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Vítima da covid-19, mãe espera 73 dias após o parto para segurar o filho

 Maryane da Rocha Santos deixa o hospital com o filho recém-nascido nos braços - Divulgação/Hospital Geral Dr. César Cals
Maryane da Rocha Santos deixa o hospital com o filho recém-nascido nos braços Imagem: Divulgação/Hospital Geral Dr. César Cals

De Universa, em São Paulo

30/07/2020 16h06

Maryane da Rocha Santos, 31, teve de esperar 73 dias — quase dois meses e meio — para poder segurar nos braços, pela primeira vez, seu filho recém-nascido, José Bernardo. O bebê nasceu no dia 8 de maio no Hospital Geral Dr. César Cals, da rede pública em Fortaleza, considerado prematuro extremo, e só recebeu alta no dia 21 de julho.

De acordo com informações do hospital, a mãe foi diagnosticada com covid-19 na 28ª semana de gestação e foi internada com um quadro de saúde delicado. Chegou a ter uma parada cardiorrespiratória e ficou em coma induzido.

A solução encontrada pela equipe clínica foi realizar a cesariana na própria UTI para tentar salvar o bebê, que nasceu com 1,359 kg e 40 centímetros.

"Nunca vou esquecer. Eu peguei logo na minha barriga e perguntei pelo meu filho", lembra Maryane, que só acordou do coma após dez dias.

"É como se eu tivesse tido ele agora"

Recuperada da cirurgia e das complicações pela infecção do coronavírus, Maryane voltou para casa em 22 de maio, deixando o filho internado.

José Bernardo foi tratado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal e na Unidade de Médio Risco do hospital.

"Por conta da distância dos pais, a gente cria mais laços. Procuramos transferir para os bebês esse cuidado", disse a pediatra Willzni Sales Rios, que acompanhou a criança desde a entrada na UTI.

Como as visitas foram suspensas por causa da pandemia, a família teve acesso ao estado clínico do bebê por imagens, vídeos e informações repassadas pelo hospital.

No dia da alta, sob aplausos de toda a equipe, Maryane e José Bernardo retornaram para casa juntos na semana passada. Um momento especial para todos que torceram pela recuperação de ambos.

"Estive com ele desde quando chegou à UTI. Eu passava as informações diariamente. É bom estar aqui hoje", lembra a enfermeira Ana Maria Maia de Mesquita.

"Quando eu soube que ele já podia ir para casa, eu saí pulando de felicidade. É como se eu tivesse tido ele agora. Não tem como descrever. É Deus", comemorou Maryane.