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Bisneto da rainha nasce no banheiro de casa; parto domiciliar é arriscado?

Zara Tindall é neta de Elizabeth 2ª e teve seu terceiro parto em casa, de emergência - Getty Images
Zara Tindall é neta de Elizabeth 2ª e teve seu terceiro parto em casa, de emergência Imagem: Getty Images

Mariana Gonzalez

De Universa, em São Paulo

26/03/2021 14h01

Seja por vontade de parir em um ambiente mais acolhedor ou, mas recentemente, por medo da pandemia, cada vez mais as mulheres têm optado pelo parto domiciliar. Nesta semana, Zara Tindall, neta da rainha Elizabeth, deu à luz no banheiro de casa, mas por uma situação de emergência — quando as contrações começaram, o marido dela só teve tempo de levá-la até o banheiro, pegar algumas toalhas e ligar para a parteira.

Em casos de gravidez saudável, sem intercorrências e sem que a gestante tenha comorbidades, o parto domiciliar — seja planejado ou emergencial — não apresenta riscos para nem para a mãe, nem para o bebê. Quem explica isso é a doula e psicóloga clínica Raquel Jandozza.

"Quem faz o parto é a mulher. O corpo é perfeitamente capaz de trazer o bebê ao mundo. Mas a equipe de assistência é importante para garantir que mãe e bebê recebam todos os cuidados necessários durante o parto e nos momentos seguintes".

Com a ajuda de Raquel, respondemos a dúvidas que podem surgir sobre parto em casa, seja de emergência ou planejado.

Parir em casa oferece riscos para a mãe ou para o bebê?

Não. Quando a mulher tem acompanhamento médico, não tem comorbidades, a gestação é saudável e o bebê está se desenvolvendo bem, não oferece riscos. Raquel afirma: "O corpo da mulher sozinho tem todas as ferramentas para trazer o bebê ao mundo".

Como saber se é possível chegar ao hospital?

O corpo dá sinais de que está chegando a hora do parto: contrações e uma dor forte na região do útero são alguns deles. Quando a mulher sente essa dor junto com uma vontade forte e instintiva de empurrar, é porque a cabeça do bebê já está no canal vaginal, pronta para nascer — neste caso, pode não dar tempo de chegar ao hospital. Raquel explica que, no caso de Zara, que teve seu terceiro filho, é possível que tudo tenha ocorrido mais rápido porque o corpo já se acostumou com todo o processo do parto.

"Durante o trabalho de parto, a mulher sente contrações ritmadas, que são responsáveis pela retração do músculo uterino. Por ser o terceiro parto da Zara, é provável que ela estivesse tolerante à dor e que o corpo tenha dilatado mais rapidamente, por isso, só percebeu que estava em trabalho de parto muito perto do nascimento", afirma.

O que fazer quando o parto acontece em casa?

Em caso de emergência, quando parir em casa não está nos planos mas não é possível chegar ao hospital, a orientação é chamar o serviço de emergência, composto por profissionais treinados para conduzir o parto com segurança e dar assistência à mãe e ao bebê. Mas, se não der tempo, é importante ter algumas informações em mente:

  • Assim que o bebê nascer, ele precisa ser aquecido, e a melhor forma de fazer isso é colocando ele no colo da mãe e cobrir os dois com toalhas ou lençóis. Ele deve ficar ali até a chegada da equipe de emergência.
  • É importante que mãe e bebê permaneçam no lugar mais limpo possível, como a cama. Se o parto acontecer no chão, por exemplo, é importante remover os dois dali o quanto antes, para evitar contato com bactérias.
  • Não tentar puxar o cordão umbilical -- fazer isso pode deixar resquícios de placenta no corpo da mulher e causar complicações. O cordão tem comprimento suficiente para que o bebê fique no colo da mãe e continue conectado à placenta até a chegada dos profissionais.

E o que fazer após o nascimento?

"Quando a gestante é saudável e a gravidez não tem complicações, muito provavelmente mãe e bebê ficarão muito bem depois do parto em casa, mesmo de emergência. Mas o ideal é que eles recebam atendimento o quanto antes", explica Raquel.

Ela reforça: "É importante encaminhar os dois para um hospital".

Como funciona o parto domiciliar planejado?

Quando a mulher faz a opção pelo trabalho de parto em casa, em geral, vai ser atendida por duas parteiras: uma para assisti-la, outra para assistir o bebê. Na hora que ela entra em trabalho de parto, a equipe é acionada e vai até a casa munida de equipamentos e medicações que podem ser necessários caso alguma coisa não ocorra bem — oxigênio, medicamentos para hemorragia, entre outros.

Não é recomendado que ela tenha o trabalho de parto sozinha, só com o companheiro ou companheira. É aconselhável que, havendo esse desejo, uma equipe seja formada e esteja preparada para prestar essa assistência.

Qual é a diferença entre entre doula, parteira e obstetra?

A doula não faz o parto, mas acompanha a mãe durante parte da gestação, o parto e o pós-parto para dar conforto e assistência. A parteira e a profissional mais indicada para fazer um parto normal, em casa, explica Raquel — ela pode ser uma enfermeira obstétrica ou uma obstetriz. "A doula é treinada para ajudar no parto apenas de forma emergencial, mas a profissional mais indicada é a parteira", diz.

No caso de um parto normal mas com uso de fórceps, ou de uma cesárea, que deve ocorrer no hospital, o profissional indicado é o obstetra.