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Como as pirâmides do Egito foram alinhadas? Cientista acredita ter resposta

Pirâmides de Gizé, no Egito - Getty Images/iStockphoto
Pirâmides de Gizé, no Egito Imagem: Getty Images/iStockphoto

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt, em São Paulo

08/04/2022 10h54

Por séculos, as Pirâmides de Gizé, no Egito, intrigam cientistas. Um dos maiores mistérios envolve o alinhamento quase perfeito de três grandes estruturas: Quéops (a maior delas com 138 metros de altura), Quéfren e Miquerinos.

Os quatro lados da base quadrada são retos e astronomicamente orientadas para cada um dos pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste), com uma pequena margem de erro, de menos de um grau, segundo o arqueólogo e engenheiro Glen Dash. As informações são do site Science Alert.

"As três pirâmides exibem o mesmo tipo de erro; elas são giradas levemente no sentido anti-horário a partir dos pontos cardeais", afirmou Dash sobre informações que observou a partir de um estudo realizado há alguns anos. Os resultados foram publicados na revista The Journal of Ancient Egyptian Architecture.

Hipóteses sobre como elas foram alinhadas existem há tempos. Uma delas, sugere que os construtores tenham usado a posição da estrela Polar ou da sombra do Sol. Isso nunca foi esclarecido.

Dash, então, propôs uma ideia mais simples para um problema complexo: os egípcios podem ter usado o equinócio de outono como guia cerca de 4.500 anos atrás.

piramides - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, em Gizé, no Egito
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Alinhamento solar

Equinócios acontecem duas vezes por ano (de outono e de primavera), e são os únicos momentos em que o Sol está perfeitamente alinhado com o plano do Equador aqui na Terra. A luz solar incide igualmente entre os dois hemisférios. Nestas ocasiões, dia e noite têm exatamente a mesma duração.

Medições de equinócio não eram consideradas como um possível método de alinhamento, pois acreditava-se que não forneceriam precisão suficiente. Mas o trabalho de Dash indica que há uma maneira de funcionar: usando uma haste conhecida como gnômon, que gera uma sombra usada para orientação.

Basicamente, um relógio de Sol. Uma tecnologia antiga que depende apenas de um dia limpo e ensolarado.

Como ele chegou a isso?

Para confirmar a hipótese, o arqueólogo/engenheiro fez seu próprio experimento, no equinócio de outono de 2016 (no dia 22 de setembro, no hemisfério Norte), em Connecticut, Estados Unidos.

Ele monitorou a sombra do gnômon em intervalos regulares, marcando pontos que geraram uma espécie de gráfico de curva. No final do dia, com um barbante esticado entre dois pontos da curva, ele criou uma linha reta, quase perfeita, de leste a oeste. Este também é conhecido como "método do círculo indiano".

O experimento também mostrou que o grau de erro é ligeiramente anti-horário —semelhante à pequena imprecisão encontrada no alinhamento das três grandes pirâmides de Gizé, e também na Pirâmide Vermelha, em Dahshur.

O estudo de Dash mostra que a técnica pode, então, ter sido usada para alinhar as pirâmides. Contudo, ainda não temos evidências sólidas de que tenha sido realmente o caso —e, provavelmente, nunca teremos certeza.

"Infelizmente, os egípcios nos deixaram poucas pistas. Não foram encontrados documentos de engenharia ou planos arquitetônicos com explicações técnicas que demonstrem como os antigos egípcios alinharam qualquer um de seus templos ou pirâmides", escreveu o pesquisador.