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Luana veta vídeo de filhos no 'BBB': quais os riscos da exposição infantil?

Luana Piovani disse que não iria expor os filhos no "BBB" - Reprodução / SIC
Luana Piovani disse que não iria expor os filhos no "BBB" Imagem: Reprodução / SIC

Ana Bardella

De Universa

14/02/2022 16h18

No último domingo (13), o público do 'BBB22' teve uma surpresa ao notar que os filhos de Pedro Scooby — Dom, de 9 anos e Bem e Liz, gêmeos de 5 anos — não apareceram no tradicional vídeo do anjo. No reality, quem ganha a prova do anjo tem direito a assistir a uma mensagem gravada por familiares e amigos.

Mais tarde, a atriz e apresentadora Luana Piovani, ex-mulher do surfista e mãe das crianças, explicou a ausência dos três: "Não vai ter a imagem dos meus filhos no negócio do anjo porque a autorização era praticamente vitalícia, para mais umas cinco vidas. E [continha] utilização de imagem mesmo se o Pedro saísse", justificou.

"Eu nunca me submeti a grandes empresas, não vou agora submeter os meus filhos. Estou fazendo o meu papel maravilhoso de mãe", comentou, irônica.

No confinamento, analisando o possível motivo pelo qual as crianças não apareceram, Pedro disse: "Uma coisa pode ter acontecido — que é uma coisa que ela sabe que eu apoio. A Luana pode ter falado: 'Não vou deixar as crianças expostas para milhões de pessoas'", mostrando que há um consenso entre a família.

Pelo Instagram, Luana recebeu apoio de grande parte dos seus seguidores. Conversamos com especialistas para falar sobre os limites da exposição infantil e por que é preciso levar os riscos que isso traz em consideração.

Antes de postar, pais devem fazer o exercício de se colocar no lugar dos filhos

Claudio Brites, psicólogo clínico e professor-supervisor do curso de psicologia da Unicid (Universidade Cidade de São Paulo), orienta os pais a fazerem um exercício de empatia antes de postarem qualquer conteúdo sobre seus filhos. "É algo que raramente vemos alguém fazer: colocar-se no papel inverso e imaginar se estaria tudo bem se alguém filmasse ou fotografasse a cena que estão para colocar nas redes sociais", indica.

Além disso, é preciso ter em mente que a leitura feita dentro de casa nem sempre é a mesma que as pessoas ao redor vão fazer. "Algo que, na cabeça dos pais, é fofo, que despertaria a admiração das pessoas, nem sempre vai ser recebido assim pela rede social, já que, uma vez postada a foto, não há mais controle sobre ela", alerta.

Bom senso e atenção redobrada

Ainda que a cena de uma criança de fralda, tomando banho, trocando de roupa ou simplesmente brincando em uma praia ou piscina seja comum para a família, a indicação da advogada Josefina Serra Santos é ter senso crítico e evitar que esse material seja publicado nas redes sociais.

Na sua visão, a pedofilia é um tema que desperta repulsa por grande parte da sociedade, mas precisa ser debatido. "Há grupos que buscam por esse tipo de material na internet a fim de comercializá-lo — as imagens podem ser manipuladas e até vendidas sem que os responsáveis saibam do que está acontecendo. É preciso estar atento e não arriscar", opina.

Registros demais podem deixar as crianças estressadas

Segundo Brites, pais que pedem constantemente para os filhos fazerem poses ou performances para fotos os vídeos podem deixar as crianças ansiosas e estressadas.

"Se os mais velhos têm uma expectativa que a criança ganhe seguidores ou curtidas e isso não acontece, por exemplo, ela pode passar a questionar sobre sua autoimagem, se é interessante o suficiente. Trata-se de uma fase de formação e, na maioria das vezes, elas não estão prontas para lidar com a frustração e muito menos com possíveis haters que podem surgir", avisa.

Por isso, o psicólogo ressalta a importância de chegar a um consenso sobre o que pode ser postado e deixar as pessoas próximas, que terão contato com a criança, avisadas sobre isso.

"Não gostei de uma foto que postaram do meu filho. O que fazer?"

Se alguém da própria família ou da escola que a criança frequenta quiser publicar uma imagem dela, deve pedir autorização para os pais. Caso isso não aconteça e eles sejam pegos de surpresa, a recomendação de Santos é procurar o responsável e pedir que o material seja removido — ou então denunciar direto à plataforma.

"Caso a remoção não aconteça, existem outras formas de assegurar os direitos do menor de idade, seja registrando um boletim de ocorrência e pedindo uma liminar ao juiz a fim de remover a imagem ou gravação das redes sociais, seja processando a pessoa em esfera civil", explica a advogada.