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Chef do Morro da Babilônia, no Rio, ensina 3 docinhos com casca de banana

Regina Tchelly, fundadora do projeto Favela Orgânica, ensina bolo, brigadeiro e pé de moleque - Marcio Amaro/UOL
Regina Tchelly, fundadora do projeto Favela Orgânica, ensina bolo, brigadeiro e pé de moleque
Imagem: Marcio Amaro/UOL

Gabrielli Menezes

De Nossa

27/10/2021 04h00

Regina Tchelly

Regina Tchelly

QUEM É

A paraibana que mora no Rio há 20 anos percebeu, como doméstica, como era comum o desperdício na cidade. A fim de mudar esse cenário, ela aprendeu sozinha a usar os alimentos na íntegra e criou o bem-sucedido Favela Orgânica.

É transformando partes improváveis dos alimentos em pratos saborosos que Regina Tchelly, de 40 anos, tornou-se referência no combate à fome e ao desperdício. Há 10 anos, a chef paraibana moradora do Morro da Babilônia, no Rio, faz história à frente do projeto Favela Orgânica.

Com Nossa, ela compartilhou três receitas práticas, baratas e nutritivas: o bolo cremoso, o brigadeiro e o pé de moleque. Todos os docinhos usam como base a casca da banana. Ficou surpreso?

Casca de banana: pé de moleque - Regina Tchelly - Regina Tchelly
Casca de banana no pé de moleque
Imagem: Regina Tchelly

Segundo Regina, o seu trabalho não se trata de reaproveitar e sim de aproveitar integralmente. Afinal, a casca da banana também é alimento, apesar de ser tratada como um lixo por uma questão de hábito.

"As políticas públicas e as grandes indústrias promovem uma cultura oposta ao aproveitamento porque querem que as pessoas só comprem e comprem".

Para uma banana chegar na nossa casa é preciso dois anos entre a plantação e a colheita. Precisamos valorizar cada ingrediente".

Clique nas imagens abaixo e confira as receitas completas:

Brigadeiro de casca de banana

Dificuldade Fácil
10 min
Ver receita completa

Bolo pudim de café com casca de banana

Dificuldade Fácil
50 min
Ver receita completa

Pé de moleque de casca de banana

Dificuldade Fácil
Ver receita completa

Mais vida no Morro da Babilônia

Natural de Serraria, no interior da Paraíba, Regina se mudou para a cidade maravilhosa em 2001 para trabalhar como doméstica. A quantidade de alimentos sendo desperdiçados chamou a sua atenção por todos os lugares, das feiras livres a sua própria comunidade, o Morro da Babilônia, no Leme.

Na Paraíba, a cultura é usar o máximo que a gente puder".

Regina Tchelly, do Favela Orgânica - Marcio Amaro / UOL - Marcio Amaro / UOL
Regina começou projeto com 140 reais em 2011
Imagem: Marcio Amaro / UOL

Autodidata, ela começou a recuperar com os feirantes o que iria para o lixo e a inventar receitas em casa. "Sempre quis ser uma cozinheira famosa, daquelas que se preocupam com o ciclo todo da comida".

Dito e feito. A oportunidade para mostrar os pratos preparados com talos, sementes e cascas e realizar um trabalho comunitário aconteceu em 2011, quando a Agência de Redes para a Juventude foi à favela angariar jovens e adultos que gostariam de desenvolver projetos de impacto positivo.

"Fui selecionada e desenvolvi o Favela Orgânica para democratizar a comida de verdade, ensinando da plantação à compostagem". A banca avaliadora, porém, não escolheu Regina como a campeã.

Recebi o meu melhor "não". Perdi o prêmio de 10 mil reais, mas comecei o projeto dentro da minha própria casa com 140 reais de uma vaquinha".

Regina Tchelly é fundadora do projeto Favela Orgânica - Marcio Amaro/UOL - Marcio Amaro/UOL
Regina: com o Favela Orgãnica, morro no Rio tem hortas e nutricionista
Imagem: Marcio Amaro/UOL

Ao promover o conhecimento simples e útil sobre alimentação, Regina conquistou prêmios nacionais e apresentou programas na TV. Entre seus feitos estão a criação de hortas em canteiros, a disponibilização do serviço de nutricionista e o livro de receitas ao ar livre pintado nos muros da Babilônia.

Na pandemia, ela lançou o "cesta básica educativa", com 33 receitas escritas e 30 vídeos com dicas para multiplicar os alimentos que estão dentro da cesta. "Faço porque eu amo e porque estamos no mundo para colaborar com o planeta e as pessoas".

É um crime o Brasil, que exporta alimento, voltar ou ter estado um dia no mapa da fome. A comida está mal distribuída".

Casca de banana: bolo - Regina Tchelly - Regina Tchelly
Regina com o bolo de café e banana com casca
Imagem: Regina Tchelly

Para quem quiser fazer parte dessa revolução em prol do acesso à alimentação saudável, ela dá a dica:

"Comece colocando as sementes do tomate num vasinho de planta. Vá aguando e deixe exposto ao sol. Em dois ou três meses você comerá o seu tomate. E assim terá se conectado com o ciclo do alimento".

Outra opção saborosa é voltar lá no topo da matéria e tirar print das receitas para fazer na próxima vez que comer banana.