Óculos de realidade virtual do PS5 é caro, mas leva game para outro patamar
Uma das grandes novidades para games neste ano é a segunda geração do headset de realidade virtual (RV) do PlayStation, lançado em fevereiro. A imersão é o ponto alto da experiência. O PS VR 2 está bem mais avançado do que seu antecessor, de 2016.
Para usar basta ser conectado ao PS 5 (só funciona com ele), sem a necessidade de cabos adicionais ou, ainda, de outros aparelhos. Após testá-lo senti que a tecnologia levou o jogo a outro patamar.
O que assusta é o investimento alto que a pessoa terá que fazer, principalmente quem não tem o console.
Só o "óculos capacete" custa R$ 4.499,90, valor praticamente idêntico ao de um PlayStation 5. Ou seja: para experimentar tudo que o PS VR 2 oferece, algumas pessoas precisarão gastar cerca de R$ 9 mil - sem considerar a compra dos jogos compatíveis.
Realidade virtual evoluiu, e isso é ótimo
Nos meados da última década, a realidade virtual prometia revolucionar diversos segmentos do entretenimento audiovisual, especialmente os games. Ela até fez uma fumaça, mas passou longe de vingar como uma opção massificada. As limitações envolviam:
- Alto investimento.
- Exigência de um PC de ponta, no caso dos modelos destinados a computadores.
- No caso dos consoles, a única opção foi o PlayStation VR, de 2016. A sua instalação era complicada e dependia de outros periféricos, além da exigência de ter um espaço grande para jogar.
- Existiam pouquíssimos games feitos para realidade virtual que poderiam ser considerados imperdíveis.
2023 chegou com a promessa de um dispositivo mais avançado, com potencial de atrair mais jogadores. Comparando o PS VR 2 com seu antecessor, suas principais novidades são:
- Lentes Oled com resolução maior, de 2.000 x 2.040 por olho (no anterior era 960 x 1.080).
- Separação das lentes ajustável.
- Campo de visão maior, de aproximadamente 110º.
- Câmeras integradas. Com isso dispensa o uso de câmera externa para rastrear movimentos.
- Capacidade de rastrear os movimentos dos olhos.
- Sistema de vibração no headset.
- Conexão por cabo USB-C diretamente no console, sem a necessidade de uma unidade de processamento adicional. Ele serve para carregar as duas manoplas que acompanham o "capacete" e servem como controles.
Durante o teste senti que é muito mais prático usar o PS VR 2, tanto na hora de conectá-lo ao videogame quanto em seu uso em si.
A resolução maior faz diferença, especialmente em games que se apoiam em gráficos realistas, como o novo Horizon Call of the Mountain. O mesmo vale para a detecção de movimentos de cabeça, olhos e mãos, extremamente naturais e precisos.
Outro ganho são as manoplas de controle, cuja disposição de comandos emula um controle convencional de PS5. É uma solução muito melhor do que os bastões PS Move usados na geração anterior do headset.
O processo de configuração, porém, é um pouco demorado. É algo inerente à tecnologia, já que é necessário ajustar parâmetros que vão da posição correta do aparelho na cabeça do usuário, qual será a área de jogo - o que evita que você derrube objetos pela casa -, o foco das lentes e em qual posição você irá jogar (em pé ou sentado).
E dividir sessões de jogo com outras pessoas não é tão prático quanto simplesmente passar o controle, já que diversos ajustes são do tipo "pessoais e intransferíveis".
Experiência em diferentes jogos
De nada adiantaria avanços técnicos se não houvessem jogos que permitissem aproveitar essas melhorias. Segundo a PlayStation, até o final de março serão 40 games disponíveis para o periférico, o que pode tornar a compra do periférico mais atrativa para algumas pessoas.
Inicialmente, Tilt teve a oportunidade de testar alguns jogos. Horizon Call of the Mountain é ótimo tanto pelo visual de tirar o fôlego quanto pelo uso das funcionalidades do PS VR 2.
Ambientado no universo da franquia pós-apocalíptica de Horizon Zero Dawn, os jogadores no novo game de ação encaram situações que envolvem escaladas e confrontos com as máquinas que dominaram o mundo. Subir escarpas envolve movimentar os braços de forma a segurar em pequenas beiradas e, sem exageros, pode deixar as pessoas mais sensíveis a altura um tanto inseguras, mesmo que elas estejam sentadas no sofá da sala.
O combate também funciona muito bem e, uma vez que já haja familiaridade com os comandos, todas as ações se tornam fluidas e naturais, sem exigir que os jogadores parem e pensem nos comandos. Para um game de ação que, por natureza, envolve situações mais complexas, é uma qualidade e tanto.
Outro game testado foi Gran Turismo 7, que saiu no início do ano passado, mas agora ganhou suporte do novo acessório do PlayStation 5. A experiência de pilotar centenas de carros por circuitos (reais e fictícios) é fantástica.
Todo o interior dos veículos é reproduzido de maneira que você se sente realmente no comando dos carros. Isso inclui uma excelente sensação de velocidade, melhor controle da distância em relação aos competidores e uma imersão sem precedentes nos jogos da série.
Essa sensação é tamanha que, dependendo o circuito, você sente um frio na barriga em descidas mais íngremes e até batidas tendem a causar um certo desconforto. Foi uma experiência única.
Moss é digno de nota e de fofura. É um jogo de plataforma com quebra-cabeças que mostra que, mesmo com usos mais simples, a realidade virtual pode garantir uma nova experiência em gêneros clássicos de jogos. Nele, você controla um ratinho e enxerga o cenário como se fosse um diorama.
Há poucos comandos gestuais e a maioria das ações envolve o uso do PS VR 2, mostrando que o novo controle dá conta em um uso mais, digamos, tradicional.
Também foram testados Jurassic World Aftermath Collection, que coloca você numa aventura numa ilha repleta de dinossauros com gráficos cartunescos; Kayak VR: Mirage, que permite aos jogadores remarem por locais paradisíacos; e Star Wars: Contos dos Limites da Galáxia - Edição Aumentada, game inspirado na franquia multimídia homônima.
Durante as partidas, porém, confesso que experimentei uma sensação de cansaço visual após cerca de uma hora de jogo. Pode ser apenas uma questão de se acostumar, mas a impressão que fica é que jogar com o PS VR 2 cansa mais do que fazer isso de maneira mais tradicional - e, convenhamos, isso tende a valer para qualquer óculos de realidade virtual.
Vale a pena?
O nível de imersão que o acessório proporciona, juntamente com o alto nível tecnológico e seus controles precisos representam um avanço enorme. Quem tiver condições e disposição para gastar terá acesso à melhor experiência disponível com essa tecnologia até o momento.
O grande porém é o preço. É compreensível que a Sony tenha recheado seu acessório de tecnologia e funcionalidades e queira cobrar por isso, mas é inevitável considerar que isso faz com que o produto fique extremamente distante de qualquer definição de bom custo-benefício.
A tendência é que o PS VR 2 continue sendo uma tecnologia de nicho.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.