Topo

Scanner corporal do aeroporto vê por baixo da roupa? Veja o que ele revela

Paul Prescott/Getty Images
Imagem: Paul Prescott/Getty Images

Julia Moióli

Colaboração para Tilt, de São Paulo

08/08/2023 04h00Atualizada em 09/08/2023 09h01

Fique tranquilo: a resposta é não. Hoje em dia, quando você entra na máquina, levanta os braços e posiciona os pés nas marcas do chão, o que aparece na tela da segurança do aeroporto é basicamente uma representação gráfica do corpo humano, ou seja, um avatar.

Mas nem sempre foi assim: as primeiras versões dos scanners corporais de aeroportos não eram nada discretas. Isso mudou, mas, ainda assim, esses equipamentos são capazes de revelar o que você leva debaixo da roupa.

Jefferson Barbosa, consultor da empresa InAVSEC, explica que peso, altura e dimensões corporais exatas não são determinadas pelos scanners atuais.

Além disso, nenhuma imagem fica gravada ou pode ser poder ser impressa ou transmitida.

Com base na reprodução da genética do corpo, o aparelho destaca o que há de diferente e suspeito na silhueta para investigar armas, drogas e outros produtos ilícitos. Jefferson Barbosa, consultor

Como a máquina funciona

Os modelos mais modernos de scanners corporais funcionam com ondas milimétricas, que refletem na pele do passageiro. Quando retornam ao aparelho, o software cria uma imagem e passa a interpretá-la em busca de volumes sobressalentes, que "não pertencem" ao corpo. Caso encontre, o sistema soa um alerta.

É por isso que objetos dentro do corpo do passageiro, como absorventes íntimos, geralmente não são vistos.

Se os funcionários do aeroporto considerarem necessário, o passageiro pode ter que passar por uma revista manual. Caso suspeite que alguém tenha engolido drogas, a Polícia Federal brasileira pode levar o passageiro a um hospital e utilizar um scanner especial que, sim, enxerga a parte interna do corpo.

No Brasil, essas máquinas, que estão em aeroportos como Guarulhos (São Paulo) e Galeão (Rio de Janeiro), flagram geralmente objetos de metal, como armas. Em outros países, porém, há aparelhos que identificam outros itens colados ao corpo, como pequenas bolsas para guardar dinheiro.

Os equipamentos mais modernos conseguem ainda encontrar traços de explosivos por meio de um jato de ar que mostra partículas impregnadas na roupa ou no corpo.

Nem sempre foi assim. As primeiras versões do scanner corporal de aeroporto, criados entre a década de 1990 e o início dos anos 2000, utilizavam uma tecnologia conhecida como retroespalhamento. Ao detectar a radiação refletida da pessoa, ela revelava detalhes do corpo do passageiro. Com isso, eram muito mais invasivas.

A tecnologia que substitui o detalhamento do corpo humano por um avatar foi desenvolvida como resposta às preocupações de grupos norte-americanos de direitos civis, que lutavam por maior respeito à privacidade dos passageiros.

Outras etapas de segurança

Além dos scanners corporais, é comum que os aeroportos contem ainda com detectores de metal. São os famosos portais que apitam na presença de objetos como moedas, cintos e chaves.

Mas não só. Eles podem soar o alarme, ainda que o indivíduo não carregue esses itens.

"Esses aparelhos têm uma contagem baseada no nível de risco do aeroporto e na porcentagem de passageiros que devem ser inspecionados", afirma o especialista em segurança aeroportuária e gestão de crises em atividades complexas, Marcus Almeida.

"Isso é determinado por uma análise de risco feita pela Polícia Federal e apenas cumprida pela autoridade do aeroporto, que decide apenas o tipo de inspeção a ser feita: na bagagem, na pessoa ou em ambos", diz Almeida, também CEO da empresa de segurança MGS.

Se os scanners de corpo não revelam suas intimidades, o especialista alerta que os de bagagem não são tão contidos assim e mostram tudo o que você carrega. "E a Anac tem uma determinação para que, em um ou dois anos, 100% de todas as bagagens sejam inspecionadas, independentemente de serem [oriundas de voos] domésticos e internacionais."

E faz mal para a saúde?

Especialistas da área garantem que passageiros não têm o que temer. A energia emitida por essa tecnologia seria, inclusive, a milésima parte da liberada por um aparelho de telefone celular.

"O risco de efeitos na saúde causados por sistemas de raios-X e máquinas de ondas milimétricas é muito, muito baixo", afirma a Agência de Proteção Ambiental dos EUA em seu site.

Para mais vídeos com notícias, dicas e curiosidades de tecnologia e de ciência, siga @tilt_uol no TikTok.