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'Na cara': Scooby diz ter batido no filho. Especialistas condenam ato

BBB 22: Pedro Scooby conversa com brothers na cozinha - Reprodução/Globoplay
BBB 22: Pedro Scooby conversa com brothers na cozinha Imagem: Reprodução/Globoplay

Nathália Geraldo

De Universa

02/02/2022 13h47

Numa conversa sobre paternidade com Douglas Silva dentro do BBB, o surfista Pedro Scooby falou sobre um episódio em que seu filho mais velho, Dom, de 9 anos, apanhou dele depois de ter dado uma "resposta atravessada". Scooby disse que bateu no rosto do menino, que inclusive teria ficado com o lábio inchado depois da atitude. "Fui falar uma parada e ele me respondeu. Ele estava aqui assim [ao lado], minha mão só fez assim, na cara dele", relatou o brother.

"Irmão, o beiço já ficou igual do Patolino. Nunca mais ele me respondeu na vida. Dor no coração porque bati nele, mas foi reação na hora". Scooby é pai de Dom, e dos gêmeos Bem e Liz, de 5 anos, frutos de seu relacionamento com a atriz Luana Piovani.

Para a psicopedagoga e a educadora parental ouvidas por Universa, bater na criança para educar não é defensável em nenhum contexto. E, mais do que isso: gera insegurança emocional nos pequenos e possível perda de confiança nos cuidadores. Entenda.

Bater para educar, como fez Scooby, é válido?

Para a educadora parental e pedagoga Maya Eigenmann, situações como a que Scooby comentou, em que a violência é o escape para reagir ao mau comportamento dos filhos, não são educativas em nenhum contexto.

"A criança é um ser humano em desenvolvimento, tem comportamentos inadequados justamente por causa da idade. Por que castigaríamos alguém por isso?", defende. "É como se estivéssemos diante de uma pessoa com menos habilidades emocionais e a tratássemos pior por ser assim".

Usar a violência como resposta, analisa, pode gerar dificuldades emocionais futuras na vida de quem apanhou. E, para ela, a tese de que "quando podia bater, era melhor" já teve seu tempo expirado.

"Somos uma geração de pessoas machucadas, temos que perceber que bater como solução é um problema transgeracional. E só é assim porque ainda vivemos em uma sociedade hierárquica, que coloca as pessoas em posição superior; o homem acha que é superior à mulher, o branco, ao preto, e os pais, aos filhos".

A psicóloga e psicopedagoga Camila Generoso aponta que entre os impactos psicológicos da criança está a perda de confiança nos cuidadores. "Dentro da psicanálise, analisamos que a violência é uma ameaça, e ameaça não combina com confiança, que é o que a criança precisa para ter desenvolvimento emocional saudável".

Os prejuízos, diz, podem silenciar as emoções do pequeno e até possibilidades de ele confiar no adulto para contar outras coisas da própria vida. "Por fim, pode ficar com medo, de apanhar novamente, de ser repreendido".

Qual é o caminho para educar?

Para as especialistas ouvidas por Universa não há, de fato, fórmulas prontas para educar os menores. Maya orienta, entretanto, que os adultos estejam atentos, primeiramente, às emoções das crianças e, depois, analisem o comportamento de "resposta atravessada" ou de "malcriação" que ela apresentar.

"O adulto pode dizer: 'Será que eu falei algo que você não gostou? Entendo que ficou chateado, mas precisamos falar de forma respeitosa entre a gente. Vamos falar sobre isso?'".

Camila explica que, se o tapa ou outro tipo de agressão acontecer na frente de outro adulto, é indicado que a criança seja acolhida por ele. "A criança pode chorar ou ficar quieta ou mesmo perguntar por que apanhou. Mas, se houver alguém para defendê-la e acolhê-la é sempre uma melhor saída. Assim, ela sente que ainda pode confiar em outro adulto".