'Me odeiam por ser quem sou', diz Miss SP sobre ataque racista após prêmio
Milla Vieira, que foi eleita Miss Universe São Paulo no último dia 25, foi alvo de ataques racistas nas redes sociais. Depois da divulgação do resultado do discurso, comentários ofensivos foram feitos sobre ela.
No início, o sentimento foi de choque. Acho que ninguém está preparado para milhares de pessoas, de repente, começarem a te xingar e a te difamar. Ir ao seu perfil falar que você não teve mérito de ganhar algo sem ter assistido, sem conhecer a pontuação.
Milla Vieira, a Splash
A modelo afirmou que essa foi a primeira vez que sofreu ataques em grande proporção. Esse foi o segundo concurso de beleza de que ela participou —o primeiro foi em 2014. "Não sei se é porque a internet ainda não estava tão forte como hoje em dia", completou.
Eram 20 jurados e eu ganhei por unanimidade. Mesmo assim, eu tenho de provar, porque algumas pessoas simplesmente me odeiam por eu ser quem eu sou. Não sei, não tem justificativa. Agora é um combustível, eu não vou me calar. Só vai me fazer mais forte para chegar ao Miss Universe Brasil.
Milla Vieira, a Splash
Milla está emocionada com o apoio que recebeu nos últimos dias. "Atrás de tanto ódio ainda existem pessoas com muito amor, que não me conhecem e estão me defendendo. Estão ali me passando carinho, palavras de apoio, amor, acolhimento. Isso é muito especial."
A modelo afirmou que fez boletim de ocorrência e já apresentou prints à polícia. "Nós estamos tomando as providências cabíveis para que isso não acabe aqui, para que os responsáveis sejam punidos por tudo o que estão fazendo, não só de maneira criminal, mas também de maneira cível. Pela difamação e a tentativa de atrapalhar os meus trabalhos."
Quem é Milla Vieira
Representante de São Bernardo do Campo. Milla Vieira tem 33 anos, nasceu em São Paulo e é a mais nova de quatro irmãos: Angela, Angelica e Adriano. Aos 11 anos, ela ajudava os pais vendendo cocada.
Começou em concursos em 2014. Naquele ano, ela foi eleita para representar o Brasil no Miss Supranational na Polônia. Como modelo internacional, ela morou na África do Sul, Espanha, Estados Unidos, México, Uruguai e Itália. Ela fala inglês e espanhol fluentemente.
Quinta mulher negra a ser Miss São Paulo em 68 edições. Antes dela, Karen Porfírio (2017), Sabrina Paiva (2016), Sílvia Novais (2009) e Joyce Aguiar (2001) foram coroadas. Agora, ela vai representar o estado no concurso nacional.
Namora um agente imobiliário americano. Ela e Shawn Gett estão em um relacionamento, mas são discretos. Nas redes sociais, ela já compartilhou algumas fotos com o amado.
Notas de repúdio
A organização do Miss Universe Brasil e Miss Universe São Paulo publicaram uma nota de repúdio nas redes sociais, contra os ataques racistas.
Estou ciente sobre o assédio e bullying cometidos contra a Miss Universe São Paulo, Milla Vieira, através de comentários racistas que podem ser enquadrados na Lei 7.716/89.
Gerson Antonelli, presidente do Miss Universe Brasil
Por que tanto incômodo? Por que tanto ódio? Internet não é terra sem leis, e os responsáveis serão SIM penalizados. Aqui a 'cultura do hate' não se perpetuará.
Milla Vieira, nas redes sociais
131 comentários
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.
Alexandre Begalli Neto
Nada a ver. A questão é que essa pessoa não era a mais bonita entre as concorrentes, ou será que agora temos cotas também nesse campo?
Marcelo Badra
Hoje em dia tem muito mimimi, ninguém odeia essa moça mesmo porque provavelmente ninguém a conhecesse antes do concurso. Ela pode ser bonita e simpática, mas está bem longe de ser uma miss. Do jeito que as coisas andam, daqui a pouco darão a primeira colocação de um concurso Fitness para uma gorda e falarão que obesidade é saudável. Essa ideologia que estão querendo enfiar goela abaixo de nós já está insuportável. E se não aguenta a pressão não se expõe.
Antonino Caroccia
Precisamos parar de normalizar a obrigatoriedade de aceitação. Respeito é obrigatório, aceitação nunca será! As pessoas precisam ter o direito a ter suas próprias preferências. Não tem absolutamente NADA de racismo em discordar do resultado. Sou solidário a questões sociais, mas existem certos aspectos que a militância passa do ponto "forçando resultados" apenas para empoderar e mostrar representatividade. Não fosse ela ser quem é, jamais teria sido eleita, porque é praticamente um consenso que haviam candidatas com um padrão mais atraente. Sim! Existem padrões! E o padrão não é uma imposição, é uma série de características de simetria e de aparência jovial e saudável que fazem uma pessoa atraente. Isso é comprovado cientificamente. Traços delicados, pela aveludada, sem marcas ou cicatrizes, corpos atléticos, tudo isso transmite a sensação de jovialidade, disposição e saúde. Não adianta forçar a situação.