Herdeira da Gucci acusa ex-padrasto de abuso sexual, diz jornal

No processo, ela também alega que além de saber dos abusos, a mãe ajudava a prepará-la para os avanços de Ruffalo, permitia que ele a filmasse nua no banho, e a agredia regularmente. A ação afirma ainda que mãe e avó a ameaçaram para que ela permanecesse em silêncio.

'Escândalo que poderia manchar Gucci'

De acordo com o processo, quando Alexandra tinha cerca de 16 anos, sua avó perguntou se seu padrasto a estava molestando. Quando ela confirmou que sim, sua avó disse-lhe para manter "segredo e não contar a ninguém sobre as agressões".

Alexandra disse ainda que o padrasto "a encorajou a usar drogas", reconhecendo o uso de cocaína e metanfetamina. O trabalho com terapeutas num centro de reabilitação a ajudou a aceitar o que havia acontecido com ela, disse.

De acordo com o processo, os acusados "tentaram evitar, a todo custo, o que eles perceberam ser um escândalo que poderia manchar o nome Gucci e potencialmente custar-lhes milhões".

Em conversa com o jornal, Alexandra disse que duas coisas foram fundamentais para que ela decidisse seguir em frente com o processo, apesar de mais de uma década ter se passado: o nascimento de seu filho e descobrir que o ex-padrasto era voluntário em um hospital infantil em Los Angeles, o que a defesa dele diz não ser verdadeiro.

Ela contou que quando levantou pela primeira vez a possibilidade de ir a público falar sobre a história, aos 20 anos, a reação de sua mãe foi no sentido de "vergonha para a família, escândalo".

Ela se lembrou da mãe dizendo coisas como: "'Você será julgada, será interrogada. Você não conseguirá um bom emprego, haverá estigma. Isso manchará nossa reputação. Ah, e você estava drogada, então ninguém acreditaria em você."

"Eu não me importo. Eu só quero parar com isso. Ela pode me chamar do que quiser. Só não quero que isso aconteça com ninguém, como meu filho ou qualquer criança", argumentou.

Ela acrescentou que quando disse à mãe e à avó que seguiria em frente com as acusações e entraria com um processo, elas a ameaçaram de ser expulsa da família, dizendo que ela seria deserdada e que ninguém jamais falaria com ela novamente.

Alexandra crê que qualquer dinheiro que possa receber se vencer no julgamento será menor do que o que ela poderia herdar se ficasse calada sobre o caso. Segundo ela, outras receitas além dos custos dos advogados irão para uma fundação que ela está desenvolvendo para acabar com o abuso sexual infantil.

Citados negam acusações

Em uma declaração enviada por e-mail ao The New York Times, Patricia Gucci afirmou lamentar "profundamente" a dor que o ex-marido causou a Alexandra e disse ter ficado "arrasada" quando ela revelou os abusos no consultório do médico da família em Londres, em setembro de 2007.

Segundo ela, ao tomar conhecimento de tudo, "imediatamente" iniciou o processo de divórcio. "Estou igualmente arrasada com as acusações contra mim e sua avó, que são completamente falsas", declarou.

O advogado de Ruffalo informou que o cliente não foi notificado do caso e que, portanto, não tem conhecimento de todas as alegações. "Aquilo de que foi informado, ele nega veementemente e categoricamente. Quando casado com a mãe de Alexandra, o senhor Ruffalo e sua esposa estavam muito preocupados com o bem-estar mental de Alexandra e tomaram medidas para lidar com sua instabilidade. Aparentemente, seus esforços falharam", disse.