Cíntia Chagas diz temer pela vida após denunciar ex, Lucas Bove: 'Tem arma'
Cíntia Chagas confessou que vive com medo após se divorciar do ex-marido, o deputado estadual Lucas Bove (PL-SP), e denunciá-lo por violência doméstica.
O que aconteceu
A professora e influenciadora confessou que teme pela sua vida. "Por tudo que vivi com ele e pela forma como ele conduziu nossa relação. Ele tem uma arma e, conforme ele mesmo falou, perderia apenas o sonho dele na política caso as pessoas soubessem o que ele fez comigo. Já eu perderia tudo. Não sei exatamente o que é esse 'tudo', mas tenho medo da intempestividade dele. Desde que o B.O. vazou, ando em carro blindado, acompanhada por seguranças", disse, em entrevista concedida a Marie Claire.
Ela, que afirma ter sofrido diversos tipos de abusos de Bove, contou qual teria sido o estopim que a fez decidir pelo divórcio. "O que fez com que a relação acabasse foi o fato de ele ter me expulsado de um casamento ao qual fomos em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Eu não quis parar meu jantar para fazer uma fotografia com ele [e com Michelle e Jair Bolsonaro]. Depois ele quis que eu voltasse, eu recusei, e ele veio correndo, tentando achar o carro na rodovia".
"Quando ele chegou à nossa casa, em São Paulo, em um intervalo mínimo de tempo, ele quis que eu voltasse com ele para Ribeirão Preto. Falei que não. Ele disse que eu havia feito ele passar uma grande vergonha, então veio para me dar um soco e falou: 'Você só não apanha porque você tem 6 milhões de seguidores. Se não, eu estaria te chutando no chão agora'. Foi quando acabou para mim. Como se não bastasse, ele ainda me expulsou de um apartamento que era nosso", completou.
Cíntia alega que era comum o ex-marido expulsá-la de locais. "Especialmente no carro. Já aconteceu de ele me mandar descer no meio da rua, eu me recusar, ele puxar minha orelha com a mão direita e gritar aqui dentro [aponta para o ouvido]... Continuando, ele jogou uma garrafa d'água em mim, bateu cinza de cigarro em uma bolsa, falou que se eu ficasse no apartamento eu não conseguiria dormir e ameaçou queimar minhas roupas. Se eu continuasse com ele, o risco era virar mais uma vítima de feminicídio, então saí de casa".
A professora também contou que foi ferida com uma faca. "Estávamos à mesa jantando e brigamos. Não lembro o motivo, nunca ficamos mais do que quatro dias sem uma briga. Devo ter dado uma má resposta, levantei-me e fui até a geladeira. Da mesa, ele arremessou a faca na minha direção, bateu na minha perna e comecei a sangrar. Eu disse: 'Olha o que você fez. Isso é violência, é agressão'. E ele respondeu: 'Que bonitinha. Você vai me denunciar na Lei Maria da Penha, vai? Eu sou um deputado, meu amor. Acabo com você na hora em que eu quiser. Você será a louca. Experimente me enfrentar'".
Cíntia explicou por que não o denunciou antes. "Disse para mim mesma que ele não era assim, que ele era aquele príncipe que conheci. O que estava acontecendo era só porque ele saiu de si. Damos justificativas para absolutamente tudo, o tempo todo, e nos tornamos permissivas com essas violências, assim como no filme. As pessoas questionam por que eu fiquei com ele por mais de dois anos. É como se fosse uma droga. Queria que ele voltasse a ser aquele homem que se ajoelhou na minha frente, e tentava me convencer e convencer meus amigos e minha família - os poucos que sabiam - de que o que eu vivia era uma fase".
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 180 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — a Central de Atendimento à Mulher, que funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008.
A denúncia também pode ser feita pelo Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e a página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.
Caso esteja se sentindo em risco, a vítima pode solicitar uma medida protetiva de urgência.
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