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Não precisa despachar? Novo scanner irá permitir levar líquidos em aviões

Bebida alcoólica no avião; bebida a bordo em voo - Divulgação
Bebida alcoólica no avião; bebida a bordo em voo Imagem: Divulgação

Felipe Mendes

Colaboração para Tilt, em São Paulo

15/05/2022 04h00

Certamente você conhece alguém que se esqueceu de despachar e precisou descartar um perfume que estava na bagagem de mão no aeroporto — ou quem sabe já ocorreu até mesmo com você. A resolução da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) aponta que são proibidos os recipientes acima de 100 ml contendo líquidos, aerossóis e géis.

Mas uma nova tecnologia promete acabar com isso. Desde outubro do ano passado, o aeroporto de Shannon, na Irlanda, tem utilizado um sistema de tomografia computadorizada, capaz de fazer uma varredura de última geração e identificar potenciais explosivos.

Esse foi o primeiro aeroporto do mundo a implementar a tecnologia, de fato, mas não é o único e até mesmo alguns testes já foram realizados.

Por que não pode?

A proibição deste tipo de embalagem se deu após um ataque terrorista frustrado no Reino Unido, em que bombas caseiras utilizando explosivos líquidos seriam fabricados em pleno voo. Antes disso, em 1976, duas bombas explodiram a bordo de uma aeronave da Cubana Aviación, causando 73 mortes, e as investigações apontaram que os explosivos haviam sido colocados em tubos de pasta de dentes.

Com a tecnologia da tomografia computadorizada, seria possível identificar quando um líquido é explosivo. Assim, perfumes, pasta de dentes, cremes e aerossóis voltariam a ser transportados em bagagens de mão.

De acordo com a Administração para Segurança e Transportes dos Estados Unidos (TSA, na sigla em inglês), a tecnologia atua como uma espécie de varredura de raios-X de ponto de verificação para aprimorar os recursos de detecção de ameaças nas bagagens.

A TSA anunciou um investimento de US$ 781,2 milhões (R$ 4,01 bilhões na cotação atual) na compra de equipamentos para realizar a varredura. Além de analisar possíveis ataques terroristas, os scanners também tornarão a passagem pela segurança do aeroporto muito mais rápida e eficiente.

Os Estados Unidos compraram cerca de 1.000 sistemas de tomografia computadorizada e devem implantar o sistema em todos os aeroportos em alguns meses.

Como funciona a tecnologia

Estes equipamentos atuam de forma muito parecida com os tomógrafos — as máquinas usadas na área médica para fazer tomografia em pacientes. O diferencial é que os scanners dos aeroportos utilizam algoritmos sofisticados, que são capazes de detectar armas, explosivos ou outros itens proibidos em bagagens de mão.

Segundo a TSA, a nova tecnologia cria uma imagem 3D que possibilita aos seguranças dos aeroportos visualizarem todos os itens dos passageiros. É possível, inclusive, girar 360 graus a visualização dos objetos para verificar detalhes — algo bem parecido com o que ocorre na análise das bagagens despachadas. Se tudo der certo, a abertura de notebooks também não será mais necessária.

"Assim como a tecnologia de tomografia computadorizada usada para bagagem despachada, as máquinas criam uma imagem tão clara do conteúdo de uma mala que os computadores podem detectar automaticamente explosivos, incluindo líquidos", afirma a TSA.

Contudo, a agência norte americana explicou que "se uma bolsa exigir mais triagem, os oficiais a inspecionarão para garantir que não haja itens proibidos dentro dela".

Antes mesmo de ser implantada no aeroporto de Shannon, os scanners de tomografia computadorizada foram testados em alguns aeroportos pelo mundo como Heathrow, em Londres, JFK, em Nova York, e o Schiphol de Amsterdã.

Atualmente, os detectores raios-x que analisam as bagagens de mão nos aeroportos trazem aos seguranças uma visualização em 2D dos conteúdos que estão dentro das bagagens.

Tilt entrou em contato com a ANAC para verificar se existe alguma previsão de implantação da tomografia computadorizada em aeoroportos brasileiros, mas não obteve retorno até a data de publicação deste texto.