Botafogo não suporta desgaste sobre-humano e, como previsto, é eliminado
Você poderá dizer que enlouqueci, mas eu considerava que vencer o frágil Pachuca seria mais difícil que a eventual decisão contra o poderoso Real Madrid.
Porque por mais vontade que o Botafogo tivesse o desgaste físico pós-maratona final na Libertadores e no Brasileirão era sobre-humano, somado ao voo de 14 horas e ao fuso horário no Qatar.
Sem Marlon Freitas, Savarino e Almada, poupados inicialmente, ficaria ainda mais difícil vencer os mexicanos.
Se passassem pela prova inicial em circunstâncias tão desfavoráveis contra um time que desde sexta-feira está em Doha, encarar o mais forte time egípcio Al-Ahly, no sábado, com o fuso mais em dia, e tendo 48 horas para se recuperar, seria ainda muito complicado, mas mais possível.
E o começo do jogo com o Pachuca justificou os temores, porque o Glorioso se ressentia das ausências e revelava dificuldade de entrosamento com meio de campo jogando junto pela primeira vez.
Assim mesmo, embora com o alvinegro fustigado pelos mexicanos em arremates de fora da área, Luiz Henrique incomodava a defesa e parecia não sentir cansaço nem físico nem mental.
A partir de meia hora de jogo, porém, os brasileiros passaram a se sentir mais confortáveis em campo.
O primeiro tempo terminou sem gols e sem maiores emoções, mas com o lado bom da resistência botafoguense e já uma certa imposição.
Restava saber como suportar mais 45 minutos, embora com a possibilidade da entrada dos três titulares cujas ausências faziam tanta falta.
O Botafogo chegava ao intervalo de seu 75º jogo no ano, um a cada quatro dias e meio.
E voltou dele sem trocas.
No 50° minuto, o marroquino, nascido na Holanda, Idrisi fez uma festa na área botafoguense, deixou Adryelson e Barboza no chão, e fez 1 a 0, para obrigar Artur Jorge a botar Júnior Santos, Almada e Marlon nos lugares de Igor Jesus, Eduardo e Allan, aos 55.
Um minuto antes, o Botafogo acertou seu primeiro chute entre as traves, com Cuiabano, para ótima defesa do goleiro.
Como contra o Palmeiras, em São Paulo, como contra o Atlético Mineiro, em Buenos Aires, e como contra o Inter, em Porto Alegre, os cariocas teriam de se superar mais uma vez, missão para Super-Homens.
O Botafogo era eliminado no Estádio 974, o dos contêiners, embora o time precisasse era mesmo de dormitórios
Tanto que, em bobeada coletiva, aos 65, de Almada e de John, o colombiano Deossa fez 2 a 0.
Savarino já estava no lugar de Matheus Martins e Tiquinho entrou no de Mateo Ponte.
O óbvio acontecia e restava apenas pegar o avião de volta para mais 14 horas de sofrimento e entrar nas mais merecidas férias de um time do Botafogo na história.
Virar as costas para o torneio Intercontinental era sim uma afronta, mas o que deveria ter sido feito.
Porque o mundo não vai querer saber das condições da derrota, registrará apenas mais um fracasso do futebol brasileiro, o que o elenco campeão da Libertadores não merecia.
Aos 70, em contra-ataque, Rondón ampliou, 3 a 0, com o Botafogo aberto e indefeso.
Acabava a série invicta de oito jogos dos alvinegros e os mexicanos viviam sua segunda vitória em nove.
Jogassem dez vezes, com ambos os times em condições iguais, descansados, o Botafogo venceria oito, empataria uma e perderia uma, de pena.
Em Doha, ao contrário, o Botafogo pedia para o jogo acabar sem levar a goleada por quatro gols.
O assoprador holandês de apito foi compreensivo e deu apenas três minutos de acréscimos.
Por enquanto, só o Santos de Pelé foi campeão do Brasil, da América do Sul e do Mundo. E duas vezes seguidas em 1962 e 1963.
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