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OPINIÃO

Atitude de Dalai Lama não é brincadeira e banaliza abuso infantil; entenda

Colaboração para Universa, em São Paulo

11/04/2023 16h20

O Sem Filtro de hoje (11) abordou a recente polêmica envolvendo Dalai Lama, que pediu para que um menino "chupasse sua língua". O vídeo gravado no final de fevereiro viralizou no mundo inteiro e o líder espiritual chegou a pedir desculpas pelo Twitter, mas reforçou que é um homem "brincalhão".

No vídeo, um menino com idade entre 10 e 12 anos pede um abraço para o líder espiritual e, após a equipe de Dalai Lama reforçar que a atitude não passou de brincadeira, a sexóloga forense Mariana Silva Ferreira, especialista em violência sexual, reforçou que esse tipo de comportamento acaba banalizando o abuso infantil.

"Esse tipo de justificativa é muito frequente no contexto da violência sexual contra criança, as quais estão em fase única de desenvolvimento, sendo incapazes por si só de diferenciar um toque natural relacionado ao afeto de um toque abusivo", disse para Universa.

A jornalista Semayat Oliveira também conversou com Camila Generoso, psicóloga especialista em atendimento infantojuvenil, e durante o programa falou sobre a posição de autoridade que o abusador muitas vezes ocupado em situações de abuso sexual.

Quando a criança se vê diante de uma pessoa que ela admira, respeita, e vê como alguém que está acima dela, ela não tem o poder e nem a capacidade de dizer não. Ela também não vai se ver como vítima e vai sentir culpa se disser não. Se tiver coragem de dizer não vai se sentir culpada por isso e é como se não fosse autorizado que essa criança negasse algo. Semayat Oliveira

Semayat também questionou a justificativa dada por Dalai Lama, perguntando se todas as pessoas poderiam brincar dessa forma com crianças.

Não é uma brincadeira e a gente não pode aceitar esse tipo de justificativa, muito menos vindo de uma liderança religiosa. Devemos ensinar as crianças que o corpo é delas e não pode ser invadido. Semayat Oliveira

Cris Fibe: 'Abuso de fé assemelha Dalai Lama, João de Deus e outros líderes espirituais'

Ainda durante o Sem Filtro, a jornalista Cris Fibe fez uma comparação entre a atitude de Dalai Lama e os abusos sexuais cometidos por João de Deus no Brasil. Para ela, há muitas semelhanças nos dois casos, principalmente o abuso da fé de fiéis.

Nesse abuso da fé tem a semelhança entre João de Deus, Dalai Lama e tantos outros líderes espirituais que centralizam em si, na figura de si e do homem, a figura de Deus. Cris Fibe

Ela também destacou que muitas vezes essas figuras religiosas se sentem impunes e acima do bem e do mal e, por isso, acabam cometendo abusos e excessos. "A violência sexual é um crime de poder, não é um crime de prazer. Quanto mais poderoso e impune o homem se sentir, mais riscos os fiéis têm de sofrer uma violência", finalizou.

Assista ao Sem Filtro

Quando: às terças e sextas-feiras, às 14h.

Onde assistir: no YouTube de Universa, no Facebook de Universa e no Canal UOL.

Veja a íntegra do programa: