa aceitam o descarte de remédios. Algumas farmácias e indústrias farmacêuticas já têm projetos de coleta;
    • Evite descarte no lixo caseiro ou no vaso sanitário. Frascos vazios de vidro e plástico, bem como caixas e cartelas vazias podem ir para a reciclagem comum.

    Notifique a ocorrência de eventos adversos à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ao comunicar a reação após o uso de algum MIP você colabora para a avaliação de segurança desses medicamentos.

    Esse relato pode ser feito pelo site VigiMed:
    https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/fiscalizacao-e-monitoramento/notificacoes/vigimed.

    O Ministério da Saúde mantém uma cartilha (em pdf) para o Uso Racional de Medicamentos, mas você pode complementar a leitura com a Cartilha do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos - Fiocruz) (em pdf) ou do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (também em pdf). Quanto mais você se educa em saúde, menos riscos você corre.

    Fontes: Marcelo Polacow, farmacêutico, mestre e doutor em farmacologia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e vice-presidente do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia em São Paulo); Luciene Alves Moreira Marques, farmacêutica com mestrado em farmacologia pela Unicamp, doutorado em psicobiologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e professora do curso de farmácia da Unifal-MG (Universidade Federal de Alfenas); Divaldo Lyra Júnior, com mestrado e doutorado em farmácia, é coordenador do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social da UFS (Universidade Federal de Sergipe). Revisão técnica: Marcelo Polacow e Luciene Alves Moreira Marques.

    Referências: Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); OMS (Organização Mundial da Saúde); Medicamentos Isentos de Prescrição - Projeto Farmácia Estabelecimento de Saúde, Fasc. II, Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo/Organização Pan-Americana da Saúde, Org. Marcelo Polacow, 2010.